sábado, fevereiro 28, 2009

A mãe de todas as anedotas - Sócrates candidato pela decência

Nada como começar o dia a rir até às lágrimas!!!!

O actual primeiro-ministro anunciou hoje que se recandidata nas próximas eleições legislativas "em nome de valores éticos e da decência na vida democrática".

Na abertura do XVI Congresso Nacional do PS, em Espinho, José Sócrates anunciou a sua recandidatura a primeiro-ministro sob o argumento de que "não podemos deixar que vençam aqueles que fazem política com base na calúnia e nos ataques pessoais". O Secretário-Geral do PS afirmou ainda que a sua recandidatura será feita em nome da responsabilidade política, para se submeter ao julgamento dos portugueses o trabalho do Governo.

Em relação ao caso Freeport, Sócrates adiantou: "Não viro a cara, nem temo esse julgamento. Quero defender o trabalho do Governo nesta legislatura e confio no julgamento dos portugueses".

No discurso, que durou 50 minutos, o actual primeiro-ministro apelou ainda ao voto dos seus companheiros de partido para que a vitória seja socialista e por maioria absoluta.

casa do preto

Com Sócrates, Portugal precisa de 51 anos para atingir o nível de escolaridade da OCDE e da UE

Com Sócrates, Portugal precisa de 51 anos para atingir o nível de escolaridade da OCDE e da UE, quando antes eram 29 anos, e nos últimos 6 foram destruídos 109 mil empregos de escolaridade mais baixa

O sistema de ensino em Portugal não tem correspondido às necessidades de desenvolvimento do País. A prová-lo está o baixo nível de escolaridade da população empregada (em 2007, ainda 72,5% da população tinha o ensino básico ou menos, quando a média na UE era apenas 29,2%), o elevado abandono escolar (em 2007, 36,2% em Portugal e apenas 15,2% na UE), a reduzida percentagem da população com idade entre os 25 e 64 anos, com pelo menos o ensino secundário (em 2007, 27,5% em Portugal e 70,8% na UE). É evidente que um país com uma população com tão baixo nível de escolaridade em pleno séc. XXI é incapaz de ter um desenvolvimento elevado e sustentado.
Entre 2000 e 2004, portanto nos 4 anos anteriores a Sócrates, a população empregada com o ensino básico ou menos diminuiu em Portugal em 200,4 mil, ou seja, à média de 50,1 mil por ano; e a população com o ensino secundário aumentou em 98,4 mil (24,6 mil por ano) e a com o ensino superior cresceu em 204 mil (51 mil por ano). No período 2004-2008, ou seja, nos 4 anos de governo de Sócrates, a população empregada com o ensino básico ou menos, diminuiu apenas em 119,2 mil (29,8 mil por ano), a com ensino secundário aumentou em 93,9 mil (23,5 mil por ano), e a com ensino superior cresceu em 100,3 mil (25,1 mil por ano). Isto significa que Portugal, para atingir um nível de escolaridade semelhante ao que tinham os países da OCDE e da UE em 2006 – ou seja, a população com um nível de escolaridade igual ou inferior ao básico completo representar apenas 31% –, precisaria de 29 anos ao ritmo anterior à entrada em funções do governo de Sócrates, e de 51 anos ao ritmo de diminuição da população com o ensino básico ou menos verificada durante os 4 anos de governo de Sócrates. É claro o retrocesso com Sócrates.
Em Portugal, observa-se uma profunda distorção nos resultados do sistema de ensino português: a percentagem da população empregada com o ensino superior em 2008 (14,9% em 2008) é praticamente igual à percentagem da população empregada com o ensino secundário (15,2% do total em 2008), situação que não se verifica na maioria dos países, o que é mais um obstáculo ao desenvolvimento, devido à insuficiência de trabalhadores qualificados com o 12º ano.
Portugal é um dos países da União Europeia onde o nível de escolaridade tem um maior efeito nos ganhos obtidos pelos trabalhadores. De acordo com uma publicação da OCDE de 2008, em Portugal, um trabalhador com o ensino secundário ganhava em 2006, em média, mais 49% do que um com o ensino básico e um com o ensino superior ganhava, em média, mais 164% do que um trabalhador com o ensino básico, e mais 77% do que um trabalhador com o ensino secundário. Portanto, para aumentar os ganhos dos trabalhadores é indispensável aumentar a escolaridade.
Neste momento, são as profissões de nível de escolaridade mais baixa que estão a ser mais atingidas pelo desemprego. Segundo o INE, o emprego diminuiu em 52,5 mil postos de trabalho entre o 2º Trimestre e o 4º Trimestre de 2008, mas nas profissões com nível de escolaridade mais elevado (quadros superiores, especialistas de profissões intelectuais e científicas, e técnicos de nível intermédio) o emprego até aumentou em 59,9 mil, enquanto nas profissões “Operários e operadores de máquinas e instalações” e “Trabalhadores não qualificados” o emprego diminuiu em 109,3 mil. É evidente que a maioria, para não dizer a quase totalidade, destes 109 mil trabalhadores ficaram no desemprego, pois naturalmente não ocuparam os postos de trabalho criados para “quadros superiores, especialistas de profissões intelectuais e científicas, e técnicos de nível intermédio”. A fragilidade do País no campo da escolaridade para enfrentar a crise actual é evidente, apesar das declarações em contrário do governo e dos seus defensores.
O fracasso da reforma de ensino do governo de Sócrates e a desorganização que ela tem provocado em todo o sistema levou este governo a uma fuga para a frente. O governo de Sócrates criou um programa a que chamou “Novas Oportunidades” que tem como objectivo dar milhares de diplomas do 12º ano. Com esse objectivo, o Ministério da Educação apresentou na Assembleia da República, aquando do debate do OE2009, um orçamento para este ano, para o programa “Novas Oportunidades”, de 498,6 milhões de euros, sendo 458,1 milhões de euros, ou seja, 91,9% destinados à formação de jovens, portanto, naturalmente sem experiência profissional. Perante o fracasso da reforma do sistema de educação, este governo pretende encaminhar um número crescente de jovens para o programa “Novas Oportunidades” e, com base numa formação de cerca de 2.000 horas, que corresponde a um ano e meio de formação, dar diplomas do 12º ano. Este governo tenciona, assim, substituir três anos de escolaridade (10. 11º e 12º) por um ano e meio de formação. Durante o debate do OE2009, em Novembro de 2008, em que participámos, confrontámos directamente a ministra da Educação com a seguinte questão: Como é que o governo garante a qualidade destes cursos e que, num ano e meio de aulas, os formandos obtêm conhecimentos idênticos aos obtidos em três anos de escolaridade no sistema oficial de educação? E a única resposta que a ministra deu foi textualmente a seguinte: «A Universidade Católica está a fazer uma avaliação a essa formação e só no fim do ano é que se poderá fazer a 1ª avaliação aos seus resultados». É desta forma que o governo pretende alterar as estatísticas sobre o baixo nível de escolaridade da população empregada, e isso é o que parece ser mais importante para este governo, preocupando-se pouco com os efeitos que isso poderá ter futuramente no processo de desenvolvimento do País.
http://infoalternativa.org/spip.php?article626

velocidade desmesurada!...

A reconquista cristã do casamento

Mais de um milénio depois, os mouros estão de volta a Portugal e desta vez querem casar connosco. Em 711 vieram para lutar; agora vêm para contrair matrimónio o que, pensando bem, é quase a mesma coisa, se não for mais sangrento. Por sorte, os cruzados continuam de atalaia e, depois de terem rechaçado a invasão da Península Ibérica, parecem prontos a impedir esta nova e igualmente perniciosa invasão das conservatórias.
Pessoalmente, confesso que não dei por nada. Só sei que os mouros voltaram porque, no espaço de pouco mais de um mês, dois cardeais foram ao Casino da Figueira precatar as moças católicas contra os perigos do casamento com muçulmanos. Eu não conheço uma única senhora que pretenda desposar um muçulmano, nem imagino a razão pela qual os mouros, aparentemente, preferem noivas católicas frequentadoras de casinos. Mas a verdade é que, tendo em conta a frequência dos avisos e o local em que eles são emitidos, o que não falta na Figueira da Foz são donzelas cristãs que, após uma tarde de apostas na roleta, desejam unir-se em casamento com um seguidor do islamismo.
Vivemos em tempos estranhos.
A única senhora com a qual travei conhecimento que casou com um mouro chamava-se Desdémona, e realmente viria a ser assassinada pelo marido, mas não é menos verdade que o principal responsável pela sua morte foi um cristão especialmente pérfido. Suponho que aconselhar as raparigas a evitarem o casamento com mouros que tenham subordinados cristãos particularmente malévolos seja menos eficaz, e até pouco prático, mas de acordo com a minha experiência pessoal é, de facto, o mais apropriado.
Não quero com isto dizer que desconsiderei as recomendações dos cardeais.
Pelo contrário, tomei-as a sério: nunca ninguém me há-de ver casado com um muçulmano. Até porque conheço bem o perigo que corremos quando nos relacionamos com pessoas que interpretam literalmente os textos sagrados, como fazem muitos muçulmanos e o cardeal Saraiva Martins. Mas, em Dezembro de 2007, D. José Policarpo disse que o maior drama da humanidade era o ateísmo. Pouco mais de um ano depois, vem alertar as portuguesas para os malefícios do casamento com gente que acredita e muito em Deus, e esquece-se do perigo que representam os incréus. Não digo que, para impedir os casamentos entre católicas e ateus, volte a entrar num casino. Mas custa-me a compreender que não interrompa ao menos um jogo de poker para avisar as jovens católicas que pretendem casar-se com quem professa o maior drama da humanidade. A minha mulher deveria ter tido a oportunidade de saber o monte de sarilhos em que se ia meter. Estar casada com um palerma que não deseja matá-la por causa das suas convicções religiosas é um drama pelo qual nenhum ser humano devia ser obrigado a passar.
http://infoalternativa.org/spip.php?article623

pois, deixa-me pensar!...

Protesto leva ministra a cancelar visita...

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, cancelou a visita, prevista para hoje, a Santa Comba Dão, onde deveria inaugurar o Conservatório de Música e Artes do Dão, depois de o Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) ter anunciado que iria manifestar-se no local contra a política educativa.
"Se ela não vem nós também não estaremos lá", disse Francisco Almeida, do SPRC.
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Entretanto, a TVI noticiou que a ministra pode ter de pagar um valor equivalente a 10% do salário mínimo por cada dia de incumprimento de uma decisão judicial, após acção movida por um grupo de professores da escola Secundária João de Araújo Correia, em Peso da Régua, que contestaram as eleições para o conselho executivo.

