quarta-feira, abril 30, 2008

Órgão do Mar - na cidade de Zadar, Croácia



Situado na costa de Zadar uma cidade da Croácia,
encontramos o Órgão do Mar, degraus cravados em rochas
que têm em seu interior um interessante sistema de tubulações que,
quando empurradas pelos movimentos do mar, forçam o ar e,
dependendo do tamanho e velocidade da onda, criam notas musicais,
sons aleatórios.
Criado em 2005 e ganhador do prêmio europeu para espaços públicos
(European Prize for Urban Public Space), o Órgão do Mar
recebe turistas de várias partes do mundo que
vêm escutar uma música original que traz muita paz.
O lugar também é conhecido por oferecer um belo pôr-do-sol,
o que agrada ainda mais as pessoas que visitam a localidade.
Zadar é uma bela cidade litorânea da Croácia
e foi duramente castigada durante a 2º Guerra Mundial.
A criação do Órgão é também uma iniciativa para devolver
um pouco do que o lugar perdeu com tanta destruição e sofrimento.
Veja a estrutura interna das 'escadas'.
O detalhamento das cordas e notas musicais
que somadas a energia das ondas criam sons:



As lacunas no concreto servem para o Órgão 'respirar'
e também para levar os sons criados nas tubulações.

(recebido por mail, obrigado à Sandra Camacho)

Portugueses colocam fontes na sala de jantar para visitas mandarem moedinhas

A crise económica, a quebra do poder de compra e o aumento do desemprego estão a provocar alterações profundas na decoração das casas. A maioria dos portugueses está a recriar na sala de jantar a sua própria mitologia doméstica baseada nos costumes ancestrais dos pagãos e no seu culto pelas fontes de água ao criarem uma situação social que praticamente obriga os convidados a atirarem moedas para a fonte, por mera cordialidade ou simpatia, tal como o fazem em fontes de centros comerciais ou de monumentos. A estratégia produz um nível de vida idêntico ao de uma família com duas fontes de rendimento. Este hábito já está a ser aproveitado pelo IKEA. A fonte modelo Koldrup Vanderkullenibsen pode ser adquirida pelo módico preço de 42 euros e, a troco de uma moeda de dois euros, satisfaz três desejos e proporciona saúde, juventude, sabedoria e imortalidade ao convidado, ao contrário do modelo Vanderkruger Tonksten, cujo preço é de 19 euros e apenas satisfaz um desejo, retira duas rugas de expressão e baixa o colesterol em vinte pontos.
http://biscoitointerrompido.blogspot.com/

CAPUCHINHO VERMELHO ... versão bué ..

CAPUCHINHO VERMELHO

Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena! A pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver? E então disse-lhe:
- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola!
Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque. Népia de mitra, na boa e tal, curtindo o som do iPod...
É então que, ouve lá, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:
- Yoo, tá td? Dd tc?
- Tásse... do gueto alí! E tu... tásse? - disse a pita
- Yah! E atão, q se faz?
- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moka do camano!
- Marado, marado!... Bute ripar uma até lá?
- Epá, má onda, tázaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de pildra se me cata...
- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.
- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!
E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tázaver? Manda um toque na porta, a velha 'quem é e o camano' e ele 'ah e tal, e não sei quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e na na na...'. A velha abre a porta e PIMBA, o dog papa-a toda... Mas mesmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos...
O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo à velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL... o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tásaver?
A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.
- Basa aí cá pa dentro! - grita o dog.
- Yo velhita, tásse?
- Tásse e tal, cuma moca do camâno... mas na boa...
- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí...
- Bacano, pa ver se trato esta cena.
- Pá, mica uma cena: pa ké esses baita olhos, man?
- Pá, pa micar melhor a cena, tázaver?
- Yah, yah... E os abanos, bué da bigs, pa ke é?
- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tázaver?
- Yah, bacano... e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?
- É PA CHINAR ESSE CORPO TODO!!! GRRRRRRRR!!!!
E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir a gaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou logo alí, o mano china a belly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha. Ina man, e a malta a gregoriar-se toda!!!
E prontes, já tá...
(recebido por mail)

Tal mãe, tal filha...

Manuela Ferreira Leite fala do que não sabe

No programa "Falar claro", da Rádio Renascença, Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das finanças e da educação e actual candidata a líder do PSD, disse ser a favor do encerramento das maternidades com menos de 1500 partos/ano e que a Saúde é o "sector mais importante da governação, neste momento". Sobre as reformas em curso na Educação, afirmou que "o sistema não funciona" e que "é preciso alterá-lo", com sinal favorável à mudança.

Comentário
A dama de ferro volta a atacar. Como ministra da educação não deixou saudades. Agora, vem dizer que o sistema não funciona e que é preciso apoiar as mudanças que estão a ser feitas. Convinha que a dama de ferro se explicasse. Não funciona? Como e porquê? O que é que não funciona? Acha MFL que o sistema só vai funcionar quando houver uma taxa de retenção de 0%? Se é por isso, decrete-se a universalidade das passagens administrativas e o problema fica resolvido. MFL faz sua a receita para a educação de MLR: fechar escolas, reduzir o salário dos professores, centralizar o currículo e reduzir a liberdade e a autonomia nas escolas. Num caso e noutro, a mesma política educativa: uma escola pública barata, que sirva os pobres e substitua as famílias, e professores a prestarem serviços sociais e a passarem todos os alunos para que os custos com o sistema público baixem. Os ricos têm o problema resolvido. Na educação como na súde, têm poder para escolher os privados.
http://www.professoresramiromarques.blogspot.com/
Descemos a um ponto tal que a reafirmação do óbvio é o primeiro dever dos homens inteligentes
George Orwell

A Escola a tempo inteiro

A Escola a tempo inteiro é uma invenção de estalinistas serôdios, a quem só falta "implementarem" a tal injecçãozinha letal atrás da orelha dos velhinhos para criarem a sociedade perfeita, organizada e limpa, visionada por Estaline.
Crianças e velhos são impecilhos maçadores da flexiblidade do capitalismo pós-moderno que desrentabilizam a produtividade máxima do trabalhador robotizado, maleável, exportável, deslocalizável, descartável, reciboverdável e sempre disponível para (a)ceder à vontade do empregador: é preciso partir às 8 da noite para qualquer ponto do país ou do estrangeiro? Aqui vai ele, livre, solícito e prestável. A família pode esperar.

A família deixa assim de ser a primeira e principal instituição de socialização da criança, para se tornar num apêndice secundário a que se recorre quando a escola fecha.

De onde é que vem esta ideia peregrina? Só pode ser do estalinismo. Ajudem-me os historiadores. Há, na história da Humanidade uma herança mais forte que a estalinista, contando que agora estamos a considerar a educação de ambos os géneros?

A família é o esteio da educação dos afectos por excelência. O essencial para a vida, aquilo que é a nossa natureza, a nossa essência, os nossos instrumentos é na família que se adquire. A escola é um mero adjuvante da socialização do indivíduo.
Será que esta gente ensadeceu e quer transformar todas as nossas crianças em crianças institucionalizadas?

Quais são as consequências desta institucionalização ao nível da auto-estima e da auto-determinação dos mais novos?

Não se nasce selvagem. Quando se nasce, nasce-se filho de alguém, não da escola.
http://paideia-idalinajorge.blogspot.com/

suicídio?


http://www.rebelion.org/

Governo pretende entregar aos patrões €450 milhões/ano de receitas da Segurança Social

nº de trabalhadores com "recibos verdes" poderá aumentar e a sua situação piorar

Numa altura em que o governo reduziu as pensões de reforma e diminuiu o apoio aos desempregados com o pretexto que, se isso não fosse feito, a Segurança Social enfrentaria graves dificuldades financeiras no futuro, o mesmo governo acabou de apresentar um conjunto de propostas, constantes da sua "Reforma das relações laborais " entregue aos parceiros sociais, que , a concretizarem, determinarão a perda de cerca de 450 milhões de euros de receitas da Segurança Social por ano em beneficio das entidades patronais

No período Janeiro/Março de 2008, de acordo com o Boletim Informativo da DGO do Ministério das Finanças, que está disponível no sítio www.dgo.pt , a Segurança Social obteve um excedente de 919,6 milhões de euros, que é superior em 95% ao registado em idêntico período de 2007, que foi de 472,3 milhões de euros e, em 2007, o excedente já tinha sido superior em 60% ao de 2006.. Este aumento significativo do excedente da Segurança Social em 2008 prova, mais uma vez, que eram falsas as previsões do governo de que a Segurança Social estava muito próxima da falência assim como a falta de consistência técnica daqueles que falam num "défice de 105 milhões de euros". Mas foi com base em previsões falsas que, depois, o governo justificou a introdução de medidas que estão a determinar uma redução das pensões, nomeadamente nas mais baixas. Agora o governo pretende entregar uma parte importante do excedente que está também a ser obtido através da redução quer dos valores das pensões (nas mais baixas a diminuição chega a atingir -18%) quer do apoio aos desempregados (a despesa com o pagamento do subsidio de desemprego no 1º trimestre de 2008 foi inferior à registada no 1º trimestre de 2007 em - 17,5%) às entidades patronais com o falso pretexto de que isso é necessário para promover a competitividade e o emprego.

Assim, entre as propostas constantes da "Reforma das relações laborais", entregue pelo governo aos parceiros sociais, com efeitos negativos na situação financeira da Segurança Social, destacam-se as seguintes:

(1) Redução em 1 ponto percentual da taxa contributiva das empresas para a Segurança Social, em relação aos contratos sem termo; (2) Aumento de 3 pontos percentuais da taxa contributiva das empresas em relação aos contratos a prazo (3) Redução, durante 3 anos, em 50% da taxa das contribuições das empresas que convertam contratos de prestação de serviços em contratos sem termo; (4) Isenção, durante três anos, do pagamento de contribuições às empresas que contratem jovens até aos 30 anos por tempo indeterminado; (5) Isenção durante 3 anos do pagamento de contribuições às empresas que contratem desempregados que já estejam no desemprego há mais de 9 meses. De acordo com cálculos que realizamos estas medidas determinarão, se forem aplicadas, que a Segurança Social perca, pelo menos, 150 milhões de euros de receitas no primeiro ano, aumentando nos anos seguintes.

