quarta-feira, abril 18, 2007

Toda a Razão - 1

No Prós e Contras de ontem a discussão extravasou felizmente do epifenómeno - significativo de uma grave tendência, mas ainda assim epifenómeno - da situação da Universidade Independente.
Graças a um conjunto de intervenções desassonbradas (perdoe-se-me o lugar-comum) de José Tribolet, foram abordadas questões que, essas sim, tocam pontos essenciais gravdes do nosso sistema de ensino superior. Entre outros, que só vi cerca de uma hora de programa:
1. O problema da qualidade do ensino superior, sendo eventualmente mais grave em parte do seu sector privado, também se estende a muitas instituições do ensino público e a responsabilidade por isso é, em última (primeira?) instância do Estado, que se demitiu de um papel de efectiva regulação e fiscalização do sistema, para além de umas inspecções rotineiras.
2. A avaliação realizada por diversas comissões e grupos de trabalho é de fraca qualidade e é transformada normalmente em relatórios vagos e inócuos nas rcomendações ou então são perfeitamente esquecidos até ao despoletar de uma qualquer crise ocasional, de onde saem da poeira das gavetas.
3. O clima geral de cumplicidade e silêncio em todo este processo “fechado”, resultante (acrescento eu) de todos conhecerem todos e afinal ninguém querer verdadeiramente incomodar ninguém para também não ser futuramente incomodado, é responsável pelo agravamento de situações de desregulação do sistema e de manutenção ou degradação das condições de funcionamento (administrativo, pedagógico) das instituições. A regra de ouro é dar ligeiros puxões de orelhas, mas deixar tudo na mesma, varrendo para debaixo da carpete o que incomoda mais notoriamente, na esperança que ninguém note muito e o tempo passe.
Como Tribolet afirmou, e cito de forma não necessariamente fiel, «toda a gente se cala para ver se também se safa». Se não foi assim, foi algo muito parecido. E é tristemente verdade. As universidade públicas e privadas - e também o subsector do politécnico, nunca o esqueçamos - funcionam na base de “capelinhas”. Nas maiores instituições, normalmente públicas, há espaço para várias dessas capelinhas com os respectivos fiéis. Nas privadas, em geral, esse espaço é menor e quando faltam as cadeiras dão-se lutas acesas e sangrentas pelo poder. E lá se descobrem os “podres”.
Mas, com a actual retracção da procura por razões demográficas, do ensino superior a crise é quase generalizada e a instabbilidade é muita. Curiosamente, este deveria ser o momento ideal para se fazer a selecção natural - se é verdade que acreditam no liberalismo - entre as instituições que têm condições ou não para sobreviver, já que os anscimentos eguiram a lógica da geração espontânea.
Mas o que me parece é que isso implicaria verdadeira coragem política. E isso parece que escasseia quando se trata de colocar em ordem os patronatos e clientelas que se instalaram no Ensino Superior, em especial naqueles projectos privados que nasceram em tornos de “interesses” e se preocuparam em recrutar ao longo do tempo figuras com potencial valor político.
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