Saber é preciso ! Ignorar é cumplicidade !

É preciso que se saiba

"... se os portugueses comuns (os que têm trabalho) ganham pouco mais de metade (55%) do que se ganha na zona euro, os nossos gestores recebem, em média:

- mais 32% do que os americanos;

- mais 22,5% do que os franceses;

- mais 55 % do que os finlandeses;

- mais 56,5% do que os suecos"

(dados de Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 24/10/08)

E são estas bestas que chamam a nossa atenção porque "os portugueses gastam acima das suas possibilidades".

...Entre eles salienta-se o ILUMINADO génio das finanças Vítor Constâncio

Viseu: Professores em protesto durante visita de ministra

Professores do distrito de Viseu vão manifestar sábado o seu descontentamento com o Estatuto da Carreira Docente e o modelo de avaliação do desempenho durante uma visita da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, a Santa Comba Dão.A governante inaugura sábado à tarde o Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD), que está a funcionar desde o início do ano lectivo na Casa da Cultura de Santa Comba Dão, numa parceria entre a autarquia, o Ministério da Educação e a Edições Convite à Música.«Vamos estar presentes com as mensagens que temos transmitido, quer em relação à revisão do Estatuto de Carreira Docente, para acabar com as duas categorias e as quotas, quer quanto à suspensão deste iníquo modelo de avaliação», disse à agência Lusa Francisco Almeida, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro.O dirigente sindical lembrou que ainda em meados do mês os professores do distrito se manifestaram pelas ruas das cidades de Viseu e de Lamego, onde prometeram «não vergar» às vontades do Ministério da Educação.Segundo Francisco Almeida, junto à Casa da Cultura de Santa Comba Dão estará «uma delegação numerosa de professores».Garantiu que a intenção desta acção é apenas protestar pela atitude do Ministério da Educação em relação aos professores e não estragar a festa aos cerca de 170 alunos do Conservatório de Música e Artes do Dão.«Às crianças, se pudermos, até batemos palmas. Somos todos pais e professores. E a ministra vem inaugurar uma estrutura importante para a região do Dão, isso não está em causa», sublinhou.O Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD) tem actualmente alunos de Santa Comba Dão, Tábua, Carregal do Sal, Mortágua, Tondela e Nelas.A maioria deles, cerca de 120, são alunos das escolas básica 2/3 e secundária de Santa Comba Dão e frequentam o CMAD em regime articulado, tendo curricularmente optado pela via artística.«Foram celebrados protocolos para que as disciplinas teóricas sejam dadas nas próprias escolas. Toda a parte mais prática, de instrumentos musicais e audições, é no conservatório», contou à Lusa o seu director pedagógico, Paulo Gomes.O responsável congratulou-se por esta nova filosofia do Ministério da Educação, que financia em 100 por cento os alunos do regime articulado, avançando que foram já celebrados protocolos de intenções com escolas de Tábua e de Carregal do Sal.O Conservatório de Música e Artes do Dão está autorizado a ministrar cursos de acordeão, clarinete, flauta transversal, guitarra/viola dedilhada, oboé, percussão, piano, saxofone, trombone, trompa, trompete, tuba e violino.

poupar é preciso!


Ministério da Educação garante que vai repetir o acto eleitoral

A directora regional da Educação do Norte já deu instruções para que a a sentença que obriga a repetir as eleições numa escola da Régua vai ser mesmo cumprida. E acrescenta que não há hipótese de o ordenado de Maria de Lurdes Rodrigues vir a ser penhorado. A legalidade será reposta, após quatro decisões judiciais.O Ministério da Educação garante que vai finalmente cumprir a sentença que obriga a repetir as eleições para um conselho executivo de uma escola no Peso da Régua, depois de ter perdido na justiça todos os recursos interpostos contra um professor que impugnou um acto eleitoral.Mas, reagindo à notícia do SOL que refere que o incumprimento da referida decisão daria lugar à penhora do equivalente a 10% do ordenado mínimo nacional do vencimento de Maria de Lurdes Rodrigues, a directora regional, Margarida Moreira, acrescenta que isso é impossível de acontecer.«A decisão do Tribunal Administrativo de Mirandela é exclusivamente de repetição de um acto eleitoral», declarou ao SOL a directora regional, Margarida Moreira. «Nós vamos cumprir essa repetição e eu já dei indicações nesse sentido à escola», acrescenta.Em causa está uma acção interposta em 2007 por um professor, Pedro Pombo, para anular as eleições para o conselho executivo da Escola Secundária Dr. João de Araújo Correia, no Peso da Régua. O Ministério perdeu todos os recursos e tem agora até 13 de Março para cumprir a decisão.A penhora do ordenado da ministra é uma impossilidade, não só porque «a vontade do tribunal será satisfeita», diz Margarida Moreira, mas também porque «em lugar nenhum da parte decisória é referido qualquer nome, seja o da ministra, seja o de outro qualquer responsável do Ministério da Educação».No entanto, e segundo a sentença a que o SOL teve acesso, a decisão judicial determina o pagamento de uma sançãoo por cada dia que passa sem que o acto eleitoral na escola seja repetido - no valor de 10% do salario minimo nacional -, sendo este montante da responsabilidade do responsável máximo do Ministério da Educaçao, no caso, Maria de Lurdes Rodrigues.Processo atribuladoAntes desta sentença do Tribunal Adminstrativo e Fiscal de Mirandela, este caso já tinha subido à mais alta instância, o SupremoTribunal Administrativo, tendo sido dada razão ao professor Pedro Pombo. Mas a sentença não foi cumprida.Margarida Moreira diz porém que tentou cumprir a decisão do Supremo, seguindo «o entendimento da Direcção Regional de Educação do Norte, que era o seguinte: como a lei que o tribunal aplicava já não estava em vigor, considerámos que a pessoa em causa não tinha as condições, nos termos da lei actual». E assim voltaram a excluir o professor queixoso.Mas «os outros professores não concordaram e interpuseram uma nova sentença, no Tribunal de Mirandela», de execução da sentença do Supremo, que agora Margarida Moreira se diz disposta a cumprir.«Só recebemos ontem a decisão do tribunal. Vamos repetir o acto eleitoral, à luz de uma lei que já não existe», lamenta.Já o queixoso, o professor Pedro Pombo, após o longo processo judicial, aguarda agora poder ver satisfeitos os seus direitos.«Enquanto cidadão, tenho o direito e, sobretudo, o dever de pugnar para que a legalidade seja reposta» , afirmou ao SOL o docente, que diz esperar «que a tutela assuma, agora, as suas responsabilidades».Margarida Moreira, que assume responsabilidade pela continuada exclusão do professor, diz agora que, face à sentença, ele poderá concorrer à nova eleição do «órgão executivo que irá substituir a actual comissão adminstrativa provisória» nesta escola do Peso da Régua.«Quero a escola sossegada, com quem quer que for», explica.De referir que o SOL, na quinta-feira, questionou o Ministério da Educação sobre este processo, tendo enviado por mail um conjunto de questões, para as quais, no entanto, nunca obteve resposta.

Crise

Dar uma no cravo e outra na ferradura

FNE para já fora do cordão humano de professores

A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) não decidiu ainda se adere ao cordão humano de professores, dia 07, remetendo uma posição final sobre a sua participação para depois de uma reunião negocial com o Governo.

"Estando a decorrer um processo negocial com o Ministério da Educação (ME), consideramos que devemos aguardar pela proxima reunião, prevista para o dia 4, para conhecermos os desenvolvimentos e as aproximações do ME relativamente às nossas propostas", afirmou o secretário-geral da FNE, em declarações à agência Lusa.
João Dias da Silva sublinhou que as propostas do sindicato "não põem em causa o essencial das reivindicações de todas as organizações sindicais", nomeadamente o fim da divisão da carreira em duas categorias hierarquizadas, das vagas de acesso a professor titular e da existência de quotas parar atribuição das classificações mais elevadas no âmbito da avaliação de desempenho.

A Plataforma Sindical de Professores anunciou hoje, em comunicado, que já aderiram ao cordão humano, que vai ligar Ministério da Educação, Assembleia da República e residência oficial do primeiro-ministro, seis organizações, além da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), que inicialmente avançou com o protesto sozinha.

"Tem de haver respostas claras do Ministério da Educação relativamente à divisão da carreira, às quotas e às vagas", acrescentou o secretário-geral da FNE.

Nas últimas duas rondas negociais com o Governo de revisão da estrutura da carreira, tanto Ministério da Educação como FNE referiram uma "aproximação" entre ambos, tendo inclusivé a tutela acolhido a proposta do sindicato tendo em vista a realização de uma avaliação extraordinária na passagem do sexto para o sétimo escalão da carreira.

Na última reunião, o Governo chegou mesmo a admitir abdicar da existência de vagas para o acesso à categoria de professor titular se os sindicatos aceitarem a existência de uma categoria diferenciada e as quotas para atribuição das classificações de "muito bom" e "excelente" na avaliação de desempenho.

Relativamente ao novo diploma sobre o concurso de professores, a Plataforma Sindical anuncia, no mesmo comunicado, a entrega no ME, no primeiro dia dos concursos, de um abaixo-assinado de contestação que "reúne já milhares de assinaturas".

Por outro lado, vai ainda "diligenciar, junto das entidades competentes, no sentido de obterem a apreciação parlamentar do diploma legal, bem como a sua submissão a um processo de fiscalização sucessiva e abstracta de constitucionalidade".

Novo sinal de trânsito

Fora com todos eles

Ver as multidões na Islândia a baterem panelas até o seu governo cair recordou-me um refrão popular em círculos anti-capitalistas no ano de 2002: "Vocês são a Enron. Nós somos a Argentina".

A mensagem deles era bem simples. Vocês – políticos e presidentes-executivos apinhados em alguma cimeira comercial – são como os fraudulentos e apressados executivos da Enron (é claro que não sabemos nem a metade do que se passou). Nós – a multidão do lado de fora – somos como o povo da Argentina que, em meio a uma crise económica assustadoramente semelhante à nossa, tomou as ruas a bater panelas e frigideiras. "¡Que se vayan todos!", gritavam eles. E forçaram uma sucessão de quatro presidentes em menos de três semanas. O que tornou único o levantamento da Argentina de 2001-2003 foi o facto de não ser dirigido contra um partido político particular ou mesmo à corrupção no abstracto. O objectivo era o modelo económico dominante – esta foi a primeira revolta nacional contra o desregulamentado capitalismo contemporâneo.