No lugar de aumentar o investimento público para assim dinamizar o investimento privado, e criar emprego, e aumentar o combate ao incumprimento da lei que tem determinado a subida exponencial quer dos contratos a prazo quer dos "falsos recibos verdes", dotando a Inspecção Geral do Trabalho com os meios mínimos, à semelhança do que fez em relação à Administração Fiscal (recorde-se, mais um vez, que apenas metade dos 550 lugares da IGT estão preenchidos), o governo prefere reduzir as contribuições dos patrões para a Segurança Social (premiando-os) o que determinará uma quebra de receitas que estimamos em 150 milhões de euros por ano

Embora declare o contrário, o governo, com as medidas que tenciona tomar, acabará, na prática, por legalizar e incentivar a utilização dos "falsos recibos verdes" pelas empresas. E isto porque o governo pretende que as empresas que utilizem "falsos recibos" descontem apenas 5% para a Segurança Social, o que, por um lado, funcionará como uma legalização e, por outro lado, incentivará a utilização de "falsos recibos verdes" pelas empresas pois se utilizarem outro tipo de trabalhadores terão de contribuir com 23,75%, quase 5 vezes mais . Embora a taxa de desconto para Segurança Social a pagar pelos trabalhadores independentes desça de 30% para 24,6%, isso não significa que o desconto em euros diminua. Isto porque, de acordo com a proposta do governo, estes trabalhadores deixarão de descontar sobre a remuneração convencional, cujo valor mínimo actual é igual a 1,5 salário mínimo nacional que muitos optam, e passarão a ter de descontar sobre 70% do total de rendimentos declarados, no ano anterior, para efeitos de IRS, o que poderá determinar, para muitos deles, que o desconto para a Segurança Social em euros até aumente. O mínimo que o governo devia fazer era estabelecer, por lei, que os trabalhadores independentes descontassem não 24,6% para a Segurança Social, mas sim 11% como acontece com os outros trabalhadores, e a contribuição das empresas aumentasse para 23,75% como se verifica em relação aos outros trabalhadores. Desta forma, seria assegurado a estes trabalhadores uma pensão de reforma mais condigna no futuro sem um aumento incomportável dos descontos como pretende o governo, e reduzir-se-ia o incentivo que têm actualmente as empresas para utilizar trabalhadores com "falsos recibos verdes", aumentando-se também a receita para a Segurança Social.
Eugénio Rosa
http://resistir.info/e_rosa/codigo_trabalho.html

Beijing 2008


http://www.rebelion.org/

Accordo orthographico

Há mais de dez annos, Portugal rubricou um accordo orthographico com outros paízes de lingoa portugueza. Parece que agora muyta gente que andava distraída despertou e vem dizer que he contra o accordo. O Bengalão confessa que ouviu argumentos surpreendentes. Um conceituado escriptor da nossa praça diz, por exemplo, que milhares de livros vão ficar desactualizados nas nossas bybliotecas. Ora O Bengalão, que possue alguns livros anteriores ao accordo de 1945 e continua a le-los, que possue mesmo um ou outro livro anterior à reforma orthographica unilateral de 1911 e lhes deita, de quando em vez, um olhar enternecido, O Bengalão, cuja byblioteca em alemão data, quasi toda, de antes da reforma orthographica, sem que O Bengalão deixe de ler o seu Mann e o seu Kunnert, confessa não compreender a objecção. A orthographia não he mais que uma convenção. O Bengalão, que he fino, he capaz de viver com mais de uma convenção ao mesmo tempo. Vae escrever, como he claro, como o Governo da Reppublica lhe mandar e a sua memoria lhe permitir. Mas não lhe parece difficil ler com mais de um conjunto de regras. Não colhe, portanto, o argumento.
He claro que O Bengalão compreende que se possa ser contra o accordo por principio. Ser contra todos os accordos. Puxar da pistola assim que se ouve falar de accordo. He por isso que O Bengalão, por solidariedade com estes homens de principios, escreveu assim este texto. Como se a reforma orthographica de 1911 não tivesse existido. E divertiu-se.
http://bengalinha.blogspot.com/

A “cicuta de Sócrates às colheres”: A polémica portuguesa do século XIX aos nossos dias


Nova crónica de Rui Baptista:

“Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste”
(Sigmund Freud)
A polémica com uma forte componente agonística tem raízes profundas na tradição portuguesa e no contexto europeu. Mas para que se afirme em toda a plenitude e riqueza argumentativa é condição, “sine qua non”, não haver despotismo que combata ferozmente a liberdade de expressão. Um ataque sem quartel a este direito teve lugar na Inglaterra, no decurso do século XVIII, quando o bispo e filósofo George Berkeley (1685-1753) escreveu e fez publicar, no jornal “Guardian”, uma série de artigos contra os livres pensadores.
Passado mais de um século, neste rectângulo peninsular assistiu-se a uma polémica de grande escândalo nacional com o encerramento das chamadas “Conferências do Casino”, por ordem do tristemente célebre ministro Ávila e Bolama. Este “acto tolo” (Antero) suscitou o protesto veemente dos seus organizadores: “Em nome da liberdade de pensamento, da liberdade da palavra, da liberdade de reunião, bases de todo o direito público, únicas garantias da justiça social, protestamos, ainda mais contristados que indignados, contra a portaria que manda arbitrariamente encerrar as salas das Conferências democráticas”.
Uma das finalidades consignadas no programa dessas conferências por doze dos seus doze mentores, rezava: “Abrir uma tribuna onde tenham voz as ideias e os trabalhos que caracterizam este movimento do século, preocupando-nos sobretudo com a transformação social, moral e política dos povos”. Sem desprimor para todos os outros subscritores, nesta tribuna de ideias e críticas sociais destacaram-se personalidades da vida cultural e política nacional como Eça, Antero, Teófilo Braga e Manuel de Arriaga que viria a ser o primeiro presidente da República Portuguesa sendo sucedido por Teófilo Braga.
Vivia-se então em plena época de ouro da polémica em Portugal em que pontuava a verrina de Camilo - segundo Jacinto Prado Coelho “o demónio da polémica violenta estava-lhe na massa do sangue” - arrogando-se ao direito “em não respeitar os tolos”. Igualmente, com a pujança da sua figura atlética, retratada por ele próprio quando diz ter nascido para “hércules de feira”, destaca-se a Ramalhal figura que “retesa o arco com toda a musculosa força da sua prosa” (João Maia) para escrever, de parceria com Eça, “As Farpas”.
Esta obra literária de grande fôlego, com a finalidade, segundo os seus autores, de “farpear a velha Tolice Humana que tem cabeça de touro”, está repleta de páginas de sátiras mordazes às letras, à política e aos costumes de uma época em que “o sapateiro é secretário do centro reformista da sua rua, e alia o labor do botim ao da eloquência política, o que dá algumas vezes em resultado empregar a metáfora no calçado e a sola e vira no discurso”.
Eça de Queiroz (1845-1900), pairando no domínio doutrinário, pugnou para que a polémica se desenrolasse num clima de plena igualdade entre os contendores: “Estabeleçam-se forças lisas e desatravanque-se a arena. Não se admitem cá tiaras que resguardem as frontes, nem degraus a que não seja lícito subir, nem púrpuras roçagantes em que seja fácil tropeçar. Os atletas querem-se nus como os típicos lutadores da estatuária grega”.
Este notável romancista, apesar de declarar o firme propósito de “acutilar instituições, costumes, tipos humanos e aplicar-lhes a moralizadora ‘bengalada do homem de bem’”, não deixou de alertar para a incomodidade em se cruzarem ferros: “Eu digo – é útil balar como os carneiros; ganha-se a estima dos néscios, as cortesias do chapéu do Roxo [conceituado chapeleiro com loja no Rossio], palmadinhas doces no ombro, de manhã à noite uma pingadeira de glória. Mas ir sacudir, incomodar o repouso da velha tolice humana traz desconfortos, vêm as caluniazinhas, os odiozinhos, a cicuta de Sócrates às colheres”.
Nem a propósito, no passado dia 22 de Abril, José Saramago denunciou o estado actual de um país sem fibra nem raça para discutir os graves problemas nacionais: “Falta em Portugal espírito crítico: estamos um pouco aborregados”. Desta forma, em censuras que se entrecruzam, estão irmanados, em um mesmo propósito de coragem, Eça e Saramago, dois dos grandes vultos da literatura nacional, ainda que com datas de nascimento separadas entre si de 77 anos.
Mesmo sem os sinos dobrarem a anunciar a morte da polémica, é de temer que resquícios de longos anos do lápis azul dos coronéis do Estado Novo tenham reflexo numa possível falta de coragem das gerações dos nossos dias em participarem activamente na discussão pública dos momentosos problemas sociais da vida nacional. Para além da crença de Vitorino Nemésio de que “o português gosta de ver um bravo, ou mesmo um louco, ao parapeito”, trata-se mesmo de um dever de cidadania dos povos do mundo livre.
Obras consultadas:
- As Grandes Polémicas Portuguesas, II volume, Editorial Verbo, Lisboa. 1967.
- As Farpas”, coordenação geral e introdução de Maria Filomena Mónica, PRINCIPIA, Publicações universitárias e científicas S. João do Estoril, Cascais, 1.ª edição, 2004.
- As Polémicas de Camilo, recolha, prefácio e notas de Alexandre Cabral, tomos I,II e III, Portugália Editora, Lisboa 1967.
http://dererummundi.blogspot.com/

terça-feira, abril 29, 2008

Hino do PNR será em reggae

Mário Machado e outros 35 elementos de extrema-direita começaram a ser julgados há mais de uma semana, no Tribunal de Monsanto. Mário Machado, líder da facção portuguesa dos «Hammerskin», uma organização internacional violenta de extrema-direita, é acusado dos crimes de discriminação racial, sequestro, posse ilegal de armas e distribuição de propaganda nazi e está a fazer tudo o que é possível para atenuar a sua imagem de racista e, assim, condicionar a sentença. Usa crachás com imagens de Nelson Mandela, Sara Tavares e Daniel Oliveira (do Bloco de Esquerda) nas sessões do Tribunal e está a escrever a letra do hino do PNR, cuja música será da autoria da banda de Afro-Beat Reggae, Terrakota. O hino do PNR terá como título “Nha Terra”, o mesmo nome de um álbum de Bana. Trata-se de um manifesto humanista a favor da igualdade racial, defende o casamento e adopção de crianças por parte de casais homossexuais e condena o Holocausto.
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Tal pai, tal filho...

Aquilo que nos vai valendo

Este país anda tão desinteressante, que as notícias do fim-de-semana foram um episódio de carjacking em Vila Real, que não passou de um roubo como há muitos, as consultas oftalmológicas em Cuba, que também não são novidade, e o que Marco António Costa «pensa de que» sobre o Partido Social Democrata.
Felizmente o sol espreitou. Se tem chovido, sucumbíamos de tédio.
http://lobi.blogs.sapo.pt/

Exonera a secretária

Exonera a secretária, mas nomeia-a descaradamente de seguida a ganhar 2300 euros

Assim é que é trabalhar com eficiência…
No mesmo dia é exonerada, a seu pedido, e nomeada para um cargo (ou o mesmo?), mais bem remunerado…. (vejam bem as datas!)
Assim se contorna a progressão na carreira.
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Também por lá há novidades!

A ordenha democrática

Segundo o jornal Sol, quatro grandes escritórios de advogados, receberam um terço do dinheiro gasto pelo(s) Governo(s), em pareceres, no período 2003-2006.
Sérvulo Correia, Rui Pena, Galvão Teles e José Miguel Júdice, são os felizes contemplados da prodigalidade de uns tantos indivíduos, eleitos por via indirecta, para nos governarem e que dispõem a seu bel-prazer, sem prestarem contas directas, nem mostrarem o que fazem concretamente, do dinheiro de todos nós. E até se dão ao luxo asiático, de recusarem mostrar números e nomes, a quem lhos pede para publicação. Têm vergonha, certamente. E com razão, diga-se.
Aqueles e mais uns tantos, receberam cerca de 15 milhões de euros, do erário público, para elaborarem pareceres... jurídicos! Sem qualquer concurso público, que isso é para os outros. A única excepção é a do ministro Jaime Silva que decidiu contratar por concurso e o escritório de Laureano Santos, recebeu 6 mil euros, durante dois anos.

O Governo, notoriamente, não tem assessores à altura destas luminárias incandescentes, para a tarefa, apesar de os contratar a peso de ouro, com ordenados fora da tabela e com justificações mirabolantes no diário da República. Os auditores jurídicos dos ministérios, também não contam, para este totobola.
Contam outros critérios, não esclarecidos pelo Governo. E fica muito, mas mesmo muito por contar.
Por exemplo, não se conta, quanto é que o Governo efectivamente gastou por via indirecta, com os famigerados Institutos públicos e as empresas de capitais públicos.
É com estes organismos que o erário público se esvai em pareceres jurídicos. Milhões e milhões, são gastos por conta de todos, nas Parpúblicas e outras que tais. Neste Orçamento que corre, há mais de 180 milhões para estas faenas, sem contabilidade directa e transparente.
Por isso mesmo, ficamos agora a saber que Vital Moreira, recebeu do Governo 21 175 euros. Para quê? Para dizer bem, certamente, em forma de parecer.
Ficamos a saber que João Pedroso, arrecadou a bela maquia de 62 910 euros, por dois pareceres ou estudos ou lá o que foi que de resto pouco deve interessar saber. Segundo consta, anda agora a receber por conta do ministério da Educação, para compilar legislação.

