quarta-feira, julho 26, 2006

Em defesa do povo palestiniano

O último capítulo do conflito entre Israel e Palestina começou quando as tropas israelitas colheram [as vidas] de dois civis, um médico e seu irmão, em Gaza. Um incidente escassamente relatado, excepto na imprensa turca. No dia seguinte, os palestinianos tomaram como prisioneiro um soldado israelita – e propuseram negociar uma troca com prisioneiros tomados pelos israelitas: há aproximadamente 10.000 em prisões israelitas.
Que este sequestro seja considerado um ultraje, enquanto a ocupação militar ilegal da Cisjordânia e a apropriação sistemática dos seus recursos naturais – principalmente, a água – pelas Forças de Defesa (!) israelitas seja considerado como um facto lamentável mas real, é típico do duplo barómetro empregado repetidamente pelo Ocidente quanto ao que acontece aos palestinianos nos territórios que lhes foram atribuídos por acordos internacionais durante os últimos 70 anos.
Hoje um ultraje sucede-se a outro; mísseis improvisados cruzam-se com outros sofisticados. Estes últimos, geralmente encontram o seu alvo situado onde os pobres vivem deserdados e amontoados, esperando o que em tempos se chamou Justiça. Os dois tipos de mísseis dilaceram corpos horrivelmente; como podem os chefes militares esquecer isto por um só instante?
Cada provocação e contra-provocação é respondida e alardeada. Mas as discussões subsequentes, as acusações e as promessas, todas elas, servem como uma perturbação para distrair a atenção mundial de uma longa prática militar, económica e geográfica cuja intenção política é nada menos que a liquidação da nação palestiniana.
Há que dizer isto alto e claro já que esta prática, declarada a meias e a meias encoberta, avança rapidamente nestes dias, e, na nossa opinião, é preciso resistir e reconhecê­‑lo constantemente e a todo momento.

John Berger, Noam Chomsky, Harold Pinter e José Saramago
http://infoalternativa.org/apelo/apelo005.htm

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