quarta-feira, agosto 27, 2008

Efeito Berlusconi

Em Itália, a Federação Nacional de Faculdades de Medicina defende o fim das transmissões de “Dr. House” e “Anatomia de Grey”. Diz a presidente da federação, Annalisa Silvestro, que estas séries “estão a ensinar aos espectadores formas inexactas de aplicar medicina, desinformando a população”.
Como puderam as faculdades de Medicina escolher esta senhora para presidir à federação nacional? Será que o nome “Annalisa” não lhes disse nada?
Filosoficamente falando, a senhora Silvestro parte de uma premissa originariamente falsa: considera que o italiano médio não pode ser mais inteligente do que ela, que é médica e preside a uma federação nacional.
Este é, aliás, o princípio fundador da censura e, ao mesmo tempo, o seu escândalo. Quem corta, para não se ver, julga o espectador pela sua marca de inteligência.
Entre nós, o Estado Novo entendeu que o povo português não era menos provinciano e bafiento que os seus governantes. Mandou então cortar tudo aquilo que estes não conseguiam ver sem que os dogmas de uma vida se desfizessem como um castelo de cartas.
Em Itália, por estes dias, insiste-se. A eminente Federação Nacional de Faculdades de Medicina não percebe duas séries e por isso, só por isso, acha que ninguém mais percebe.
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