Porém, não ficamos ainda a saber quanto é que a Parpública pagou efectivamente ao escritório de José Miguel Júdice. E parece que não vamos saber tão cedo. A transparência democrática é um logro, com esta gente que faz de todos nós um bando de parvos.

Segundo o artigo do Sol, fica a saber-se que uma boa parte da legislação, é feita em completo out-sourcing. Privado. Afinal, o legislador, penal e não só, é uma entidade anónima ou nem tanto, que apresenta o trabalho feito, ao patrocinador, o Estado. E depois, guarda para si, o trabalho preparatório que lhe servirá para fornecer pareceres, mais tarde, a outros privados, carenciados de ajuda, na interpretação das leis aprovadas pelo patrocinador.
Entidade que sobre este assunto, nem tuge nem muge, nem mostra quem a ordenha.
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ordenha-democrtica.html

FENPROF pediu a Ronaldo, o génio da bola, o fim da avaliação dos professores

Num acto de desespero, o dirigente da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Mário Nogueira, tentou obter os serviços de Cristiano Ronaldo, o Génio da Bola. A polémica instalou-se depois de Mário Nogueira se ter recusado a esfregar a bola para que Cristiano Ronaldo aparecesse, alegando risco para a sua coluna e “tarefa incompatível com função inerente ao seu posto de trabalho”. Cristiano Ronaldo recusou a proposta de Mário Nogueira mas, depois de uma manifestação da FENPROF, recuou e optou por aparecer à frente de Mário Nogueira sem que este tivesse que esfregar a bola. O dirigente pediu a Cristiano Ronaldo que Maria de Lurdes Rodrigues seja demitida, que o sucessor da pasta revogue todo o processo de avaliação dos professores e, por último, pediu a Cristiano Ronaldo para recusar os desejos de Maria de Lurdes Rodrigues, caso ela tentasse reverter os seus.
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Ex-ministra do PS vai substituir Maddie na reconstituição do seu desaparecimento

Maria de Belém aceita convite
A Polícia Judiciária convidou a ex-ministra da Saúde de António Guterres para substituir Maddie na reconstituição do seu desaparecimento. Como não se espera que a criança apareça a tempo de entrar nesta produção da PJ, os investigadores escolheram Maria de Belém e justificam o convite: «precisávamos de alguém que fosse muito semelhante à pequena Maddie.»
Herman José também foi convidado mas recusou, alegando que «reconstituir a noite do desaparecimento de Maddie sem Maddie é como ver o Casablanca sem Humphrey Bogart».
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O Filho do Recluso - Júlio Miguel e Lêninha


P.S. Isto sim é que é qualidade! Isto sim é que é criação artística! Porreiro Pá!

O monstro

Ferreira Leite apresentou a sua candidatura. Apresentou a candidatura de uma facção que começou a preparar o dia de hoje no dia em que Durão Barroso saiu para a Europa. Foram escrevendo artigos de página inteira, envenenaram todas as lideranças por dentro e minaram de intriga cada adversário.
Ninguém apoiou Santana. Nem Marques Mendes. Nem ninguém, como é evidente, quis liderar o partido no pior momento. Agora, que já vai cheirando a poder, apresentam-se finos e elegantes.
Mas que ninguém tenha dúvidas. Esta facção é a do cavaquismo. Daquele cavaquismo que governou Portugal durante uma década e não soube aproveitar, como Espanha aproveitou, as condições que naquele tempo nos foram dadas. Ficámos parados a engordar o Estado e os bancos. Agora, a missão de Ferreira Leite é manter a linha.
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MINISTRA PROMETE APLICAÇÃO TOTAL DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO

Ministra da Educação promete aplicação total do processo de avaliação no próximo ano


A ministra da Educação diz que o processo de avaliação dos professores vai ter aplicação total e integral tal, como o Governo determinou, no próximo ano lectivo.

Na estrevista ao Rádio Clube, esta manhã, Maria de Lurdes Rodrigues lembrou que o entendimento alcançado pelos professores foi apenas para este ano lectivo.

A ministra da Educação admitiu ainda que José Sócrates esteve especialmente atento ao acordo com os sindicatos, na avaliação de professores. Maria de Lurdes Rodrigues recusa responder até onde foi a participação do Primeiro-ministro, do Presidente da República e de Carvalho da Silva, para se alcançar o acordo com os sindicatos.

Maria de Lurdes Rodrigues invoca o direito de reserva. Sobre o caso do telemóvel na sala de aula, a ministra assume a sua posição, mas considera que não é ao Ministério que cabe determinar ou não a proibição.

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P.S. Os professores estão entregues a eles próprios. Os ânimos agora serenaram e vão ficar assim até Outubro. A partir dessa data quando toda a gente tiver interiorizado que o que é dito nesta entrevista é a sério, apesar daquilo que dizem os sindicatos…que perderão todo o crédito que ainda tinham, as coisas então irão voltar a aquecer. Se isso não acontecer significa que os professores perderam a guerra.

a crise do milho


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O modelo de avaliação não vai ser experimental no próximo ano lectivo

E agora, senhores 'esmagadores', o que nos poderão dizer? Ao que parece, nem em Julho de 2009 terão oportunidade para discutir com a sra. ministra ...
"Relativamente ao recente acordo assinado entre o sindicato dos docentes e o Ministério da Educação, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues afirma que o documento é válido apenas para este ano lectivo, sendo que no próximo já não terá efeito.
Como tal, a ministra da Educação acrescenta que o processo de avaliação dos docentes, baseado em quatro critérios universais, entrará em aplicação total já no próximo ano lectivo, pelo que o entendimento com os professores respeita apenas a este período de final de aulas, noticia a Rádio Clube Português
A governante sublinhou ainda a importância que o primeiro-ministro, José Sócrates, deu ao respectivo documento, elaborado sob a atenção do mesmo, resultando no acordo entre o sindicato dos professores e o Governo, e que prescreve o regime de avaliação de docentes." (Avaliação de docentes em regime completo já no próximo ano,' Fábrica de Conteúdos)

... e se o vosso acordo já era um atentado ... Mais providências cautelares? Pois .... já sabemos o desfecho. Vão dizer que a luta continua???

http://sinistraministra.blogspot.com/

Quem é que é oportunista?


«O presidente do Comité Olímpico de Portugal (Vicente Moura), classifica como "oportunistas" os que defendem um boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, devido às questões do Tibete e dos direitos humanos na China, considerando que uma decisão dessas não beneficiaria o povo chinês.»
in [Público]

Só posso dizer ao Sr. Vicente Moura que o meu único oportunismo ao defender o boicote aos JO de Pequim é o da defesa dos direitos humanos. Duvido por isso que tenha tanto a ganhar com o boicote quanto terá a ganhar o Comité Olímpico com a sua realização. Todos sabemos que os JO são um grande acontecimento mediático, que envolve muitas poderosas multinacionais e que os negócios e as negociatas são de muitos milhões. Defender a sua realização escondendo-se por detrás da expectativa dos atletas e do povo chinês é que me parece oportunismo, mas há muito que o chamado “espírito olímpico” é mais negociata que idealismo. Aliás, o “espírito Olímpico” já nos mostrou suficientes casos de corrupção que o mostram claramente.
http://www.wehavekaosinthegarden.blogspot.com/

Rui Baptista versus Fenprof

Na sequência de post anterior, transcrevemos a resposta do nosso habitual colaborador Rui Baptista, que foi publicada no "Público" de 25/Abril/2008:

As minhas razões

Face ao esclarecimento da Fenprof, publicado hoje dia 22 de Abril, em resposta à minha carta “A máscara” de 17 de Abril, e pelo respeito que me merecem os professores e outros eventuais leitores das duas cartas, esclareço o seguinte:
1. Alerta o dr. António Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados: “Hoje há autocensura, pior do que a censura. Há medo instalado nas pessoas e falta de coragem para exercer a liberdade de expressão” ("Público", 21 de Abril).
2. “No uso da licença e da liberdade de quem não pede favor senão justiça”, como foi costume na vida do Padre António Vieira, começo por esclarecer que não estou, nem nunca estive, contra um novo escalão de vencimentos a contemplar com justiça os professores titulares com trabalho acrescido no desempenho do cargo.
3. Limitei-me a chamar a atenção para o facto de o documento emanado do ministério da Educação, no ponto 10, especificar que essa atribuição contempla “designadamente titulares de cargos políticos, autarcas e dirigentes de associações sindicais” (sic).
4. Esse facto levou-me a mostrar a minha estranheza pela aceitação da divisão da carreira docente em duas categorias – professor e professor titular - que parecia um ponto de honra da plataforma no pomo de discórdia com o Ministério da Educação.
5. Lamentei que os professores não titulares tivessem o acesso aos escalões superiores congelados com real prejuízo para as suas vidas. E, de entre eles, a acessão a professor titular cada vez mais dificultada.
6. Convém dizer-se que os princípios ora acordados entre a plataforma e o ministério não mereceram a aprovação de todos os professores.
7. A minha metáfora da plataforma se ter “ajoelhado aos pés da ministra” mais não quis significar que a cedência a princípios que poderiam parecer inalienáveis deste o princípio deste braço-de-ferro.
8. Discordar das posições da plataforma não é beliscar sequer o “bom nome dos sindicalistas”. Somente a minha divergência, desde o início, com o facto da plataforma, constituída por 14 sindicatos, agregar organizações que anteriormente defendiam pontos de vista diametralmente opostos.
9. O próprio Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, admitiu em Coimbra, numa sessão com a presença de meio milhar de professores, levada a efeito na noite de 21, “ter existido alguma ‘confusão’ sobre o acordo alcançado” (“Diário de Coimbra”, 22.Abril.2008).
10. Finalmente, até posso admitir que essa ‘confusão’ possa ter transparecido na carta. Nada mais.

Rui Baptista (Coimbra)
http://dererummundi.blogspot.com/

Desmentido

A notícia há pouco veiculada, sobre o resultado da Assembleia-Geral do SPGL, não foi submetida a uma regra de ouro dos jornalistas: confirmação por pelo menos duas fontes diferentes, e é falsa. Não importa agora indicar ou tecer considerações sobre a sua origem. Interessa é que as moções das oposições sindicais dentro do SPGL não foram aprovadas. Foram derrotadas por uma "esmagadora maioria" de entre os cento e pouco sócios do SPGL que entretanto se juntaram. Há que notar que só os membros efectivos da direcção são muitas dezenas. Quero pedir desculpa aos leitores porque a principal responsabilidade é minha, que não cumpri uma das principais "regras de ouro" do jornalismo.

Também devo referir que vários sócios, "activistas sindicais", do SPGL, me garantiram estar o BE em pleno dentro da direcção do SPGL, o que de alguma maneira contraria a informação que o dirigente nacional do "bloco", Luis Fazenda, me prestou.
http://criticademusica.blogspot.com/

P.S. Não foi mais do que a manifestação de um desejo recalcado...pois é, só que o pessoal do SPGL é profissional da política e eles bem instruídos como de costume não deixariam que as coisas descambassem se tivesse acontecido o que foi noticiado...Ou então algo seria feito a posteriori na pior das circunstâncias como eu próprio dava conta.

segunda-feira, abril 28, 2008

Última Hora

Moção da direcção do SPGL é derrotada e as 3 moções apresentadas pelas oposições são aprovadas

Que significa isto?

