sábado, dezembro 30, 2006

Uma Questão de Liderança

Um tema que tem sido recorrente em algum discurso sobre a necessidade de mudança educacional e de transformação da gestão e organização das Escolas é o da Liderança. Afirma-se a necessidade de lideranças fortes, dinâmicas, com projectos e capacidade de os implementar, mobilizando para isso os necessários recursos e vontades.
Na prática, o que isto tem significado na retórica ministerial é que uma liderança forte é uma liderança que implementa as políticas ditadas a partir da 5 de Outubro de forma eficaz e acrítica, sem qualquer conceder qualquer grau de reflexão ou autonomia aos docentes. E nada se define sobre o que se entende por Liderança, sendo que este conceito está longe de ser consensual nas diversas abordagens que sobre ele existem na área educativa.
Mas, a questão colocada nos termos acima formulados tanto pode ser aceite de forma pacífica como dar origem a observações irónicas do tipo “pois, o Hitler tinha todas essas qualidade e…”.
Ora o que a mim me interessa na questão da liderança não é necessariamente aquilo que a define, mas aquilo que lhe dá corpo e substância, ou seja a natureza do projecto e o tipo de meios usados para o implementar.
Uma liderança forte só porque é forte não tem interesse. A uma liderança dinâmica só porque é dinâmica aplica-se o mesmo. Tal como a mudança apenas pela mudança, já vimos o que tem dado ao longo destes anos. Mais importante do que tudo isso é existir um rumo e esse rumo ser claro e justo nos objectivos, digno e transparente nas estratégias e leal no recrutamento e mobilização das vontades.
Mais do que uma liderança forte, interessa saber ao serviço do que está essa liderança, qual é o seu projecto em concreto e como pretende levá-lo à prática. E isso, se está provavelmente no espírito de alguma literatura na área da Educação, não me parece encontrar-se nas aspirações da actual tutela, que apenas pretende lideranças locais fortes, mas ligadas através de uma fidelidade feudo-vassálica ao topo da pirâmide. Um pouco como na tropa, claro, para lançar mão de uma imagem tão usada durante o ano de 2006.
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