Demorou um bocado, mas da Islândia à Letônia, da Coréia do Sul à Grécia, o resto do mundo está finalmente a ter o seu momento "¡Que se vayan todos!".

As estóicas matriarcas islandesas a baterem as suas panelas enquanto os seus filhos pilham o frigorífico em busca de projécteis (ovos, com certeza, mas iogurte?) reflectem as tácticas que ganharam fama em Buenos Aires. O mesmo se passa com a raiva colectiva contra as elites que arruinaram um país outrora próspero e pensaram que podiam escapar impunes. Como disse Garden Jonsdottir, um empregado administrativo islandês de 36 anos: "Estou farto de tudo isso. Não confio no governo, não confio nos bancos, não confio nos partidos políticos e não confio no FMI. Tínhamos um bom país e eles arruinaram-no".

Outro reflexo: em Reykjavik, os manifestantes claramente não serão subornados por uma mera mudança de caras no poder (ainda que a nova primeira-ministra seja lésbica). Eles querem ajuda para o povo, não apenas para os bancos; investigações criminais sobre a derrocada e uma profunda reforma eleitoral.

Exigências semelhantes podem ser ouvidas na Letónia destes dias, cuja economia contraiu-se mais drasticamente do que em qualquer país da União Europeia e onde o governo cambaleia à beira do abismo. Durante semanas a capital tem sido abalada por protestos, incluindo um tumulto com arremesso de pedras a 13 de Janeiro. Tal como na Islândia, os letões estão estarrecidos com a recusa de seus líderes em assumir qualquer responsabilidade pela confusão. Questionado pela TV Bloomberg sobre o que provocou a crise, o ministro das Finanças da Letónia encolheu os ombros: "Nada de especial."

Mas os problemas da Letônia são realmente especiais: as mesmas políticas que permitiram ao "Tigre do Báltico" crescer a uma taxa de 12% em 2006 estão também a provocar uma contracção violenta prevista em 10% para este ano: o dinheiro, liberto de todas as barreiras, foge tão rapidamente quanto entra, com grande parte dele sendo desviada para os bolsos políticos. (Não é coincidência que muitos dos países hoje com ansiedades sejam os "milagres" de ontem: Irlanda, Estónia, Islândia, Letónia).

Something else Argentina-esque is in the air. In 2001 Argentina's leaders responded to the crisis with a brutal International Monetary Fund-prescribed austerity package: $9 billion in spending cuts, much of it hitting health and education. This proved to be a fatal mistake. Unions staged a general strike, teachers moved their classes to the streets and the protests never stopped.

Algo mais "argentinesco" está no ar. Em 2001, os líderes da Argentina responderam à crise com um brutal pacote de austeridade prescrito pelo FMI: US$ 9 mil milhões de redução das despesas governamentais, grande parte das quais atingindo a saúde e a educação. Isto demonstrou ser um erro fatal. Os sindicatos efectuaram uma greve geral, os professores deram aulas nas ruas e os protestos nunca cessaram.

A recusa dos de baixo em suportar o fardo da crise une muitos dos protestos de hoje. Na Letónia, grande parte da raiva popular concentrou-se nas medidas de austeridade do governo – despedimentos em massa, redução dos serviços sociais e cortes nos salários do sector público – tudo isso para ter direito a um empréstimo de emergência do FMI (não, não mudou nada). Na Grécia, os tumultos de Dezembro verificaram-se depois de a polícia alvejar um jovem de 15 anos. Mas o que tem mantido a revolta em andamento, com os agricultores tomando a vanguarda em relação aos estudantes, é a fúria generalizada com a resposta do governo à crise: os bancos obtiveram um salvamento financeiro de US$ 36 mil milhões ao passo que os trabalhadores tiveram as suas pensões cortadas e os agricultores nada receberam. Apesar dos incómodos provocados pelos tractores a bloquearem as estradas, 78% dos gregos consideram que as reivindicações dos agricultores são razoáveis. Analogamente, em França a recente greve geral – desencadeada em parte pelos planos do presidente Sarkozy de reduzir drasticamente o número de professores – contou com o apoio de 70% da população.

Talvez a ligação mais forte a conectar toda esta reacção mundial seja uma rejeição da lógica da "política extraordinária" – a expressão cunhada pelo político polaco Leszek Balcerowicz para descrever como, numa crise, os políticos podem ignorar as regras legislativas e apressar "reformas" impopulares. Esse truque está a ficar desgastado, como descobriu o governo da Coreia do Sul. Em Dezembro, o partido dominante tentou usar a crise como aríete para forçar um acordo altamente controverso de livre comércio com os Estados Unidos. Levando a política a portas fechadas a novos extremos, os legisladores trancaram-se na Câmara de modo a poderem votar em privado, barricando a porta com mesas, cadeiras e sofás.

Os políticos da oposição não estavam para isso. Com marretas e uma serra eléctrica, entraram à força e fizeram uma ocupação de 12 dias do Parlamento. A votação foi adiada, permitindo mais debates – uma vitória para uma nova espécie de "política extraordinária".

Aqui no Canadá, a política é nitidamente menos adequada a cenas no YouTube – mas ainda assim tem sido surpreendentemente movimentada. Em Outubro, o Partido Conservador ganhou as eleições nacionais com uma plataforma pouco ambiciosa. Seis semanas depois, o nosso primeiro-ministro conservador descobriu seu ideólogo íntimo, apresentando um projecto de orçamento que despojava os trabalhadores do sector público do direito à greve, cancelava o financiamento público para os partidos políticos e não continha qualquer estímulo económico. Os partidos de oposição responderam formando uma coligação histórica que foi impedida de tomar o poder só por uma suspensão abrupta do Parlamento. Os conservadores acabaram por voltar com um orçamento revisto: as políticas favoritas da direita desapareceram e está embalado com estímulos económicos.

O padrão é claro: governos que respondam a uma crise criada pela ideologia do livre mercado com uma aceleração daquela mesma agenda desacreditada não sobreviverão para contar a história. Tal como os estudantes italianos gritaram nas ruas: "Não pagaremos pela sua crise!"
Naomi Klein
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Desigualdade social


Ministra da Educação terá o ordenado penhorado

O Tribunal obrigou Maria de Lurdes Rodrigues a pagar 10% do salário mínimo, por cada dia de incumprimento de uma sentença judicial. Em causa está um processo interposto por um professor
Em causa está uma acção interposta em 2007 por um professor, para anular as eleições para o conselho executivo da Escola Secundária Dr. João de Araújo Correia, no Peso da Régua.Depois de ter perdido todos os recursos, o Ministério da Educação tinha três meses para cumprir a ordem judicial e repetir o acto eleitoral. Como não o fez, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela decidiu que Maria de Lurdes Rodrigues deve pagar «10% do salário mínimo nacional» por cada dia de atraso no cumprimento da sentença que deu razão ao professor Pedro Pombo. O prazo começa a contar quinze dias depois do trânsito em julgado desta decisão – no dia 13 de Março.«Enquanto cidadão, tenho o direito e, sobretudo, o dever de pugnar para que a legalidade seja reposta», afirmou ao SOL o docente, que diz esperar «que a tutela assuma, agora, as suas responsabilidades».

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Casais interrompem o namoro 3 dias por semana para poupar em saídas

Os novos modelos de gestão/medidas anti-crise implementadas pelas empresas estão já a ser adoptados nas relações conjugais. Alguns casais já estão a aplicar os "down days" (dias de paragem), medida implementada com sucesso na indústria automóvel. Milhares de casais estão a seguir o modelo amoroso da Autoeuropa, evitando as consequências do formato “Volkswagen Alemanha” ou o “Qimonda”. “A Autoeuropa salvou o nosso casamento. Se eles conseguem equilibrar os picos de produção com as alturas em que as encomendas diminuem, porque é que nós também não seríamos capazes de fazer o mesmo?”, afirmou uma mulher.
http://biscoitointerrompido.blogspot.com/

É por imitação?

Crise: SIBS detecta aumento de pedidos de reparações da tecla "Consulta de Saldos" das caixas MB

A actual crise económica que assola o país já se reflete no funcionamento das caixas automáticas. Segundo a SIBS, as teclas mais avariadas são, além da tecla de consulta de saldos, a tecla levantamento de “outras importâncias”, usada nos levantamentos de notas de 10 euros. A crise está a trazer também outro tipo de alterações às caixas Multibanco. Segundo um estudo higieno-sanitário realizado a 10 mil máquinas, as teclas de levantamento de 200 euros e 150 euros estão, este ano, bacteriologicamente puras.
http://biscoitointerrompido.blogspot.com/

Confissão

PSP de Braga apreende batata com forma obscena



Numa manhã soalheira de Fevereiro, os habitantes de uma pacata zona residencial bracarense foram surpreendidos pela chegada de um carro-patrulha da PSP, de onde saíram quatro agentes fortemente armados, correndo para uma mercearia local e voltando a partir, com a sirene ligada. O motivo da urgência era transportado nas mãos de um dos agentes, envolto num pano de cor escura: uma batata. Mas não uma batata qualquer. O tubérculo criminoso foi extraído do solo em que nasceu com forma semelhante à de um elemento anatómico pouco dado à exposição pública. O comando local da polícia justificou a acção com inúmeras queixas apresentadas pelos clientes da mercearia, incluindo pais forçados a explicar aos filhos as embaraçosas minúcias dos alimentos com forma brejeira e uma idosa que ficou em estado catatónico depois de recordar algo em que não pensava há muito. O proprietário deslocou-se à esquadra para tentar recuperar a mercadoria, mas foi-lhe dito que a batata se encontrava detida e que aguardava julgamento. A avidez da PSP de Braga no combate à obscenidade foi notícia pela apreensão de livros com um quadro considerado pornográfico na capa, mas, já no mês passado, foi mobilizada uma brigada de intervenção rápida para capturar um indivíduo que se passeava sem calças, medida que muitos consideraram exagerada. “Não se tratou de qualquer exagero”, explicou o comissário Acúrcio, “a nudez do sujeito apresentava dimensões capazes de provocar uma calamidade pública. Ninguém na esquadra tinha uma igual e olhem que até pusemos a subchefe Gouveia a medir os colegas com palmos.” O comissário ofereceu-se para prestar esclarecimentos sobre a necessidade de as ervilhas serem acondicionadas em vagem individual, mas teve de acorrer a um chamado urgente por ter sido avistada uma turista no santuário do Bom Jesus exibindo os dois joelhos sem qualquer pudor.
http://www.inepcia.com/