1) que a direcção executiva do SPGL já nem sequer controla os dirigentes que ela própria escolheu. O SPGL vai ter de cumprir o que está nas moções aprovadas. Se teve quorum para aprovar a compra do edifício onde se encontra a sede do sindicato, decidida no primeiro ponto da Ordem de Trabalhos, também tem quorum para as decisões radicais que foram aprovadas.

2) que é o princípio do fim deste Ministério da Educação. Embora a minha moção fosse a única que dizia claramente que o SPGL deveria bloquear toda e qualquer negociação com o ME até à nomeação de uma nova equipe, o resultado será idêntico na medida em que o SPGL será obrigado a abandonar o "Memorando de Entendimento" assinado com a ministra. O SPGL é o maior e mais importante sindicato de professores do país. Esta retirada terá consequências nacionais.

3) que o movimento sindical dos professores vai sofrer uma impressionante reviravolta.

4) que Portugal pode mudar.

5) que amanhã não envio a carta registada com o pedido de demissão de sócio do SPGL e com o cartão de sócio que já tinha preparada.

Notas soltas: quero saudar a Carmelinda Pereira, seus camaradas e apoiantes, que votaram a favor da aceitação da minha moção, pela sua perseverança, paciência (que eu não tenho para lidar e aturar os "aparteniks") e dedicação à causa dos professores. Quero saudar o Vasconcelos que foi quem, esgrimindo com os estatutos do SPGL, obrigou a mesa da assembleia-geral a aceitar a minha moção fora de horas e a levá-la à AG, onde a maioria dos presentes decidiu não a deixar seguir para votação.
http://criticademusica.blogspot.com/

P.S. Agora quero ver o que a direcção do SPGL vai fazer...Provavelmente inventar uma cena qualquer para declarar a não validade desta votação. A ver vamos. Vai uma aposta?


Prefiro sem dúvida a senhora de cima, pois é bem mais simpática e compreensiva que a b**** aqui do lado...e tu aí ó baixinho? Estás a rir de quê??

Luís Filipe Menezes será o próximo treinador do Benfica

Trocas e baldrocas
O presidente cessante do PSD é o senhor que se segue na orientação da equipa de futebol do Benfica, depois de ter convocado eleições partidárias e garantindo que não se recandidatará. A transição não surpreende pois as semelhanças entre o PSD e o Benfica são inúmeras (trata-se de nomes grandes da política e do futebol com palmarés riquíssimo, desempenho actual risível, com uma vitória recente que apenas confirmou a regra e com instabilidade interna quase lendária). O abandono do cargo ter-se-á devido apenas em parte às críticas de que Menezes tem sido alvo no interior do partido, existindo já um convite oficial da direcção encarnada, formulado pouco após a demissão de José António Camacho. Para o presidente benfiquista, Luís Filipe Vieira, Menezes é o homem certo. E, quando lhe perguntam porquê, limita-se a responder: “Porque não?” No banco encarnado, Menezes terá como adjunto Marco António Costa, líder da distrital portuense do PSD e seu vice-presidente na Câmara de Gaia. Sempre que os deveres autárquicos colidam com os deveres desportivos, o técnico será substituído por Pedro Santana Lopes, rejeitando-se desde já quaisquer insinuações de que a equipa técnica seja bicéfala. Refira-se ainda que o actual treinador benfiquista, Fernando Chalana, anunciou a sua candidatura à presidência do partido sob o lema “Havemos de ganhar se Deus quiser… ou talvez não.”
http://www.inepcia.com/

sem comentários


http://www.rebelion.org/

O estudo que faltava

O Presidente da República revelou, durante o seu discurso nas comemorações do 25 de Abril, um estudo que chegou à evidente conclusão de que os jovens portugueses não conhecem a história de Portugal.
Sempre gostou de gastar dinheiro, este Cavaco… não era preciso encomendar um estudo para saber isto.
Mas o Presidente podia ter dito, já que estava na Assembleia da República, que é precisamente esta ignorância geral que mantém uma classe política tão reles no poder. Tanta mediocridade só sobrevive num ambiente de completa alienação.
A verdade é que, com este estudo, Cavaco Silva ofereceu um presente aos deputados e aos membros do Governo. Foram todos reconduzidos para, pelo menos, mais uma década.
http://lobi.blogs.sapo.pt/

Ontem a Blogotinha acordou com o cabelo assim…


P.S. a nossa colega do blog http://blogotinha.blogspot.com/ confessou que acordou com o cabelo como a figura documenta. Pergunto eu: Terá sido após a leitura integral do acordo entre o M.E. e a plataforma sindical?

***** na Reporter


Há jornalistas que deviam ser tratados assim! Com uma carga de "porrada"...
eh eh eh já lhe ouvi chamar muita coisa mas "porrada" é a primeira vez, ah ah ah!

Bloco de Esquerda quer liberalização do tuning leve

O Bloco de Esquerda juntou-se a centenas de automobilistas na manifestação ocorrida no Parlamento, em Lisboa, para exigir a legalização das modificações nas suas viaturas. Segundo o BE, o crescimento do tuning e do street racing em Portugal deve-se à repressão social e à criminalização cega de todas as modificações, esquecendo as políticas de prevenção e de redução de riscos. “É hediondo que um cidadão que coloque jantes de 18 polegadas, pneus na medida 245/40 R18 no eixo frontal e 275/35 R18 no eixo traseiro, tubagens em inox, um inocente e humilde subwoofer e suspensão Koni Sport tenha o mesmo tratamento que um indivíduo que mete um intercooler no motor, modifica todo o interior do carro com recurso a carbono e dota o seu Renault Clio de um motor de 600 cavalos e velocidade máxima de 300 km/h. Para acabar com o Street Racing, é urgente legalizar o tuning leve”, afirmou Louçã.
http://biscoitointerrompido.blogspot.com/

dois pesos e duas medidas-denuncia de tortura em Portugal

Em Portugal tortura-se. É esta a acusação que a ACED (Associação Contra a Exclusão e pelo Desenvolvimento) fez no início de Abril, publicando um relatório sobre a tortura a que foi submetida Leonor Cipriano, a mãe da pequena Joana desaparecida no Algarve.

O caso de Joana tem notáveis semelhanças com o do desaparecimento de Madeleine McCann, acontecido na praia da Luz, há quase um ano. Nunca foi possível encontrar as crianças nem esclarecer o seu desaparecimento. Mas o comportamento da polícia foi completamente distinto nas duas investigações.

A mãe de Joana era uma portuguesa pobre e foi torturada durante a investigação e condenada sem provas. Os McCann são ricos, bem relacionados e foram apenas constituídos arguidos. O caso de Madeleine foi discutido ao mais alto nível na Cimeira de Lisboa enquanto o desaparecimento de Joana teria caído no esquecimento não fora esta investigação agora levada a cabo pela ACED.

Cabe a todos nós divulgar esta injustiça aproveitando o mediatismo do caso Madeleine, agora que se vai cumprir um ano sobre o seu desaparecimento. Cabe a todos nós dizer que se tortura em Portugal. Por isso aqui deixo o apelo a que se divulgue esta situação. Não é admissível que no século XXI aconteçam coisas destas em Portugal.

Relatório completo:
http://iscte.pt/~apad/ACED/oficios08/16apd@08_04_08relatorio%20tortura%20mae%20Joana.doc

Site da ACED:
http://iscte.pt/~apad/ACED/

Noticia:
http://diario.iol.pt/sociedade/joana-tortura-leonor-cipriano/939315-4071.html
http://sol.sapo.pt/blogs/contramestre/

MESTRADO em gestão de Campos de Golfe!


Ao que este pais de palhaços e de palhaçada chegou!...


Calma, pessoal, que isto não é curso profissional, nem sequer licenciatura!
Trata-se de um MESTRADO!
E o DOUTORAMENTO em pitons de chuteiras deve estar por aí a romper...

http://joaotilly.weblog.com.pt/

A crise no sistema alimentar e os biocombustíveis

A agricultura na era pós-petróleo
A agricultura mundial está numa encruzilhada. A economia global impõe exigências conflituosas aos 1500 milhões de hectares cultivados. Não só se pede à terra agrícola que produza suficientes alimentos para uma população crescente como também que produza biocombustíveis e que o faça de uma maneira que seja ambientalmente sã, preservando a biodiversidade e diminuindo a emissão de gases com efeito estufa [NR 1] , ao mesmo tempo que continue a ser uma actividade economicamente viável para todos os agricultores.

Estas pressões estão a desencadear uma crise sem precedentes do sistema alimentar global, a qual já começa a manifestar-se em protestos por escassez de alimentos em muitos países da Ásia e da África. De facto, há 33 países no gume da instabilidade social por carência e preço dos alimentos. Esta crise que ameaça a segurança alimentar de milhões de pessoas é o resultado directo do modelo industrial de agricultura, que não só é perigosamente dependente de hidrocarbonetos como transformou-se na maior força antropogénica modificadora da biosfera. As pressões crescentes sobre a área agrícola em diminuição estão a minar a capacidade da natureza para suprir as exigências da humanidade quanto a alimentos, fibras e energia. A tragédia é que a população humana depende dos serviços ecológicos (ciclos de água, polinizadores, solos férteis, clima local benevolente, etc) que a agricultura intensiva empurra continuamente para além dos seus limites.

Ainda não terminou a primeira década do século XXI e a humanidade rapidamente está tomar consciência de que o modelo industrial capitalista de agricultura dependente do petróleo já não funciona para fornecer os alimentos necessários. Os preços inflacionários do petróleo inevitavelmente incrementam os custos de produção e os preços dos alimentos escalaram a tal ponto que um dólar hoje compra 30% menos alimentos que há um ano. Uma pessoa na Nigéria gasta 73% dos seus rendimentos em alimentos, no Vietname 65% e na Indonésia 50%. Esta situação agudiza-se rapidamente na medida que a terra agrícola é destinada a biocombustíveis e na medida que a mudança climática [NR 1] diminui os rendimentos vias secas ou inundações. Expandir terras agrícolas a biocombustíveis ou cultivos transgénicos que já atingem mais de 120 milhões de hectares exacerbará os impactos ecológicos de monoculturas que degradam continuamente os serviços da natureza. Além disso, a agricultura industrial contribui hoje com mais de 1/3 das emissões globais de gases com efeito estufa [NR], em especial metano e óxidos nitrosos. Continuar com este sistema degradante, tal como é promovido por um sistema económico neoliberal, ecologicamente desonesto ao não reflectir as externalidades ambientais, não é uma opção viável.

O desafio imediato da nossa geração é transformar a agricultura industrial e iniciar uma transição dos sistema alimentares para que não dependam do petróleo.

Necessitamos um paradigma alternativa de desenvolvimento agrícola, um que propicie formas de agricultura ecológica, sustentável e socialmente justa. Redesenhar o sistema alimentar rumo a forma mais equitativas e viáveis para agricultores e consumidores exigirá mudanças radicais nas forças políticas e económicas que determinam o que se produz, como, onde e para quem. O livre comércio sem controle social é o principal mecanismo que está a deslocar os agricultores das suas terras e é o principal obstáculo para alcançar desenvolvimento e segurança alimentar local. Só desafiando o controle que as empresas multinacionais exercem sobre o sistema alimentar e o modelo agro exportador, auspiciado pelos governos neoliberais, se poderá deter a espiral de pobreza, forme, migração rural e degradação ambiental.

O conceito de soberania alimentar, como é promovido pelo movimento mundial de pequenos agricultores, a Via Campesina, constitui a única alternativa viável ao sistema alimentar em colapso, que simplesmente falhou no seu cálculo de que o comércio livre internacional seria chave para solucionar o problema alimentar mundial [NR 2] . Não há dúvida de que uma aliança entre agricultores e consumidores é de importância estratégica. Ao mesmo tempo que os consumidores devem baixar na cadeia alimentar com o consumo de menos proteína animal, devem perceber que a sua qualidade de vida está intimamente associada ao tipo de agricultura que se pratica nas cinturas verdes que circundam aldeia e cidades, não só pelo tipo e qualidade de cultivos que aí se produzem como também pelos serviços ambientais, como qualidade da água, microclima e conservação da biodiversidade, etc que esta agricultura multifuncional gere. Mas a multifuncionalidade só emerge quando as paisagens estão dominadas por centenas de explorações pequenas e biodiversificadas que, como demonstram estudos, podem produzir entre duas e dez vezes mais por unidade de área que as explorações de grande escala. Nos Estados Unidos os agricultores sustentáveis, pequenos e médios na sua maioria, geram uma produção total maior que as monoculturas extensivas, e fazem-no reduzindo a erosão e conservando mais biodiversidade. As comunidades rodeadas de explorações pequenas exibem menos problemas sociais (alcoolismo, toxicodependência, violência familiar, etc) e economias mais saudáveis do que comunidades rodeadas de explorações grandes e mecanizadas. No estado de São Paulo, Brasil, cidades rodeadas de grandes extensões de cana de açúcar são mais quentes do que cidades rodeadas de explorações medianas e diversificadas. Deveria então ser óbvio para os consumidores urbanos que comer constitui ao mesmo tempo um acto ecológico e político, pois ao comprar alimentos em mercados locais ou feiras de agricultores está-se a votar por um modelo de agricultura adequada para a era pós-petrolífera, ao passo que ao comprar nas cadeias dos grandes supermercados perpetua-se o modelo agrícola não sustentável.

A escola e urgência do desafio que a humanidade enfrenta é sem precedentes e o que é preciso fazer é ambiental, social e politicamente possível. Erradicar a pobreza e a fome mundial necessita um investimento anual de aproximadamente 50 mil milhões de dólares, uma fracção mínima quando se compara com orçamento militar mundial que atinge mais de um milhão de milhões de dólares por ano. A velocidade com que se deve executar esta mudança tem de ser muito rápida, mas o que está em dúvida é se porventura existe a vontade política para transformar radical e velozmente o sistema, antes que a fome e a insegurança alimentar atinjam proporções planetárias e irreversíveis.
[NR 1] O falso problema do aquecimento global (também chamado alterações climáticas) já foi analisado extensivamente em resistir.info . Ver por exemplo Aquecimento global: uma impostura científica , de Marcel Leroux. Os problemas da agricultura no mundo pós Pico Petrolífero, descritos neste artigo, são suficientemente sérios por si mesmos e não precisam de razões imaginárias adicionais.

[NR 2] No mundo pós petróleo o comércio livre internacional será afectado pela alta nos preços dos transportes, o que é um argumento forte para o retorno à tradição milenar da soberania alimentar.
Miguel A. Altieri
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

domingo, abril 27, 2008

Amuleto

Andei durante anos a fio com um medalhão ao pescoço


Juizinho
É o que se chama a um juiz muito baixo.


Pintura
Conheço um pintor que quando pinta a manta, está-se nas tintas.



Gado
Depois de ter estado a pensar na morte da bezerra, voltei à vaca fria.



Contorcionismo
Apesar de ter as mãos atadas, dei o braço a torcer,
e fiz tudo com uma perna às costas.


Queda
Hoje tropecei, e como não tinha onde cair morto, sobrevivi.

HTTP://IRONIADODESTINO.BLOGS.SAPO.PT/

super homem a fazer figuras


Ficou assim o super homem não por ter batido com a cara no vidro mas por ter tido conhecimento da assinatura do acordo entre os parceiros da plataforma sindical e do ministério da (des)educação.

O trabalho em números

QUEM TRABALHA? A população activa atinge 27,28 milhões de pessoas, 46,5 por cento das quais são mulheres. Na Alemanha, estes números são, respectivamente, de 39,77 milhões e 45,4 por cento; no Reino Unido, de 29,3 milhões e 46 por cento; em Espanha de 20,1 milhões e 41 por cento. Em França, os operários representam 24,8 por cento da população activa e os empregados 28,8 por cento. (Fontes: Insee 2006, Eurostats 2005.)

FINANCIAMENTOS MACIÇOS. O apoio às empresas, em nome do emprego, ascendeu em 2004 a 24,5 mil milhões de euros, o que representa um recorde absoluto. Desde o seu surgimento, em 1973, estes apoios multiplicaram se perto de quarenta vezes, o que corresponde a 19.700 euros por emprego criado ou salvo, ou o equivalente a um ano de salário mínimo profissional de crescimento (SMIC). (Fontes: Conseil d’orientation de l’emploi 2006, Cour des comptes 2005.)

BAIXOS SALÁRIOS. Em 2005, um em cada dois assalariados a tempo inteiro ganhou menos de 1484 euros líquidos por mês. Este salário médio baixou 0,4 por cento, se tivermos em conta a inflação oficial. Doravante, o SMIC já não é o salário mínimo, pois em 55 sectores profissionais, num total de 84, os mínimos salariais são inferiores. (Fontes: Insee 2006, Ministère de l’Emploi 2005.)

ELEVADOS DIVIDENDOS. As maiores empresas – as do CAC 40 – apresentaram lucros recordes em 2004, distribuíram dividendos igualmente explosivos e praticamente congelaram os salários. No caso da Total, os dividendos pagos subiram 15 por cento e os salários 2,2 por cento; no da Société général, os números são, respectivamente, 32 por cento e 2,7 por cento; no da Renault, 28,5 por cento e 4,6 por cento (para 2004 2005)... (Fontes: Les Echos, La Tribune.)

TRABALHADORES POBRES. É possível trabalhar e ainda assim viver abaixo do limiar de pobreza (60 por cento do salário mediano). Em França, encontravam-se nesta situação 1 milhão de assalariados em 2004. Em 2001, 5,4 por cento das famílias de assalariados (com pelo menos um assalariado) viviam abaixo do limiar de pobreza, contra 3,9 em 1970. O mesmo acontece com 6 a 8 por cento dos assalariados na Europa dos Quinze e com mais de 10 por cento dos assalariados norte-americanos. (Fontes: Insee 2004, Rapport Hirsh 2005, OCDE 2005, Observatoire national de la pauvreté et de l’exclusion 2003-2004.)

DISCRIMINAÇÕES AINDA SIGNIFICATIVAS. As mulheres ganham, em média, 80,1 por cento do que recebem os homens. Entre elas, 23,6 por cento trabalhavam a tempo parcial em 2004 (4,8 por cento dos homens), sem ser por opção; na Alemanha, 37 por cento (6,3 por cento); no Reino Unido, 40,4 por cento (10 por cento); na Holanda, 60,2 por cento (15,5 por cento)... Um jovem cujo nome tenha ressonância estrangeira e que habite nos subúrbios tem seis vezes menos hipóteses de conseguir uma entrevista de trabalho do que um jovem “francês de origem” que habite em Paris. (Fontes: Insee 2005, OCDE 2005, Observatoire des discriminations 2005.)

ACIDENTES DE TRABALHO. Na Europa dos Quinze morrem anualmente 5200 trabalhadores na sequência de um acidente de trabalho, e em França 661 (cerca de dois por dia). Ainda em França, 2,37 milhões de pessoas são expostas a produtos cancerígenos no local de trabalho, ou seja, 13,5 por cento dos assalariados. A esperança de vida de um operário de 35 anos é de 37,5 anos; a de um quadro superior é de 43,5 anos. (Fontes: Eurostat 2006, CNAM 2006.)
Le Monde diplomatique
http://www.infoalternativa.org/europa/franca006.htm

A plataforma sindical perante o M.E. depois da assinatura do famigerado acordo

É sempre uma grande chatice

É sempre uma grande chatice convencer o meu filho
João, que tem sete anos, a fazer os trabalhos de casa.
Ele diz que não precisa de estudar porque vai ser
jogador de futebol.

Eu sei que o João não vai ser jogador de futebol, pois
falta-lhe o talento para ser bem-sucedido na profissão
que mais se valorizou no último quarto de século. Mas
está a ser difícil convencê-lo disso.

Não estou triste por o meu filho não ser como o Bruno
Silva, o miúdo de oito anos que depois de ter sido
observado pelo Real Madrid acabou comprometido com o
Benfica e o Sporting, uma trapalhada arranjada por um
pai ganancioso.

Fico triste é por saber que no ano passado, só no
concelho de Braga, 176 crianças abandonaram a escola
primária para irem jogar futebol.

E também fico muito triste sempre que observo o
comportamento de muitos pais nos torneios em que a
equipa do meu filho João participa. Vivem o jogo dos
miúdos como se tratasse da final das Champions e
vestem a pele de Mourinho ao estarem permanente a
gritar instruções aos filhos - "Sobe, sobe!", "Olha a
marcação!", "Dá-lhe nas pernas."

Eu sei que a febre pelo futebol não é uma
excentricidade nossa. É um fenómeno internacional. Mas
em Portugal a febre já atingiu o patamar perigoso dos
40 graus. Está três graus acima do que seria
desejável.

A cristiano-ronaldização de Portugal é excessiva e
perniciosa. Como português não gosto de me olhar ao
espelho e ver a cara do Cristiano Ronaldo, que o
diário britânico Observer diz (talvez com razão) que é
"a face de uma nação" (a nossa).
(recebido por mail)

A liberdade amordaçada?


http://www.rebelion.org/

Alguma luz…

Em resposta ao repto lançado por vários movimentos independentes de professores e também por professores anónimos (Apache incluído), dois dos sindicatos associados na Fenprof, o SPGL e o SPN publicaram os resultados da votação do dia D, escola a escola.
Antes de mais, convém destacar a coragem destes dois sindicatos em darem um pouco de transparência a este nebuloso processo.
Numa análise dos resultados, convém perguntar onde foram parar os das escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância? Na zona a que pertencem estes dois sindicatos, estas escolas são cerca de 7 400 e das listas constam cerca de 20. Será que se esqueceram de actualizar os nomes das básicas do 2º e 3º, ciclos, para agrupamentos e as votações são de todo o agrupamento e não da escola sede? Se assim for, o número de votantes é absolutamente ridículo. Caso contrário, o que é ridículo é o número de escolas com resultados tornados públicos.
Vejamos os dois casos separadamente…
O SPN lista cerca de 400 escolas, mas apenas 200 apresentam resultados. Porquê?
A zona que o sindicato cobre tem mais de 4 600 escolas, nas quais leccionam mais de 53 mil docentes. A moção da Plataforma Sindical recolheu 6512 votos favoráveis.
O SPGL exibe resultados de 213 escolas. Na zona que abrange, só as escolas com 3º ciclo e secundárias são 365. O número total de escolas desta zona ascende a mais de 3 600. A moção da Plataforma de Sindicatos recolheu 4708 votos favoráveis dos cerca de 47 mil docentes da região.
Entretanto, a Fenprof, actualizou (no seu site) os resultados nacionais, reduzindo (de 80,8) para 77,2% o número de votos favoráveis à moção.
Com base nos resultados tornados públicos pelos dois maiores sindicatos associados a esta federação, corrijo também a minha estimativa (anteriormente apresentada no “post” intitulado “tenham vergonha”). A moção da Plataforma terá (por extrapolação) obtido, a nível nacional, entre 14 e 18 mil votos favoráveis, de um universo de mais de mais de 145 mil docentes.
http://terrasdelisboa.blogspot.com/

sexta-feira, abril 25, 2008

***** Rap




A assinatura do acordo entre o M.E. e a plataforma sindical?
A festa ainda vai no adro...