Versão autorizada da Origem do Mundo de Courbet



http://ocantinhodaeducacao.blogspot.com/

Começa hoje o congresso do partido «socialista» que tem protegido os banqueiros, aumentado as desigualdades sociais e degradado as condições de vida

Para rir até às lágrimas durante o fim de semana, ler as seguintes peças humorísticas ( sempre que possível, com o jornal do dia ao lado para aferirmos com as notícias do país real que trabalha, sofre e luta, as anedotas e as graçolas dos auto-denominados «socialistas»):
- Declaração de Princípios do Partido Socialista Português
- Bases Programáticas do Partido Socialista
- Estatutos do Partido Socialista
Para saber a negra história do Partido «Socialista» Português ao serviço da consolidação do capitalismo, e da dominação do capital sobre o trabalho, ler entre muitas outras fontes o seguinte livro (pode-se descarregá-lo, se bem que demore algum tempo):
"Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido", de Rui Mateus, – fundador e ex-responsável pelas relações internacionais do PS, até 1986.
Escrito em 1996, este livro é um retrato da personalidade de Mário Soares, antes e depois do 25 de Abril. Com laivos de ajuste de contas entre o autor e demais protagonistas socialistas, são abordados, entre outros assuntos, as dinâmicas de apoio internacional ao Partido Socialista e, em particular, a Soares, vindos de países como os EUA, Suécia, Itália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Líbia, Noruega, Áustria ou Espanha.
Soares é descrito como alguém que «tinha uma poderosa rede de influências sobre o aparelho de Estado através da colocação de amigos fiéis em postos-chaves, escolhidos não tanto pela competência mas porque podem permitir a Soares controlar aquilo que ele, efectivamente, nunca descentralizará – o poder» (pp.151-152); «para ele, o Partido Socialista não era um instrumento de transformação do País baseado num ideal generoso, mas sim uma máquina de promoção pessoal» (p.229); e como detendo «duas faces: a do Mário Soares afável, solidário e generoso e a outra, a do arrogante, egocêntrico e autoritário» (p.237).
A teia montada em torno de Soares, com um cunhado como tesoureiro do partido, e as lutas internas fratricidas entre novos/velhos militantes (Zenha, Sampaio, Guterres, Cravinho, Arons de Carvalho, etc), que constantemente ameaçavam a primazia e o protagonismo a Soares, são descritos com minúcia em /Contos Proibidos/.
Grande parte dos líderes da rede socialista internacional – uma poderosa rede de “entreajuda” europeia que, em boa verdade, só começou a render ao PS depois dos EUA, sobretudo com Carlucci, terem dado o passo decisivo de auxílio a Portugal – foi mais tarde levada à barra dos tribunais e muitos deles condenados, como Bettino Craxi de Itália, envolvidos em escândalos, como Willy Brandt, da Alemanha, ou assassinados como o sueco Olaf Palme.
Seria interessante todos lermos este livro. Relê-lo já será difícil, a não ser que alguém possua esta raridade.O livro foi rapidamente retirado de mercado após a curta celeuma que causou (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição) e de Rui Mateus pouco ou nada se sabe.
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barco de gelo

humor é o que é preciso!

E viva o plano tecnológico do governo!

Os pais queixam-se, em comunicado, de falta de aquecimento nas salas, nos corredores e no salão polivalente, pessoal auxiliar insuficiente, ausência de manutenção ao edifício, falta de ligação à Internet, falta de luz exterior, falta de condições mínimas no refeitório, mobiliário insuficiente e desadequado.

«É lamentável que se chegue a este ponto, mas não existem condições para que os nossos filhos frequentem a escola. O seu bem-estar e o seu aproveitamento têm vindo a ser afectados» , justifica o presidente da direcção.

Se pudesse, este fim-de-semana passava-o fora do país

Se pudesse, este fim-de-semana passava-o fora do país. Vai ser um fim-de-semana difícil de aguentar. Vai custar a passar. Ainda é sexta-feira e já só penso na bendita segunda-feira.
Como não posso sair de cá, hesito no que fazer hoje, a partir das 19 horas, e durante os próximos dois dias: fecho-me ao mundo, não ligo a rádio nem a tv, não compro jornais nem revistas, não vou à net, não falo com ninguém, não atendo o telefone, não vou ao café, não saio à rua ou, à forcado, enfio o barrete, ponho as mãos na cintura, olho para o touro, chamo-lhe touro, volto a chamar-lhe touro e outra vez touro até ele se sentir insultado e fico à espera, de braços abertos, que a besta invista sobre mim e se dê o encontro fatal, em que eu lhe salto para o focinho, agarro-lhe o pescoço, enquanto ela marra, marra e marra?
Não sei o que fazer. Mas confesso o quão tentador é saltar-lhe, com vontade, para as fuças, apertar-lhe, com determinação, o pescoço e não mais largar até a besta parar de marrar.
É tentador, é deveras tentador. Contudo, e apesar de não me esquecer do conselho de Oscar Wilde - que dizia que devemos resistir a tudo, excepto a uma boa tentação - acho que, desta vez, resisto mesmo e não lhe salto para o focinho nem lhe aperto o pescoço, vou ficar por casa.
Prefiro não saber deles. Vou ignorá-los. Tranco-me no lar doce lar, fecho as portadas, desligo-me do mundo e segunda-feira renasço. O tempo é de crise e a tourada ainda fica a uns quilómetros. Não estou para ir pegar touros a Espinho...
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Assim vai ficar com dores de cabeça...

Serão os jornalistas avaliados?

A acreditar no que escrevem, claro que sim. São taxativos: todas as profissões são avaliadas, e por isso os professores também têm que o ser.

Fica-me a dúvida: os jornalistas da TVI que escreveram em rodapé, e depois disseram de viva voz, que o quadro A Origem do Mundo de Gustave Courbet era uma obra de arte renascentista, deram esta calinada APESAR de terem sido avaliados ou POR CAUSA de terem sido avaliados?
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Rápido: Qual deles é o cão?

Agora vão avaliar os médicos

Como é que se avalia um médico? Para mim, que não sou médico nem tenho nenhum MBA em gestão tirado nos EUA, um bom médico é o que diagnostica correctamente a minha doença e a trata de maneira a que eu fique curado - ou, se a cura for impossível, que disponha da melhor qualidade de vida possível pelo máximo de tempo.

O problema é que nada disto pode ser quantificado. Então o Governo, não podendo avaliar por critérios relevantes mas não quantificáveis, vai avaliá-los por critérios quantificáveis mas não relevantes.

Como que é que se avalia um professor? Um bom professor é o que ensina bem e consegue transmitir o adquirido civilizacional das gerações passadas às gerações futuras, de modo que estas não tenham que partir sempre do zero, como propõem certas teorias pedagógicas em vigor. Um bom professor tem a consciência aguda que a escola é a única antepara de que a sociedade dispõe entre a civilização e a barbárie.

Mas para o governo a civilização é irrelevante e o adquirido está ultrapassado por definição. Mais uma vez: não podendo quantificar o que é importante, quantifica o que não interessa e avalia as pessoas por estes critérios.

O que está aqui em operação é um tipo muito especial de inteligência: a inteligência tecnico-burocrática. Esta inteligência está ao nível da duma alforreca, e não está ao alcance de qualquer um. Um grau tão elevado de estupidez exige pelo menos um MBA em gestão tirado nos EUA.

Mas é uma estupidez imprescindível. Sem ela, os políticos nunca poderiam acreditar na sua própria propaganda. Os professores, os médicos e tutti quanti têm mesmo que ser avaliados. Porquê? Ora, porquê! Porque «toda a gente sabe» que todos têm que ser avaliados, com excepção dos políticos e dos banqueiros.

É o que está a dar. De que outra explicação precisamos?
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sem comentários...

Paranóicos


São trabalhadores incansáveis e minuciosos. Têm grandes ideias mas fraca vida. Vivem de acusar os outros, projectando neles as suas tendências indesejáveis e não assumidas. Não só os acusam como tecem uma rede que os faça comprometer. Se eles respondem e se defendem, é sinal de que reconhecem as acusações. Se não respondem, é sinal de que fogem ao assunto e, por isso, estão comprometidos. Uma acusação inventada será assim sempre provada.

Freud estudou a paranóia através do livro de memórias do Dr. Schreber, magistrado alemão e "homem de inteligência superior, entendimento singularmente agudo e precisos dotes de observação", tal como ele se descrevia. "Falava directamente com Deus" e achava que, uma vez transformado em mulher, iria redimir a humanidade. Antes, porém, quando internado numa clínica psiquiátrica, teria padecido "transformações corporais", acusando então o seu médico, Dr. Flechsig, de lhe provocar tais padecimentos para o transformar em mulher e abusar dele. Freud atribuiu a origem da paranóia à homossexualidade não assumida.

Os paranóicos convincentes são perigosos. Apesar do delírio, o Dr. Schreber convenceu a Justiça alemã a retirar-lhe a incapacitação e autorizar a publicação do livro onde expunha as suas ideias messiânicas. Estas eram fundadas num sistema religioso pseudocientífico que já vislumbrava a superioridade da raça ariana. Convenceu alguma gente. Outro paranóico, acedendo aos instrumentos de poder, convenceu muito mais: Hitler.

J.L. Pio Abreu
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Vamos lá a fazer ginástica para ficarem elegantes...

O Despilfarro dos dinheiros da CGD...