Não voto PS



Não voto PS nem em nenhum dos outros. Sou professor e outras coisas mais...

Interesses privados

Traçado do TGV parece um electrocardiograma

Os interesses privados estão a levar os técnicos à loucura. «A última versão do traçado do TGV parece um electrocardiograma…» - afirmou um responsável que não quis dar o nome mas exibiu o bilhete de identidade e os três últimos recibos de vencimento aos repórteres do Imprensa Falsa, que de imediato lhe concederam um crédito de 10.000€ a 74 meses com uma TAEG de 19,51%.
A principal dificuldade neste momento é ligar o troço Herdade do Jorge-Moita ao troço Monte do Loureiro-Montemor, uma vez que no meio está o terreno dum gajo que nunca deu dinheiro ao partido e que é meio antipático. A solução pode passar por um teleférico a ligar os dois troços.
http://lobi.blogs.sapo.pt/

Mais Apelidos

Aqui vão mais seis apelidos, cinco dos quais têm graça, sobretudo, pela adjectivação:
- Coelho Salvador
- Grilo Rosado
- Fradinho Salgado
- Cana Verde Rico
- Gaita Grave
- Conceição Cagarelho
Exceptuando o Cagarelho, que não fica nada bem à Conceição, nem a ninguém, temos um coelho que salva, um grilo cor-de-rosa, um frade que não é insosso, uma cana verde com problemas de concordância no género e uma gaita com sons baixos.
Continuo à coca…
http://www.coiso.net/

É tudo uma questão de segurança

como diria o obélix, “estes padres são loucos!”

«[…] O padre brasileiro Adelir Carli desapareceu no domingo, no Estado do Paraná, pendurado em mil balões, escreve o site Globo. O religioso queria voar durante 20 horas, mas o mau tempo levou-o em direcção ao mar de Santa Catarina. As buscas aéreas e marítimas concentram-se a cerca de 30 quilómetros da costa, na aérea onde o padre terá feito o último contacto. […]
O padre já tinha viajado do Paraná para a Argentina no dia 13 de Janeiro deste ano. Carli levantou voo na cidade de Ampére e, depois de quatro horas, aterrou em Santo António, na Argentina, a 110 quilómetros de distância. Os balões chegaram a atingir os 5,3 mil metros de altitude. Para se aproximar do solo, o padre usou um estilete, com o qual foi furando e soltando uma parte dos balões. […]
Em entrevista ao programa Fantástico, em Março deste ano, o padre mostrou como se prepara para os voos. Para além de uma roupa térmica que lhe permite suportar baixas temperaturas, o padre usava também um capacete e um pára-quedas. […]»
(IOL Diário — 22.Abril.2008)
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a 114 dólares o barril


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Mais uma Golpada - ERSE

Era uma vez um senhor chamado Jorge Viegas Vasconcelos, que era
presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos
Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e,
dos que conhecem, poucos devem saber para o que serve. Mas o que
sabemos é que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo
porque, segundo consta, queria que os aumentos da electricidade ainda
fossem maiores.
Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e
risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregadora, quaisquer
reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios. Porém, com o senhor
Vasconcelos não foi assim. Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês
- ou seja, 2.400 contos - durante o máximo de dois anos, até encontrar
um novo emprego.
Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo:
«Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu?». E eu
respondo: «Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontade
própria!». E você volta a questionar-me: «Então, porque fica o homem a
receber os tais 2.400contos por mês, durante dois anos? Qual é, neste
país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?».
Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá,
como já respondeu, que «o regime aplicado aos membros do conselho de
administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de
acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de
administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o
que não resultar desses estatutos». Ou seja: sempre que os estatutos
da ERSE foram mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor
público não se aplica.
Dizendo ainda melhor: o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE
desde a sua fundação) e os seus amigos do conselho de administração,
apesar de terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema
ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, ficarem
com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus
cargos. Com a bênção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos
governantes.
Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites,
de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados
baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se, em suma,
de um desenfreado, abusivo e desavergonhado abocanhar do erário
público.
Mas voltemos à nossa história. O senhor Vasconcelos recebia 18 mil
euros mensais, mais subsídio de férias, subsídio de Natal e ajudas de
custo. 18 mil euros seriam mais de 3.600 contos, ou seja, mais de 120
contos por dia, sem incluir os subsídios de férias e Natal e ajudas
de custo.
Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é - e para que serve - a
ERSE? A missão da ERSE consiste em fazer cumprir as disposições
legislativas para o sector energético. E pergunta você, que não é
trouxa: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os
tribunais, a polícia, etc.?».
Parece que não. A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a
ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das
partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do
prestador de serviço. Ou seja, a ERSE não serve para nada. Ou serve
apenas para gastar somas astronómicas com os seus administradores.
Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que
sabia que existia uma coisa chamada ERSE?
Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento
bovino, aguentará tão pesada canga?
E tão descarado gozo?
Politicas à parte estou em crer que perante esta e outras, só falta
mesmo manifestarmos a nossa total indignação.
Já agora façam lá o favorzinho de reenviar para a V/ lista de amigos,
pelo menos sempre se fica a saber de coisas importantes que retiram
toda a credibilidade a esta cambada de MALANDROS deste País que de
País só começa a figurar o nome.
(recebido por mail)

Terrorismo Mediático


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Com o director fecha-se o circulo da governamentalização das escolas

O novo diploma de gestão escolar, decreto lei nº 75/2008, já foi publicado no DR. Tem muitos aspecos altamente preocupantes. Com a aplicação do novo modelo de gestão escolar, previsto para Maio de 2009, com os procedimentos a terem início em Setembro de 2008, fecha-se o círculo: fica pronto o edifício legislativo da recentralização curricular e pedagógica, da extinção da liberdade pedagógica dos professores e da governamentalização e politização das escolas. Quando os directores tomarem posse, ninguém os pode acusar de estarem a trair os professores. Os novos directores não representam os professores e não respondem perante eles. Os novos directores são funcionários, ex-professores, que respondem perante duas tutelas: o ME e as câmaras municipais. A partir daí, acabou a democracia nas escolas. Os quatro aspectos mais gravosos do decreto lei são:
- O director designa os coordenadores de escola ou estabelecimento de educação pré-escolar;
-designa os coordenadores dos departamentos curriculares e os directores de turma;
-selecciona e recruta o pessoal docente, nos termos dos regimes legais aplicáveis;
-designa os membros do conselho pedagógico.
Isto representa o fim das eleições nas escolas. A morte da democracia escolar.
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sem comentários


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Treta da Semana: O contrato.

Esta semana o Parlamento aprovou uma lei do divórcio que ignora a culpa e facilita a dissolução a pedido de um dos cônjuges. Muitos se opõem, por diversas razões. Para César das Neves isto foi asneira porque a «lei só existe para proteger os fracos» e «as garantias que a lei [...] concede são importantes» para a solidez do casamento (1). Segundo o porta-voz da conferência episcopal, Carlos Azevedo, o «Estado tem obrigações para com [o casamento]» e «deve defender a união entre as pessoas». No Blasfémias o João Miranda escreve que o «problema é que alguém que esteja imune a processos judiciais não é um parceiro de negócios credível. Ninguém estaria interessado em fazer contratos com alguém que tem o poder para violar contratos mas que não pode ser processado por isso.»(3)

Eu acho que esta gente anda baralhada.

O divórcio levanta o problema moral da quebra de uma promessa, mas nem isso justifica uma lei nem é necessariamente condenável pois a promessa é feita num momento de optimismo que pode desculpar quem mais tarde se arrepende. E impedimentos legais ao divórcio não vão tornar mais realistas os jovens que acreditam que vão sentir aquilo para sempre.

O cristianismo vê o divórcio como um problema sério porque é um compromisso perante Deus, sagrado e para sempre. Mas se admitimos o direito de mudar de religião isto deixa de ser um problema. O casamento é “para sempre” só enquanto a pessoa quiser essa religião, e não se justifica legislar essas opções.

Quanto aos contratos há que distinguir três aspectos. Os deveres parentais não são deveres contratuais nem têm que ver com o casamento. Quem faz um filho tem obrigações tenha ou não assinado os papéis e independentes do seu direito de terminar o matrimónio. Esta lei do divórcio contempla isso.

A relação afectiva, a fidelidade, o companheirismo, todos os aspectos emocionais e sexuais do casamento são fundamentais mas não se admite obrigações contratuais desta natureza. A lei não deve reconhecer cláusulas de exclusividade sexual, de amizade ou empenho afectivo. O que sobra para a lei é a gestão do património e do investimento na vida em conjunto. Para isso é legítimo haver contratos e intervenção legal que obrigue o seu cumprimento, mas isto também está contemplado nesta nova lei.

Em conclusão, criticam a lei por não legislar aquilo que não deve ser legislado, que é o aspecto afectivo e privado da relação. A lei deve proteger o investimento na vida em conjunto, reconhecer os parceiros como herdeiros do património comum e fazer cumprir obrigações financeiras e parentais. E mais nada. Não tem o dever nem a legitimidade de castigar quem se apaixona por outra pessoa ou quem já não sente o amor que sentia, nem se pode tornar o casamento numa obrigação legal.

Naturalmente, a Igreja preocupa-se com esta distinção. Se a sociedade reconhece que os aspectos privados do afecto e vida sexual do casal estão fora do âmbito da lei já não se justifica restringir estes contratos a duas pessoas do sexo oposto.

1- João César das Neves, DN de 14-4-08, Por miopia, capricho, a reboque e a pressa.
2- DN, 28-3-08, Divórcio abre nova guerra entre maioria PS e Igreja
3- João Miranda, 11-4-08, Nova lei do casamento II
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aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh


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Papa faz o habitual número de circo

O Papa Bento XVI rezou uma oração contra o terrorismo, este domingo, numa cerimónia carregada de emoção no Ground Zero, o local ocupado pelas Torres Gémeas antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
Comentário: Como é que Deus sabe se a oração é a favor ou contra?
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quinta-feira, abril 24, 2008

RAP do *****


Uma musiquinha pela assinatura do acordo entre os comparsas do M.E. e os da plataforma sindical

contemplação

Bento 16 fez cura de desintoxicação

Bento XVI evocou hoje a sua própria juventude quando, no âmbito da sua visita aos Estados Unidos, perante 30 mil jovens, se referiu ao nazismo como uma droga que, tal como a toxicodependência e o materialismo de hoje, é preciso repudiar.
Comentário: Pode tornar-se presidente dos ex-nazis recuperados.
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Olha para aqui, parvo!

Kafka não saberia fazer melhor

Ontem, na minha reunião de departamento, recebemos a informações da reunião de 4 de Abril, sobre a avaliação do desempenho, entre os presidentes do CE e CP e a ministra.

Transcrevo (ainda que os sublinhados sejam meus, abstenho-me de os comentar, fazem parte desta Twilight Zone em que vivemos):" publicação do despacho relativo às ponderações; resultados escolares representam 6,5% na totalidade da classificação; a distribuição das quotas dependerá do resultado da avaliação externa de cada escola; as quotas variam segundo o "tipo" de professor (titular, contratado, etc); a avaliação feita pelo coordenador representa 50% na totalidade da avaliação."
Quando perguntei qual a legislação que suporta estes príncipios, alguém comentou que a experiência é a de se diz para se fazer assim e que depois há-de surgir alguma lei pois é assim que as coisas têm acontecido...

Ana S.

Comentário meu
Se a intenção é dar cabo da profissão docente, não vale a pena fazerem mais porque já conseguiram.
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Pit Bull em prisão domiciliária reclama inocência

“Não era capaz de fazer uma coisa daquelas”
O animal que na semana passada deu uma dentada nos testículos de um vizinho diz que está a ser vítima de perseguição política. «Eu sou o primeiro Pit Bull em prisão domiciliária desde o 25 de Abril» - disse o cão ao Imprensa Falsa - «a esta hora podia andar atrás daquela caniche do casal alemão que tem a quinta em São Pedro e estou aqui».
Quando confrontado com as mazelas do vizinho que o acusa, o cão lembra que é o melhor amigo do homem e diz que «não era capaz de fazer uma coisa daquelas». «O rapaz é um bocado chato, é verdade… muitas vezes estou a dormir na casota e ele vem aqui para a porta jogar à bola… mesmo para me provocar… ele sabe que eu não posso ver uma bola a saltitar.»
O quadrúpede quer ser defendido por José Miguel Júdice e justifica: «dá-se bem com o Governo e já sabemos como as coisas funcionam... Só para lhe dar um exemplo, eu tenho um amigo na câmara de Sintra… acha que me puseram o chip? Claro que não! Instalámos o chip que me estava destinado na perna de uma idosa acamada, o que significa que eu, para todos os efeitos, ainda não saí da cama 48 do Asilo de Penaferrim. Olhe… em bom rigor, quando o rapaz foi mordido eu estava a ser operada às varizes…»
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Sem-Abrigo
Por ser contra os sem-abrigo, é que eu digo:' Rua com eles!'

Visão
Hoje vi o cego que mora por cima da óptica da avenida da Boavista.

Distracção
Nunca conheci um ornitólogo que não fosse despassarado.

Naufrágios
Relativamente a naufrágios, os barcos vão sempre ao fundo da questão.

Sorte
Apesar de não ter mexido uma palha,
encontrei uma agulha no palheiro.

Rufar
Hoje vi um arrufo entre dois bateristas.

HTTP://IRONIADODESTINO.BLOGS.SAPO.PT/

1001 maneiras de ser despedido


Foram ontem apresentadas as novas propostas do Governo para alterar a lei laboral. A intenção, dizem eles, é flexibilizar mais os horários de trabalho e lutar mais contra o trabalho precário. Desta vez não estão a mentir. Ainda não li todas as mediadas de flexibilização que propõem e só conheço aquelas que foram faladas nas noticias. Nesta flexigurança à portuguesa a flexibilidade parece estar lá toda, não me lembro é de ter ouvido falar nada da parte da segurança. Luta-se contra a precariedade do emprego dizem. Quem tiver trabalhadores a prazo ou pagos a recibo verde vai ter de descontar para a segurança social uma parte do que antes era suportado pelo trabalhador. Parece fixe, não parece? Para a combater ainda mais esse flagelo, até vão dar benefícios fiscais às empresas que só tenham trabalhadores com contrato definitivo. Também parece bom, não parece? Só que nem sempre o que parece é, porque se pensarmos um bocadinho podemos perceber que tornando o despedimento livre, acaba para os patrões a necessidade de fazerem contratos a prazo. Todos passamos a estar contratados a prazo, ao prazo que o patrão quiser e desejar. Não lhe lambeste bem as botas, rua. Queres o quê? Aumentos? Rua. Hoje não podes ficar a trabalhar até mais tarde porque tens que ir buscar os teus filhos à escola? Rua. Não admira que os patrões gostem da ideia e aplaudam as medidas do governo. Passam a ter todos os trabalhadores com a prática dos precários e ainda vão ganhar uns benefícios fiscais.
Agora está na hora de ir ler a proposta desta lei e começar afazer contas à vida. Não ao dinheiro, que esse já é pouco e já sabemos que não chega ao fim do mês, mas ao que vamos ter de fazer no trabalho e quais os direitos que vamos deixar de poder usufruir. Não por serem proibidos mas porque podem irritar o patrão.
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A violência na escola brota da violência na família e na sociedade

O discurso oficial do ME e dos "think tanks" que o rodeiam há muito tempo que deixou de falar da importância do respeito, disciplina, obediência e amor, como se fosse possível educar sem a sua presença. Pior que isso: há muito que o discurso oficial procura retirar os conceitos de obediência, harmonia e amor do léxico pedagógico e da prática das nossas escolas! Talvez essa ausência explique o actual mal-estar docente e as maleitas de que sofrem as nossas escolas e as nossas famílias. Talvez o problema não seja só a falta de recursos materiais e de tempo, mas sobretudo a falta de amor! Talvez o mal-estar dos professores radique no facto de se estarem a transformar em burocratas e gestores que queimam as suas energias à volta de papéis, reuniões, actas e relatórios! Talvez o desencanto de professores, alunos e famílias se deva o facto de o discurso tecnocrata ter tomado o lugar do discurso humanista e personalista! Com a tecnocracia, da esquerda e da direita, as propostas de reforma e de inovação educativa têm-se limitado, desde há muitos anos, à questão do poder escolar, da gestão, da autonomia administrativa e das parcerias com os poderes políticos e económicos, como se a educação e o bem-estar das nossas crianças e jovens tivessem alguma coisa que ver com a partilha e a conquista do poder! O discurso e a prática tecnocratas esqueceram a verdadeira missão da escola e do professor: ensinar e formar as novas gerações, para que elas sejam capazes de conhecer o que de mais sublime foi construído antes delas e possam acrescentar, ainda mais luz, a essa espantosa herança cultural.
Como é possível falar de qualidade da educação quando se exige dos professores que sejam mais gestores, burocratas e administradores do que docentes? Como é possível falar de qualidade na educação sem uma política, um discurso e uma prática de apoio à família, esse grupo perfeito que nos dá vida e onde aprendemos a amar?
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O planeta não é lixo


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É urgente fazer voltar o clima saudável às escolas

O sociólogo José Madureira Pinto, catedrático da Universidade do Porto,
diz que os professores estão a ser, injustamente, os bodes expiatórios das
incapacidades do actual sistema educativo e das nossas insuficiências sociais –

José Madureira Pinto é, desde 1994, Professor Catedrático do Grupo de Ciências Sociais da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde se licenciou em 1968. É membro do Instituto de Sociologia e tem colaborado regularmente com o Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da mesma universidade. Doutorou se em Sociologia pelo ISCTE em 1982. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia entre 1990 e 1994.

Leccionou, ao nível de licenciatura, várias disciplinas das áreas da iniciação às ciências sociais, metodologia das ciências sociais, teorias sociológicas, sociologia rural e urbana e sociologia da estratificação e das classes sociais, e ao nível de pós-graduação disciplinas das áreas da metodologia das ciências sociais, da sociologia da cultura, da sociologia da educação e da sociologia económica. Presentemente, coordena, no âmbito do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, uma pesquisa financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia sobre “Transformações sociais numa colectividade rural do Noroeste português”, envolvendo uma revisitação a uma freguesia estudada há três décadas. Dirige a revista Cadernos de Ciências Sociais nas Edições Afrontamento – tendo co organizado, com Loic Wacquant e Virgílio Borges Pereira, o último número publicado: “Génese e legado da obra de Pierre Bourdieu. Espaço, cultura, dominação”, 2007, bem como, com António Joaquim Esteves, o próximo número, no prelo, sobre “Precariedade de emprego, modos de vida incertos, impasses de desenvolvimento”.

É autor de diversos livros, artigos e capítulos de livros sobre teoria e metodologia das ciências sociais, sociologia rural, sociologia da educação e das práticas culturais, sociologia do trabalho e das classes sociais, tendo publicado, em 2007, o livro Indagação científica, aprendizagens escolares, reflexividade social, nas Edições Afrontamento. Foi, entre 1996 e 2006, consultor do Presidente Jorge Sampaio para a área da “Economia, sociedade e desenvolvimento” (no âmbito da Assessoria para os Assuntos Económicos e Sociais da Casa Civil da Presidência da República).

– Começo por lhe colocar uma questão de natureza generalista: que apreciação faz do desempenho do sistema educativo português?

Ao fazermos uma análise global e diacrónica da evolução do sistema educativo português, não podemos deixar de manifestar algum optimismo por aquilo que, apesar de tudo, foi alcançado num período de três décadas. É bom não esquecer qual foi o ponto de partida após várias décadas de ditadura. A escola portuguesa foi capaz de vencer limitações antigas e, em determinados domínios, chegar a resultados francamente positivos, como a taxa de frequência do ensino superior, que hoje não se situa muito longe dos índices europeus. Neste capítulo, não se pode deixar de questionar a incapacidade do sistema económico em absorver o conjunto dos licenciados saídos do sistema, problema que, na minha opinião, finge-se não existir. Mas ele começa a colocar problemas sérios, porque estamos a falar já de largas dezenas de milhar de jovens licenciados que não têm emprego ou que apenas conseguem colocação em trabalhos onde se exige aptidões inferiores às suas qualificações escolares.

– Mas é perceptível um sentimento de insatisfação com o sistema educativo português. A que se deve, na sua opinião?

Esquece-se desde logo que não se pode exigir ao sistema educativo níveis de qualidade que muitos outros domínios da sociedade portuguesa não alcançaram. Considero até – e esta é a minha tese – que algumas das limitações que ainda subsistem no sistema educativo decorrem mais das debilidades e dificuldades da sociedade portuguesa em geral do que propriamente da incapacidade do sistema e dos seus principais actores, os professores, que não são, ao contrário do que se afirma, o elo mais frágil do sistema educativo.

Não se pode esquecer que hoje em dia, numa sala de aula concreta, seja na periferia de Lisboa, seja no centro do Porto ou em algumas regiões do interior, se encontram crianças e jovens provenientes de origens sociais onde o capital e investimento cultural das famílias é muito baixo, e onde, em muitos casos, a escola é socialmente desvalorizada.

– Não será estranho que após mais de trinta anos de esforços a procurar ganhar a batalha da educação e da qualificação esse sentimento de desvalorização da escola permaneça?

Não podemos esquecer que há um mau ponto de partida. Há três décadas tínhamos um índice muito elevado de analfabetismo, sobretudo de iliteracia. E na geração dos pais dos jovens que hoje frequentam hoje o sistema educativo, sensivelmente entre os quarenta e os cinquenta anos, subsiste uma elevada percentagem com níveis de instrução inferiores à actual escolaridade básica obrigatória.

– Esse sentimento de insatisfação parece perpassar igualmente pelos jovens. Qual é a percepção que eles têm hoje da escola?

Considero precisamente que muitos dos jovens de hoje herdaram uma certa imagem de desvalorização da escola que é dominante nas suas famílias. No extremo oposto, há um conjunto de jovens oriundos de famílias privilegiadas, sobretudo em termos de capital económico e cultural, que, por terem uma relação mais próxima com o mundo da informação e com as indústrias culturais, têm uma relação desencantada, para não dizer irónica, com o trabalho de ensino aprendizagem que se pratica na escola e na sala de aula. Esta questão passará também em grande medida, claro, pela crescente perda de estatuto social dos professores.

– Publicou recentemente um artigo no jornal Público onde principiava a sua argumentação fazendo referência a uma afirmação do filósofo José Gil: «porquê tanto ódio, tanto desprezo, tanto ressentimento contra a figura do professor?». Por que razão é o professor apresentado hoje como bode expiatório pelas debilidades da educação portuguesa?