Em comunicado distribuído esta quinta feira, uma semana depois de o BE ter levantado o problema em conferência de imprensa e no dia seguinte ao debate parlamentar em que o governo foi confrontado com a situação, a Caixa Geral de Depósitos veio apresentar explicações públicas sobre a aquisição de 10% do capital da Cimpor ao empresário Manuel Fino, por um preço superior ao valor de mercado que permitiu a Fino obter um benefício de 62 milhões de euros.
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De acordo com a explicação adiantada pela administração da CGD, a opção de pagar 4,75€ por acção, 25% acima do valor de mercado, resultou de um acordo com o empresário, que permitiria à CGD obter uma posição de controle na estrutura accionista da empresa. A CGD considera mesmo que este prémio é "inferior ao habitualmente praticado".
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Louçã considera esta explicação "absurda", uma vez que há quatro accionistas da Cimpor que, em conjunto, detêm 60% do capital da empresa, assegurando total controle das decisões da cimenteira. Esses accionistas são o BCP, a Teixeira Duarte, o grupo Lafarge e o próprio Manuel Fino, que continua a deter 10% do capital da Cimpor.
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Em discussão parlamentar na tarde desta quinta feira, o deputado do BE pediu explicações sobre o assunto a Teixeira dos Santos, acusando a Caixa Geral de Depósitos de mentir para explicar o prémio atribuído a Manuel Fino, que neste caso era o devedor e o incumpridor. No entanto, o ministro das Finanças declarou nada ter a acrescentar ao comunicado da CGD. Apesar da insistência de vários deputados nesta questão, Teixeira dos Santos manteve-se firme na recusa em dar qualquer explicação.
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O negócio entre Manuel Fino e a Cimpor veio tentar cobrir o prejuízo que resultaria do incumprimento, por parte de Manuel Fino, do pagamento de um empréstimo que havia obtido junto da CGD e que tinha como garantia a entrega de acções da empresa. Segundo Louçã, o banco público devia ter accionado essa garantia, adquirindo as acções pelo seu valor de mercado e sem pagar qualquer suposto prémio de controle.
in Esquerda.net
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O engenheiro não sabe, nem viu; Teixeira dos Santos, idem; a Caixa dá respostas esfarrapadas que não convencem ninguém...Entretanto o dinheiro dos cidadãos é distribuido às mãos-cheias num país ao Deus dará...
Isto da crise, continua e sempre a afectar os que menos têm...
LIMPEZA GERAL...PRECISA-SE...
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É possível uma legenda aqui?

Opinião de um encarregado de educação

O semanário Expresso de 22 de Novembro do ano passado, escolheu na rúbrica A carta da semana a Opinião de um encarregado de educação. Alberto Diamantino Costa, o encarregado de educação, de Seia, dizia o seguinte (página 38):

"Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.).
Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtudes deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos.
A carreira seria dividida em duas: médico titular (a que apenas um terço dos profissionais podia aspirar) e médico.
A avaliação seria feito pelos seus pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados.
Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc.
A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética…
Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos ‘especialistas’ na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.
A questão é saber se consideram aceitável o modelo? Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões? Será? Já agora… Poderiam começar a ‘experiência’ pela Assembleia da República e pelos (des)governantes…"

Acertou o autor da Carta; antecipou-se à divulgação pública do Ministério da Saúde, mas acertou: foi realmente noticiada nos últimos dias, a (nova) proposta avaliação do desempenho dos médicos, a qual deve obedecer ao Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública e, nessa medida, será muito parecida à avaliação do desempenho dos professores. Implicará o estabelecimento de objectivos individuais, a sua confrontação com os resultados obtidos, o uso de grelhas, etc.

Só me parece que Alberto Diamantino Costa se enganou numa coisa: não estou a ver este Sistema aplicado aos governantes. A outras profissões, sim, como refere; mas não à de ministro, secretário de estado...
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Mas não há ninguém que avise a PSP de Braga??!!!

Guerra acesa na educação

PREVISÕES MARXISTAS

Neste tempo de rápido “corta e cola” de e na Net, tendo sido abandonada a verificação da fiabilidade das fontes, o disparate circula a uma velocidade muito grande, crescendo e multiplicando-se à medida que avança. Uma boa ilustração é a notícia que vem no El País de 22 de Fevereiro passado, sob o título “Marx não disse isso”. Cayo Laro, o líder da Esquerda Unida (força política, com origem no Partido Comunista, que nas eleições espanholas de 2008 obteve quase um milhão de votos), quis sublinhar a actualidade do pensamento de Karl Marx com a leitura, numa reunião do seu Conselho Político, de uma previsão do filósofo alemão que, embora fosse de 1867, parecia ajustar-se como uma luva à actual crise económica:


“Os proprietários do capital estimularão a classe trabalhadora para que comprem mais e mais bens, casas, tecnologia cara, empurrando-os a contrair dívidas cada vez maiores até que a dívida se torne insustentável. A dívida por pagar levará à bancarrota dos bancos, os quais terão que ser nacionalizados”.
A profecia batia demasiado certo. E, quando a esmola é grande, o pobre deve desconfiar. Mas Laro, talvez por excesso de voluntarismo, não desconfiou. Desconfiaram, isso sim, muitos leitores, alguns dos quais concluíram rapidamente que a citação era falsa e que se tinha vindo a propalar pela Net a partir de um jornal satírico norte-americano. Era como se alguém tivesse levado para a reunião cimeira de um partido um texto recortado do Inimigo Público. O sítio malaprensa.com, que aponta o dedo a erros da imprensa espanhola (bem poderia o sítio tornar-se ibérico!), publicou uma nota com o esclarecedor título “Marx não era Nostradamus”. E o dirigente viu-se obrigado a pedir desculpa pelo erro.

Errar é humano e as desculpas devem ser dadas a quem, contrito, as pede. Contudo, o mais extraordinário está a seguir na notícia do El País. Um outro dirigente da Esquerda Unida não se coibiu de comentar: “Pode ser que Marx não tenha dito isso, mas decerto que o pensou”. E, tendo analisado à lupa O Capital, encontrou apenas algo vagamente parecido: “Num sistema de produção em que todo o processo produtivo se baseia no crédito, quanto este cessa de repente e só se admitem pagamentos a pronto, tem de haver imediatamente uma crise...” Marx não disse que a história se repete, primeiro como comédia e depois como tragédia. Embora parecido, disse outra coisa.

Este episódio ensina-nos, pelo menos, duas coisas. Em primeiro lugar, o enorme perigo que corre quem se dedica ao corte e cola. Infelizmente, as nossas escolas não têm feito o suficiente para dissuadir os infantes dessa prática. O "Magalhães" vai ampliar o processo de imbecilização em curso, assente no corta e cola indiscriminado. Vão proliferar entre nós os textos apócrifos, como a crónica falsa de Eduardo Prado Coelho sobre o chico-espertismo nacional ou as fontes bastante originais de João César das Neves sobre a nossa economia (inventou há tempos uma fundação alemã e um relatório dela que tem sido citado). Em segundo lugar, ensina a facilidade com que uma forte vontade pode iludir a realidade. Se não é verdade podia muito bem ser... Num filme dos Irmãos Marx, os famosos comediantes americanos, um deles diz que um quadro está numa casa ao lado. E outro responde: “Mas aqui ao lado não há nenhuma casa!” Réplica do primeiro: “Não faz mal, nós podemos construir uma”.

A propósito dos Irmãos Marx, não resisto a colar aqui um texto de Groucho, que em 1963 também previu a crise. Invoco como atenuante o facto de não o ter copiado de fonte anónima da Net, mas sim do livro Memórias de um Pinga-Amor (Assírio e Alvim, 1980), cuja autenticidade confirmei:

“Nos velhos tempos, quando as pessoas eram pobres viviam pobres. Hoje vivem ricas. Já discuti isto com inúmeros assalariados de oito-a-dez-mil-dólares-por-ano e, na maior parte dos casos, admitem que quase tudo o que possuem não lhes pertence - os automóveis, as televisões, as casas, as mobílias. A filosofia deles parece ser: Que se lixe – podemos morrer amanhã!“
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Ah, fui apanhado!


mais um sinal


Escalada repressiva em curso

Reproduzimos aqui, mais abaixo, um texto sobre a escalada repressiva em curso, elaborado pelo colectivo Casa Viva.

Juntamos-lhe ainda um facto, a apreensão de vários exemplares de um livro com a reprodução de uma pintura de Gustave Courbet, datada de meados do século XIX, que retrata uma mulher nua.

A polícia que, entretanto já devolveu os livros, temia discussões e desacatos entre os apoiantes e adeversários da exposição pública do livro, devido à sua capa. Não acreditamos que um cabo de esquadra seja o cérebro da acção policial; e gostariamos de saber que sensibilidade tão apurada soprou ao ouvido dos polícias para intervirem daquela maneira que, se não fosse idiota seria desastrada e, não sendo só desastrada será também premonitória. O programa repressivo segue dentro de momentos.

Entretanto, aconselhamos os frequentadores de praias de nudismo, a ir para Carcavelos e utilizadoras de calças descaidas, decotes ousados e mini-saias a encomendar "tchadors" e "burkas"

Mordamos-lhes os calcanhares!

A 6 de Dezembro de 2008, em Atenas, Grécia, um agente da autoridade baleou mortalmente um puto de 15 anos. Alegou auto-defesa. A 20 de Dezembro, como resposta ao apelo duma universidade da capital helénica, colocamos, na fachada da CasaViva, o nº. 167 da Praça da Marquês, uma faixa a dizer "o estado criminaliza, a imprensa aponta, a bófia dispara! Hoje Grécia, amanhã...". Alegamos solidariedade e repúdio pela violência policial.

No dia 4 de Janeiro deste ano, à noite, um agente da portuguesa PSP matou, na Amadora, também a tiro, um outro puto, este de 14 anos. Alegou que disparou a dois metros em auto-defesa. A primeira alegação parece ter sido desmentida pelas peritagens e, também por isso, são-nos permitidas sérias dúvidas sobre a credibilidade da segunda, levantadas já, aliás, pelos comentários feitos por quem conhecia a vítima do disparo policial.
No dia seguinte, 5 de Janeiro, pelas 15h00, a mesma PSP, que não os mesmos agentes, retirou a faixa do 167 da Praça do Marquês, no Porto. Alegou que incitava à violência. Talvez tenham julgado que o seu colega da Falagueira, o tal que disparou a matar sobre o tal puto de 14 anos, considerou a faixa como uma inspiração e que, depois de ver o Estado a fazer leis que protegem os privilegiados e que criminalizam a pobreza, depois de ver as televisões a apontarem, não aos que têm de mais, mas aos que nada têm,acabou por ver na faixa a luz que iluminava o caminho a seguir.

Não nos parece. Acreditamos, antes, que, por azar, a faixa acabou por se revelar premonitória e colocou o dedo na ferida. Na Grécia, está, ainda neste momento, a acontecer uma revolta popular que junta estudantes, jovens com contratos e vidas precárias, trabalhadores explorados e cidadãos que, por serem doutro país, são considerados de segunda. Nas ruas, nos locais de trabalho e nas escolas, há milhares
de pessoas que dizem Basta! a um sistema que se baseia no dinheiro, no lucro e na propriedade e tentam inventar novas formas de organização que lembrem sempre que, no topo das prioridades, têm que estar as pessoas e o planeta que lhes permite viver. No entanto, os jornais e as tvs, que, não por acaso, são propriedade dos mesmos que a revolta grega contesta, limitaram-se a passar notícias e imagens de motins, remetidas para a prateleira da "violência sem justificação".

Enquanto assim foi, o Estado podia permitir-se respeitar o direito à livre expressão. Até que as coisas descambaram assim que surgiu uma situação em que essa liberdade podia levar alguém a efectivamente pensar e pôr em causa esta merda de mundo em que se diz que todos nascem iguais, quando, na realidade, a maioria vem ao mundo condenada à mais abjecta miséria, para que alguns possam nadar no meio da mais pornográfica opulência.

Os poderosos, nome genérico com que pretendemos representar todos os que são responsáveis e beneficiários da organização económica e social da humanidade, sabem que o seu modelo, ao levar tão longe a exploração, está prestes a atingir um ponto de ruptura. E percebem que, depois de séculos de espezinhamento, uma grande parte da população não é mais do que vapor de água numa panela de pressão. Na tentativa desesperada de conter as águas e manter tudo como está, acham que já não chega manipular as opiniões, através do controlo dos meios de comunicação. É preciso cortar pela raiz qualquer tentativa não institucional de dissidência e resistência.

Este início de 2009, com uma carga repressiva pouco habitual, é sintomático. Para além dos episódios já referidos do assassinato na Falagueira, Amadora, e da censura da faixa na CasaViva, há ainda a acrescentar, pelo menos, mais dois no Porto e um terceiro em Almada.

O primeiro, o julgamento de pessoas envolvidas numa manifestação contra a alteração das carreiras e dos horários dos autocarros da STCP. Quando não se consegue criminalizar o acto de protestar, arranjam-se esquemas para criminalizar as pessoas, alegando-se que a licença para protestar não foi pedida em tempo útil. Demonstrando como, nesta democracia, protestar contra uma decisão da administração da STCP que não tem em conta os utilizadores dos transportes é menos legítimo do que essa própria decisão.

O segundo, a transferência do julgamento de activistas pelos direitos dos migrantes para um tribunal potencialmente mais "duro", fazendo com que a moldura penal possa ir de 2 a 8 anos de cadeia. Isto, lembremos, por terem decidido que foram os actuais arguidos os responsáveis por um panfleto onde se denunciava a atitude racista do então director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do Porto. Demonstrando que, nesta democracia, uma denúncia sobre práticas racistas é menos legítima do que essas próprias práticas.

Por fim, quando alguns almadenses decidiram sair para a rua a exigir que um determinado espaço pedonal fosse efectivamente respeitado como tal, a polícia, sem ter havido qualquer tipo de provocação, começou a carregar indiscriminadamente, ferindo pessoas, ameaçando outras, pondo-as em perigo a todas. Demonstrando, enfim, que, nesta democracia, a polícia se parece muito com a de outros tempos, a polícia é quem mais ordena.

A liberdade de expressão, tal como todas as outras liberdades, só é respeitada desde que não ponha em causa a paz dos poderosos, em que andamos todos a tentar comer-nos uns aos outros para ver quem apanha mais migalhas da refeição dos gajos lá de cima. Nesta altura em que até as migalhas já são poucas, está na hora de lhes mordermos os calcanhares, para que percebam que a refeição não é só deles e é para ser bem dividida de forma a dar para todos. Vão mandar a polícia impedir-te de os ferrares. Insiste! Se se sentirem apertados, pode ser que até te ofereçam da sopa. Mas, ainda assim, não vão querer partilhar o conduto. Há que lutar até que o tomemos! Para todos!
http://esquerda_desalinhada.blogs.sapo.pt/

sem comentários...


quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Vá lá para desanuviar para o resto da noite...certo?

Esta manhã, e como é habitual na casa do treinador do Sporting, a mulher do PAULO BENTO diz:


-Acorda Paulo que já são 6.

-O quê? o quê??? Já marcaram outro?

Porque é que as sociedades colapsam? Jared Diamond

afroduck

Liderança e Gestão em Cinco Lições

Lição Nº.1 - Gestão do Conhecimento

Um homem entra no banho enquanto a sua mulher acaba de sair dele e se
enxuga. A campainha da porta toca. Depois de alguns segundos de
discussão para ver quem iria atender, a mulher desiste, enrola-se na
toalha e desce as escadas.
Quando abre a porta, vê o vizinho Bob na soleira. Antes que ela possa
dizer qualquer coisa, Bob diz:

- Dou-lhe 800€ se deixar cair essa toalha.

Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e
fica nua. Bob, então, entrega-lhe os 800€ prometidos e vai-se embora.
Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher enrola-se novamente na
toalha e volta para o quarto. Quando entra no quarto, o marido grita
do chuveiro:
- Quem era?
- Era o Bob, o vizinho da casa ao lado - diz ela.
- Óptimo! Deu-te os 800€ que me estava a dever?
Moral da história:

Se compartilhares informações a tempo podes evitar exposições desnecessárias!!!

Lição Nº.2 - Chefia e Liderança

Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na
rua encontram uma antiga lâmpada a óleo. Esfregam a lâmpada e de
dentro dela sai um génio. O génio diz:

- Só posso conceder três desejos, por isso, concederei um a cada um de vós.

- Eu primeiro, eu primeiro - grita um dos funcionários - Queria estar
nas Bahamas a pilotar um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida!

Puf! E lá se foi.

O outro funcionário apressa-se a fazer o seu pedido:

- Quero estar no Havaí com o amor da minha vida e um provimento
interminável de pinas coladas!

Puf e lá se foi.

- Agora você - diz o génio para o gerente.

- Quero que aqueles dois voltem ao escritório logo depois do almoço -
diz o gerente.
Moral da História:

Deixe sempre o seu chefe falar primeiro.


Lição Nº 3 - Zona de Conforto

Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada. Um
pequeno coelho vê o corvo e pergunta:
- Posso sentar-me como tu e não fazer nada o dia inteiro?
O corvo responde:
- Claro, por que não?
O coelho senta-se no chão, debaixo da árvore e relaxa. De repente, uma
raposa aparece e come o coelho.
Moral da História:
Para ficares sentado sem fazeres nada deves estar sentado bem no alto.

Lição Nº 4 - Motivação

Em África, todas as manhãs, uma gazela ao acordar, sabe que deve
conseguir correr mais do que o leão se se quiser manter viva. Todas
as manhãs, o leão acorda e sabe que deverá correr mais do que a gazela
se não quiser morrer de fome.
Moral da História:

Pouco importa se és gazela ou leão, quando o sol nascer deves começar a correr.

Lição Nº 5 - Criatividade


Um fazendeiro resolve colher alguns frutos da sua propriedade. Pega
num balde vazio e segue para o pomar. No caminho, ao passar por uma
lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram as suas
terras.·
Ao aproximar-se lentamente, observa várias raparigas nuas banhando-se
na lagoa. Quando elas se apercebem da sua presença, nadam até à parte
mais profunda da lagoa e gritam:
- Nós não vamos sair daqui enquanto não se for embora.
O fazendeiro responde:
- Não vim aqui para vos espreitar, só vim dar de comer aos jacarés!
Moral da História:·
É a criatividade que faz a diferença na hora de atingirmos os nossos objectivos.

Ok, está certo...isto está um bocado "pornocrático"...

AUTO DO DESEMPREGADO

E agora, que vou fazer? Ando vazio, a caminhar no interior de dias vazios. Há duas semanas. E ainda não reuni a força necessária para dizer à minha mulher que fui um dos 180 despedidos. Mas suspeito de que ela adivinha qualquer coisa. Não será, propriamente, a situação em si que lhe desperta a desconfiança; mas algo, um pressentimento obscuro, tenaz e desconfortável começa a invadi-la. Conheço-a muito bem. Passámos muitas coisas juntos. Era uma rapariga de grandes olhos luminosos num rosto alevantado que transpirava confiança e coragem. Quando estive gravemente doente manteve-se à minha beira, vigiando-me, tomando-me o pulso, observando a febre. "Nem te atrevas a deixar-me!", exclamou, certo fim de tarde, presumindo, pelo meu aspecto, que a doença se agravara. Fui agitado por estranho solavanco. Olhei-a e ela sorriu: "Eu sabia. Eu sabia que me não deixavas!" É um pouco grotesco, lembrar-me de estas coisas; mas são estas coisas humildes e modestas que formam a consistência das pessoas. Curioso!, há quanto tempo não lhe digo que a amo, há quanto tempo? Quantas vezes lho disse? Não dá muito jeito, reconheço; mas certamente lho disse, embora em português não soe bem; em inglês talvez sim. Talvez. Como fui parar a esta rua? Acontece-me agora isto. Ando por aí à toa, um impulso irresistível e secreto leva-me a caminhar pelas ruas da cidade onde outrora só raramente ia.

Deixa-me ver as horas. Este relógio foi- -me por ela oferecido, quando fiz 45 anos, há mês e meio. Nessa altura já havia rumores, no escritório, de que as coisas não caminhavam bem, gente a mais, encomendas a menos. Nada lhe disse. Apenas boatos; no entanto, começámos a olhar uns para os outros, aquele é mais velho, quantos anos tem ele de casa?, 30, ena, pá!, e de idade?, ena pá! Sou mais novo. Mas há mais novos do que eu. E se pintasse um pouco o cabelo? As brancas dão-me um aspecto mais pesado. Apesar de tudo, tenho fé. Mas manter a fé é difícil, tendo em conta o que por aí se vê. Tenho vergonha de vaguear pela cidade. Tenho vergonha de dizer em casa que fui despedido, "dispensado temporariamente", como me informou a menina da administração, examinando-me com a pesada compaixão de quem nada sabe sobre dor e sofrimento. Tenho vergonha de ser reconhecido por algum vizinho. Tenho vergonha de nada ter para fazer. Tenho vergonha de ainda não ter a coragem de revelar à minha mulher a situação em que me encontro. Tenho vergonha de admitir que não voltarei a arranjar trabalho. Tenho vergonha de ter de me inscrever no Desemprego. Tenho vergonha de ter desejado que fossem outros os nomeados para ir para a rua.

Tenho vergonha de ser quem sou. Tenho vergonha de ser velho.