Na prática escolar quotidiana é o professor quem continua a estar numa posição charneira, no sentido em que é ele que se encarrega de gerir em tempo real – e esta dimensão do tempo real é muito importante – uma série de problemas que se condensam na sala de aula.

Problemas que têm raízes muito diversas, nomeadamente a grande heterogeneidade de origens sociais dos alunos – onde há os que estão muito longe de dominar os instrumentos necessários para entrar em sintonia com aquilo que é dito na sala de aula, e os outros que, pelo contrário, têm por vezes uma aquisição por excesso de instrumentos que lhes dão a ilusão de poderem dispensar a figura do professor para aprenderem e progredirem.

O contacto com as novas formas da cultura massificada e do acesso fácil à informação cria igualmente uma ilusão de dejá vu, fazendo com que para alguns a aula constitua uma maçada e conduza a uma certa incompreensão relativamente ao esforço do professor no sentido de procurar sintonia com eles e com os outros, tarefa que hoje exigiria metodologias muito diversificadas. Ora, esse desencontro é permanente.

– Mas porquê a cristalização desse ressentimento nos professores, e nos sindicatos, como refere no seu artigo?

Penso que será o resultado da incapacidade, não sei se intencional, de procurar entender as origens dos problemas. E quando não se quer, ou não se pode, ir ao fundo dos problemas tenta-se encontrar um bode expiatório. E dado que o sistema educativo continua a girar em torno da sala de aula – que considero ser uma forte limitação do actual sistema educativo – e do professor enquanto dinamizador do processo no seu interior, é a este que é assacada a incapacidade para gerir melhor o conjunto de problemas que tem pela frente. Um erro crasso, na minha opinião.

INSTITUCIONALIZAR O TRABALHO EM REDE

– Que razões o levam a considerar a sala de aula como uma limitação do sistema educativo?

Porque a sala de aula, até pela sua configuração física, é um espaço que está em dessincronia com as actuais dinâmicas culturais. Para poder funcionar precisa de encontrar do lado dos receptores da mensagem disposições incorporadas que levem a uma aceitação tácita, no momento em que o professor fala, daquilo que ele está a dizer. Acontece que, por variadas razões, face às quais o professor não tem qualquer tipo de responsabilidade, essa possibilidade de estabelecer uma “transacção fácil”, digamos assim, ao nível comunicacional é hoje muito reduzida. Daí o tempo médio muito elevado que cada professor despende para tentar, no local, diariamente, em qualquer aula, estabelecer o tal patamar de sintonia. Que pode levar 15, 20, 25 minutos, se calhar às vezes mais…

– Será a “falta de autoridade”, tantas vezes referida? Os professores perderam de facto essa autoridade?

Em certo sentido, sim, na medida em que quando não estão adquiridos esses dispositivos, o significado objectivo, os alunos não conferem autoridade ao discurso que estão a receber. Poderá haver várias saídas para isso: não ouvir, não estar atento, ser um “dissidente” na sala aula. Noutros casos, evidentemente, acontece sintonia, mas há também a rejeição absoluta, até agressiva, violenta.

– Mas de que forma recuperar essa autoridade? Através do autoritarismo?

Não, de maneira nenhuma. Existem muitas formas, e uma delas talvez passe pela diminuição drástica do número de alunos na sala de aula. Ou dando a aula com mais de um professor, porque não? Poder se á argumentar que são medidas financeiramente dispendiosas, mas se queremos, de facto, apostar seriamente na educação, fazer dela o vector estratégico para o país sair da situação difícil em que se encontra, então é preciso investir.

– Que outras medidas poderão contribuir para esse objectivo?

O apoio psicológico, por exemplo, que actualmente é uma medida pontual, mas que deve assumir se como permanente e fazer parte do quotidiano das escolas, ao qual o professor deverá recorrer para melhor poder lidar com alguns problemas com que sistematicamente se confronta na sala de aula.

A generalização de práticas de apoio ao professor por parte de outros profissionais, como psicólogos e assistentes sociais, é uma medida indispensável. Até para não conduzir o professor para soluções que, por vezes, podem mesmo agravar os problemas. É que hoje em dia exige se aos professores formas de intervenção junto dos alunos e das famílias para as quais eles não estão preparados. Mesmo quando essas iniciativas, como o apoio psicológico espontâneo, são bem intencionadas.

A realidade é que, actualmente, os professores estão isolados na sala de aula – pior do que isso, isolados uns dos outros –, as escolas estão desapoiadas, divorciadas de redes de apoio social. Que até existem. Aliás, existem hoje na sociedade portuguesa mais redes sociais de apoio aos grupos desfavorecidos do que acontecia no passado. Estas redes deveriam ser postas em articulação institucional permanente, assumindo um acompanhamento orgânico que, de algum modo, sirva para filtrar uma grande parte dos problemas que hoje se projectam directamente na sala de aula.

– A melhor forma de caminhar para uma sociedade tendencialmente igualitária passará por um sistema educativo unificado, padronizado, com currículos e percursos educativos pré-estabelecidos, como acontece actualmente, ou antes por um percurso único mas diversificado?

Eu tenho sobre essa questão uma opinião que julgo ser pouco partilhada. Penso que o sistema unificado deve prolongar se temporalmente tanto quanto possível no percurso escolar, mas basear-se em formações de leque muito alargado. Esta foi uma limitação que, na minha perspectiva, marcou negativamente o sistema educativo português, impedindo-o, nomeadamente, de encontrar uma solução adequada para aquele que é um dos seus principais constrangimentos: o ensino técnico profissional. Isto porque, na minha opinião, ele se assume, no mau sentido, como um sistema demasiado licealizado, com muito pouca abertura para outras aprendizagens, essenciais para atrair alguns grupos que, por motivos de origem social e de algumas limitações culturais de base, aderem dificilmente aos saberes mais formais mas poderão mostrar abertura para uma aprendizagem de natureza mais experimental.

Com a oferta de um leque de formações alargadas mais informais, penso que seria possível garantir uma formação básica correspondente ao 9º ano bastante mais atraente, o que conferiria maior igualdade de oportunidades no momento de optar pelo prosseguimento de estudos. O que assistimos hoje é a elevados índices de insucesso escolar e de abandono precoce. Não é justa a existência de formações que dão mais facilidade a um conjunto de alunos só porque têm uma herança cultural que lhes é mais favorável.

ILUDIR O ESSENCIAL IGNORANDO OS PROBLEMAS DE FUNDO

– A escola – cada vez mais a tempo inteiro – parece ter-se transformado na única resposta às necessidades educativas dos jovens portugueses, com uma panóplia de formações que, de certo forma, a esvaziam da sua função primordial. Será que os agentes exteriores à escola não deveriam ter um papel mais activo na prossecução desse papel?

Sim, estou de acordo. Se a tal ligação das escolas aos sistemas de protecção social assumisse uma função institucional, integrando-se no seu quotidiano e incorporando-se nas rotinas profissionais de quem está na escola, muitos desses problemas eram resolvidos noutros âmbitos.

O sistema educativo, por exemplo, está claramente desarticulado com o sistema de saúde. E é possível, e necessário, fazer uma articulação regular e institucional entre os dois. E quem fala do sistema de saúde fala do sistema de reinserção social e de outros serviços que, no actual formato, não trazem nenhuma mais valia significativa ao quotidiano das escolas. Desta maneira, seria possível libertá-las de uma série de tarefas que ela continua a acumular como se este fosse o espaço onde se encontre solução para todos os problemas não resolvidos da sociedade portuguesa.

– Numa lógica de escola concentracionária…

Sim, e é nesse sentido que algumas medidas que podemos considerar como positivas, como a implementação do estudo acompanhado – que, aliás, era uma prática espontânea por parte de muitos professores – não possam ser concretizadas de uma forma equilibrada, porque se sobrecarrega os professores para além do razoável, impedindo os de, por exemplo, terem tempo para uma preparação cuidada das aulas ou para a implementação de soluções imaginativas que podem fazer a diferença no confronto diário na sala de aula.

De facto, não se pode pôr os professores a trabalhar muitas horas por dia, numa lógica aparentemente punitiva, descurando a componente de auto-formação e o tempo de discussão entre pares indispensável para garantir aulas de qualidade e, sobretudo, confiança para enfrentar as exigências do seu trabalho.

– Parece estar a avançar-se para uma lógica unívoca de gestão, contrariando os princípios democráticos de funcionamento das escolas conquistados ao longo das últimas três décadas. Concorda com esta ideia?

Concordo. Mesmo no seio das organizações empresariais já se vai avançando no sentido de democratizar, por assim dizer, o espaço de trabalho. De uma forma limitada, é certo, mas vai-se avançando. A literatura referente ao comportamento organizacional e à psicossociologia das organizações, aliás, refere a importância da participação, da motivação e da criação de elos entre os diferentes actores, porque só isso permite pensar a organização a prazo, investir nela e nas formações dos seus profissionais. Por isso me intriga e preocupa que este avanço no sentido de uma maior participação dos profissionais no seu espaço de trabalho esteja a ser posto em causa nas escolas. Não percebo em que análises sociológicas ou organizacionais se apoiam os responsáveis da educação para concluírem que acabar com o sistema de gestão democrático em vigor resolverá os problemas. Daquilo que conheço da vida das escolas e das aspirações, motivações e formas de participação dos professores não estou a ver como é que esta inflexão no sentido do reforço da autoridade do gestor não eleito democraticamente irá melhorar o funcionamento das escolas. Tudo me leva a crer que conduzirá precisamente ao contrário.

Mais uma vez parece-me que se está a querer iludir o essencial. Em vez de se atacar os problemas de fundo que se colocam à prática profissional diária dos professores, invoca-se o argumento da gestão. Tenho a sensação de que estamos perante mais um caso de reforma cujo objectivo não é ir ao fundo das questões e mudar o essencial, mas apenas mexer para disciplinar, regular.

– Depois da manifestação do dia 8 de Março, e perante esta situação de ruptura entre docentes e a tutela, qual pode ser a saída para o impasse?

Francamente, a saída afigurasse-me muito difícil. Eu contacto habitualmente com muitos professores, de diversos locais, diferentes níveis de ensino e de várias idades, e assisto a uma total falta de sintonia com o Ministério da Educação, a um desencanto enorme, e mesmo uma certa rebeldia, que, se não forem ultrapassados, evidentemente não poderão conduzir a nada de bom.

Quanto à questão de como resolver este problema em concreto, há quem tenha proposto a mediação do Conselho Nacional de Educação, por exemplo. Essa proposta foi avançada recentemente pelo Daniel Sampaio, considerando que a situação chegou a um tal ponto que para repor a confiança e alguma estabilidade será necessária a intervenção de uma estrutura formal intermédia como o CNE. Mas não sei até que ponto mesmo esta solução poderá constituir uma resposta para o impasse que se vive.

– Na sua opinião, o que levou a que se chegasse a este ponto?

Acho que se deveu sobretudo a uma muita errada estruturação e sequenciação das medidas de reforma educativa. Tudo tem evoluído de forma inversa àquela que deveria ter sido a solução. Considero que, antes de mais, devia se ter avançado com medidas que levassem a uma relação de confiança entre os professores e o ministério. O que o ministério fez desde o início, porém, foi contribuir para quebrar essa relação de confiança. Porque se partiu do princípio que os únicos responsáveis pelas dificuldades do sistema educativo são os professores, apenas por serem eles os agentes mais visíveis.
Ricardo Jorge Costa
A Página
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