Baptista-Bastos in DN
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A origem do ridículo

Cascais: ministra promete alargar "sonho" de escola do 1º ciclo "excepcional" a todo o país

A ministra da Educação inaugurou hoje uma escola primária “excepcional” em Cascais, com quadros interactivos, elevadores para casos de mobilidade reduzida e equipamento de recreio inédito. Maria de Lurdes Rodrigues prometeu que “o sonho vai-se concretizar por todo o país”.
A escola EB1 e Jardim-de-Infância Nº 2 de Areias, em São João do Estoril, entrou em funcionamento na semana passada, cerca de um ano depois de a comunidade escolar ter abandonado as antigas instalações, que não dispunham da valência de jardim-de-infância, e de ter ocupado contentores enquanto esperava pela reconstrução.

A nova escola, com cerca de cem alunos, resulta de um investimento municipal de 810 mil euros e de um apoio de mais de 248 mil euros do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (no âmbito da requalificação da rede escolar do primeiro ciclo e da educação pré-escolar), dispondo de quadros interactivos, biblioteca, salas para terapias e apoio a crianças com deficiência auditiva, dois elevadores para casos de mobilidade reduzida, um campo de jogos com equipamento desportivo certificado e um recreio com equipamento infantil "SmartUs", inédito em Portugal, que estimula as capacidades motoras, sociais e cognitivas dos mais novos através de jogos interactivos.

Apesar de a escolha deste tipo de equipamento lúdico-didáctico ser da responsabilidade das autarquias, Maria de Lurdes Rodrigues garantiu que a requalificação das infra-estruturas do primeiro ciclo vai motivar a construção de escolas "mais modernas" em todo o território.

"É um sonho que se vai concretizar um pouco por todo o país. Aqui temos uma escola absolutamente excepcional, mas teremos mais escolas novas, não apenas um espaço físico novo, mas a nível da organização funcional, com a educação física ou o inglês. É uma resposta tardia, mas que vem a tempo de resolver os problemas destas crianças", referiu a ministra.

"Esta é uma gota de água, mas representa muito, até porque abre perspectivas de responsabilidade na área da educação para os municípios", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues.

Na cerimónia de inauguração, o presidente da Câmara de Cascais, António Capucho (PSD), disse ter a "perfeita consciência de que não é possível abranger para já todas as escolas do concelho", mas assegurou que a área da educação é uma "prioridade absoluta" para o município.

Afinal não eram gajas nuas


http://antero.wordpress.com/

Os movimentos independentes de professores falaram verdade!



APEDE (Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino)
MEP (Movimento Escola Pública)
PROMOVA (Movimento de Valorização dos Professores)


Congratulamo-nos com o cabal esclarecimento da situação, mas não isentamos de responsabilidades a direcção da FNE que tem que ter mais cuidado na escolha das pessoas que lidam directamente com os professores!
Os tempos são de resistência e não de enganos e mal entendidos!

Quatro números que mostram tudo

1 - 70 mil pessoas perderam o emprego em Janeiro deste ano. Números do IEFP.
70 mil famílias que entram em recessão.
Mais de 200 mil pessoas passam a viver em aflição. Para além do outro milhão e meio (455 mil desempregados) que já viviam.
Se o ritmo continua - e tudo indica que sim - antes das eleições este país entra em colapso total.

2 - 1300 processos para cada juiz nos tribunais tributários.
Quem consegue cobrar os 13 MIL milhões em causa? Ninguém.

3 - 609 cafés fechados em 2 meses. 1300 empregados perdem o emprego neste ramo.
Parece-me exagerado a número de cafés que existe.
Dá-me ideia que neste país quem não sabe fazer nada abre um café. Ou mete-se na política. E, se bem que o tuga adore passar horas por dia no café (e não na biblioteca) a verdade é que há demasiados cafés e demasiada falta de dinheiro para lá deixar. E agora?

4 - 60 casas assaltadas por dia em Portugal - 60.
Números conhecidos. Fora outros tantos, ou se calhar o dobro deles, em que os proprietários não fazem queixa por acharem ser inútil.

O que nos transporta para o problema da criminalidade. E da tentativa da sua ocultação.
Só há uma entidade a quem interessa ocultar o crime: é à classe política instalada, em cada momento, no poder.
A todos os demais essa ocultação é prejudicial.
Aqui em Seia os jornais não reflectem, há anos, a criminalidade existente.
Ignoram-na. O mesmo é dizer: escondem-na.
2 carrinhas roubadas, um carro roubado e atirado para um rio, um restaurante assaltado 4 vezes, uma tentativa de assalto numa ourivesaria e isto só no último mês...
Mas não se passa nada nos jornais de Seia.
Nada, com a dimensão que de facto, tem.
Isso é um péssimo serviço prestado aos cidadãos. Ocultar o crime é ajudar à sua proliferação.

Recordo os episódios repetidos passados há meses de roubos por esticão, na rua do Funchal, todos cuidadosamente silenciados, e em que foi preciso assaltarem a mãe do director de um jornal para que uma pequena referência se fizesse nesse jornal.
Caricato e ridículo.

Queixas?
Nenhumas.
«Era um cigano, não vale a pena...» ouvia-se dizer.
Mas não vale a pena porque a justiça não funciona, ou porque os assaltados têm medo de represálias?

Isso é que era preciso saber...

Foi preciso um presidente da junta vir a público reclamar da falta de policiamento na sua freguesia para que se soubesse que a respectiva junta era repetidamente assaltada.
Foi preciso relatar o episódio caricato da forma como a carrinha do conservatório foi localizada na Guarda por um professor do conservatório e como a policia lhe perdeu novamente o rasto, para se saber que uma carrinha tinha sido roubada no centro de Seia, à porta da Casa Municipal das Artes.
E sobre a carrinha da CM que foi roubada da porta do motorista no largo da Fisel?
Nem uma palavra!...

A função de um órgão de informação é informar e denunciar os crimes perpetrados contra a sociedade. Não é oculta-los. Isso é a função da propaganda.
Com a denúncia e a publicação dos números, a tutela vê-se obrigada a reforçar a vigilância policial e a polícia sente-se compelida a melhorar a sua prestação.
É preciso denunciar os crimes para que a sociedade exija das forças de segurança o cumprimento da sua obrigação.
Repito: esconder um crime é tornar-se dele cúmplice e ajudar à sua proliferação.
http://joaotilly.weblog.com.pt/

sem comentários...


ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES EM LUTA!

Dia 14 de Março, 10h-17h

Teatro José Lúcio da Silva, Leiria

ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES EM LUTA!

Organização: Movimentos Independentes de Professores.

Porque a luta continua, o monstro não morreu, e há muitos que resistem!

Abraço solidário

A direcção da APEDE

P.S. Em breve daremos mais pormenores sobre o Encontro.

O faz de conta do país

Estão as redes sociais a mudar o nosso cérebro?

Neurologista inglesa alerta para consequências do Facebook
O Facebook e o Twitter estão a mudar a forma como pensamos. Ao que parece, literalmente. Uma prestigiada neurologista britânica diz que os efeitos culturais e psicológicos das relações online vão mudar o cérebro das próximas gerações: menos capacidade de concentração, mais egoísmo e dificuldade de simpatizar com os outros e uma identidade mais frágil são algumas das consequências que Susan Greenfield antecipa.

O alerta da especialista surge na mesma semana em que foi divulgado que Portugal é o terceiro país europeu que mais utiliza as redes sociais na Internet - de acordo com a Marktest, só em Março passado, os portugueses dedicaram quatro milhões de horas a estes sites. "Uma geração que cresce com novas tecnologias e num ambiente cultural diverso vai ser naturalmente diferente: da forma como processa os pensamentos, à moral e comportamentos", concorda o neurologista Lopes Lima. No entanto, será uma geração mais adaptada às circunstâncias actuais - "faz parte da evolução humana", diz.

Também o psiquiatra Álvaro de Carvalho considera que é inevitável que esta adesão às redes sociais e ás novas formas de comunicar "induza uma forma de funcionamento mental diferente: que tem aspectos negativos, mas também positivos.". Na Câmara dos Lordes inglesa, Susan Greenfield salientou os negativos: a directora do reputado Royal Institution of Great Britain acredita que a exposição das crianças à rapidez da comunicação pode acostumar o cérebro a trabalhar em escalas de tempo muito curtas e aumentar as distúrbios de défices de atenção. Além disso, salienta a preferência pelas recompensas imediatas, ligada às áreas do cérebro que também estão envolvidas na dependência de drogas.

"Há o risco de não valorizar aspectos da vida que não são atractivos no imediato, enquanto se vai mais atrás do prazer rápido", concorda Álvaro de Carvalho. "Nas crianças, aquilo que é óbvio é que as novas formas de comunicação, menos presenciais, criam um modelo de interacção menos humanizado, muito menos rico a nível emocional, já que a capacidade de sentir o outro é limitada", diz o psiquiatra.

Ou seja, a capacidade de desenvolver empatia pelos outros também pode ser afectada. Esta mudança preocupa o neuropsicólogo Manuel Domingos. "Há pessoas que privilegiam a conversa atrás do teclado, onde podem ficar escondidas", diz. Por isso, apesar de aparentemente facilitar a comunicação, acaba por a simplificar de mais, argumenta.

Para Álvaro de Carvalho, neste momento, ainda estamos a assistir à implementação d e um novo modelo e por isso há muita especulação. "Há mais perguntas que respostas", reconhece o psiquiatra.

Já valeu a pena o comunicado conjunto dos movimentos independentes de professores!!!



O comunicado conjunto da APEDE do MEP e do PROmova já apresenta consequências!
A Fne esclarece de vez a sua posição e exige a suspensão imediata do modelo simplificado de avaliação de desempenho!
Com a divulgação das deliberações da reunião de ontem, a Fne reforça a exigência da suspensão do processo de avaliação de desempenho e propõe a sua substituição pela metodologia adoptada no ano lectivo anterior, abrangendo apenas os docentes contratados e os que precisem da menção de avaliação para progredirem de escalão.

É claro que isto não tem nada a ver com o Magalhães!!!

Aparelhos criam cérebros preguiçosos

Má reserva cognitiva pode acelerar a ocorrência de doenças neurodegenerativas. Criançasque só interagem com máquinas arriscam-se a sofrer de distorções verbais e até de epilepsia

O uso desregrado das novas tecnologias pode ser meio caminho andado para uma má memória na velhice. O cérebro, não sendo um músculo, comporta-se como tal. Se não for usado, enferruja, alertam os especialistas.
"Se não se fizer alguma coisa já, teremos uma geração onde imperará a lei do menor esforço. Estamos a ficar escravos das máquinas. Sem estimulação, o cérebro ficará mais preguiçoso", alerta Manuel Domingos, coordenador da Unidade de Neuropsicologia do Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, e presidente da Comissão Científica da Sociedade Portuguesa de Neuropsicologia.

AUTO DO DESEMPREGADO

reduzir o défice à custa de quem?

Palavras mágicas

As palavras mágicas imitam o pensamento e disfarçam a vacuidade de ideias: são usadas por quem finge que pensa usando palavras e expressões que leu ou ouviu algures, sem que se tenha dado realmente ao trabalho de pensar — nem sequer uma vez, quanto mais outra vez. Eis alguns exemplos:
"modernidade", "construção", "problematizar", "problemática", "mediar",
"mediatizar", "questionar", "questão", "questionamento", "paradigma",
"identidade", "dimensão". Nem sempre estas palavras são usadas como magia lexical, mas a probabilidade de o serem é tanto maior quanto maior for a sua frequência por centímetro quadrado de texto.

Por exemplo, qual é a diferença exactamente entre um problema e uma problemática? Apenas a impressão de maior vagueza, e portanto de nos safarmos melhor usando palavras prestigiantes sem dizer coisa alguma de palpável. Um problema é algo razoavelmente definido que nos exige pelo menos uma tentativa de solução, e cuja solução depende em grande medida de sermos capazes de o formular com precisão. Uma problemática, ao invés, é um novelo arbitrário de palavras que convidam apenas à aristocrática dissertação ociosa e pretensamente culta, onde nenhuma ideia susceptível de discussão genuína se encontra.

E o que é um paradigma? No seu uso corrente, é apenas um modelo de algo. Leibniz é um modelo ou paradigma de filósofo, Bach de músico. Mas, para nossa desgraça e felicidade dos mágicos lexicais, Thomas Kuhn (1922–1996) envolveu esta mesma palavra em magia negra, mudando-lhe o significado e caindo no goto dos preconceitos relativistas actuais: “paradigma” é agora uma palavra mágica que sugere sofisticação intelectual e a superação de supostas ilusões objectivistas. Pretensas ilusões que nunca são cuidadosamente refutadas: a magia da palavra é em si suficiente e apenas se presume que é inculto quem declarar que não era realmente verdade que a Terra estava imóvel no tempo de Ptolomeu só porque ele e outras pessoas assim o pensavam. Do ponto de vista do dogma contemporâneo, é tudo uma questão de paradigmas: cada época histórica tem o seu. Ironicamente, o paradigma da mentalidade actual é pensar que cada época histórica tem o seu próprio paradigma ou maneira incomensurável de ver as coisas, mas esta mesma ideia não é surpreendentemente vista como um mero paradigma, mas antes como a verdade imparadigmática sobre os paradigmas dos outros. É mesmo magia.

“Mediar” e “mediatizar” são mais dois exemplos de afasia cognitiva. São termos que dão uma aparência de substância ao tipo de trabalho intelectual que na gíria universitária de antigamente se chamava honestamente “corte e costura”: consiste em tirar umas palavras daqui e outras dali, misturar tudo e servir triunfantemente como reflexão original o que não passa de regurgitação ritual do que outros digeriram. Chama-se também “dissertação” a este canibalismo do verbo alheio.

Para pensar outra vez é preciso começar por eliminar o entulho verbal das palavras mágicas, e quanto mais depressa o fizermos, melhor.
http://dererummundi.blogspot.com/

questão de linguagem...

O capitalismo financeiro choca-se contra um muro

O plano de fuga dos oligarcas – à custa do Tesouro americano


O jogo financeiro de "criação de riqueza" acabou. As economias saíram da II Guerra Mundial relativamente isentas de dívidas, mas os seus 60 anos de acumulação global chegaram ao fim da linha. O capitalismo financeiro está em estado de colapso e paliativos marginais não o ressuscitarão. A economia dos EUA não consegue "inflacionar o caminho para fora das dívidas", porque isso faria o dólar entrar em colapso e acabaria com os sonhos do império global forçando os outros países a seguirem o seu próprio caminho. Há manufacturas a menos para que a economia se torne mais "competitiva", dados os altos custos das casas, transportes, dívidas e impostos. Um quarto a um terço da propriedade imobiliária dos EUA caiu em Situação Líquida Negativa, a que nenhum banco emprestará. A economia esbarrou num muro de dívidas e está a cair em Situação Líquida Negativa, onde poderá ficar até que haja cancelamento de dívidas.
O plano de "recuperação" do sr. Obama, baseado em gastos com infra-estruturas, produzirá fortunas em propriedade imobiliária para propriedades bem situadas ao longo das novas rotas de transportes públicos, mas não há sinal de as cidades virem a arrecadar impostos sobre os ganhos inesperados das propriedades a fim de salvarem as suas finanças. Os presidentes das municipalidades prefeririam ter cidades falidas a tributar propriedades imobiliárias ou as finanças. O objectivo é re-inflacionar os mercados imobiliários para permitir que os proprietários continuem a pagar aos bancos e não para ajudar o sector público a reequilibrar-se. Assim, os planos de reforma estaduais e locais continuarão com falta de fundos, levando mais planos de reforma à falência.

Seria de pensar que os políticos estariam dispostos a fazer as contas e a aperceber-se que dívidas que não podem ser pagas, não o serão. Mas as dívidas estão a ser mantidas nos livros, continuam a acumular juros para pagar aos credores que fizeram maus empréstimos. A resultante deflação da dívida ameaça manter a economia em depressão até que ocorra uma mudança radical de políticas – uma mudança para salvar a economia "real", não apenas o sector financeiro e os 10% de famílias mais ricas da América.

Não há qualquer sinal de que os conselheiros económicos do sr. Obama, funcionários do Tesouro e chefes dos comités do Congresso relevantes para esta questão reconheçam a necessidade do cancelamento de dívidas. Aliás, eles foram colocados nas suas posições precisamente porque não percebem que o alavancamento de dívidas é uma manobra económica e não "criação de riqueza" real. Mas a sua visão afunilada é que faz com que sejam "fidedignos" para a Wall Street, que não gosta de surpresas. E todo o carácter da actual crise financeira continua a ser etiquetado como "surpreendente" e "inesperado" pela imprensa, cada vez que chega uma nova e surpreendente estatística. É seguro ser-se surpreendido, mas é-se suspeito quando se esperam más notícias, um "profeta da desgraça prematuro". Temos de ter fé no sistema acima de tudo. E o sistema era a Bolha Greenspan. Por isso aliás é que o Alan "Ayn Rand" [1] foi colocado na chefia.

Então o governo tenta recuperar os felizes anos da Economia da Bolha ao fazer as dívidas crescerem novamente, na esperança de re-inflacionar a propriedade imobiliária e os preços do mercado de acções. Essa foi, aliás, a Idade de Ouro do mundo do capital financeiro, usando a dívida como alavanca para inflacionar os preços de bens financeiros fictícios. Toda a gente amou este sistema enquanto ele durou. Os eleitores achavam que tinham probabilidade de se tornarem milionários, e aprovavam-no, felizes. E pelo menos fez com que Wall Street se tornasse mais rica que alguma vez tinha sido antes – quase duplicando a fatia de riqueza dos 1% mais ricos da América. Para os legisladores de Washington, isto é sinónimo de "a Economia" – pelo menos a economia para a qual as políticas económicas são formuladas nos dias de hoje.

O plano Obama-Geithner para reiniciar o crescimento de dívidas da Economia da Bolha, de modo a inflacionar os preços de bens o suficiente para pagar o excesso de dívida a partir de "ganhos de capital" não tem possibilidade de funcionar. Mas este é o único truque que estes potros conhecem. Entrámos numa era de deflação de preços dos bens, e não de inflação. As tabelas de dados económicos por todo o mundo esbarraram contra um muro e todas as tendências têm caído verticalmente a pique desde o último Outono. Os preços aos consumidores estado-unidenses tiveram a sua maior queda desde a Grande Depressão dos anos 30, assim como a "confiança" dos consumidores, o transporte marítimo internacional, a propriedade imobiliária, os preços dos mercados de acções, o petróleo e a taxa de câmbio com a libra esterlina. A economia global está a cair na depressão, e não poderá ser recuperada enquanto as dívidas não forem canceladas.

Ao invés de fazer isso, o governo faz exactamente o oposto. Propõe-se a pegar nas más dívidas e a pô-las nas folhas de balanço do sector público, imprimindo títulos do Tesouro para dar aos bancos – títulos cujas cobranças de juros terão de ser pagas cobrando impostos ao trabalho e à indústria.

O plano da oligarquia para um salvamento (pelo menos da sua própria posição financeira)

Em período de colapso iminente, as elites ricas protegem os seus fundos como ratos que abandonam um navio que se afunda. Em tempos anteriores compraram ouro com divisas que começavam a enfraquecer (o patriotismo nunca foi uma característica do capital financeiro cosmopolita). Desde os anos 50 que o Fundo Monetário Internacional tem feito empréstimos para apoiar as taxas de câmbio do Terceiro Mundo o tempo suficiente para subsidiar a fuga de capitais. Nos EUA, no último semestre, banqueiros e investidores de Wall Street infiltraram-se no Tesouro e na Reserva Federal para apoiar os preços dos seus maus empréstimos e apostas financeiras, libertando-se de ou assegurando US$12 milhões de milhões de dívidas tóxicas. A protecção da elite financeira dos EUA toma assim a forma de dívida pública interna e não de divisas estrangeiras.

É tudo em vão, no que diz respeito à economia real. Quando o Tesouro dá aos bancos títulos do governo acabados de imprimir em trocas "cash for trash" (dinheiro por lixo), isto deixa na mesma a elevada dívida impagável do sector privado. Tudo que acontece é que esta dívida agora deve-se ao (ou é garantida pelo) governo, que terá de cobrar impostos para pagar os juros.

Esta nova viragem é uma variante dos planos de "estabilização" do FMI, que emprestava dinheiro aos bancos centrais para apoiar as suas divisas – o tempo suficiente para que os oligarcas locais e investidores estrangeiros movessem as suas poupanças e investimentos para o exterior a boas taxas de câmbio. Permite-se depois que a divisa entre em colapso, permitindo que os especuladores de câmbio acumulem os ganhos necessários para esvaziar as reservas do banco central. Os especuladores vêm estas holdings dos bancos centrais como alvos a ser saqueados – quando maiores, melhor. O FMI empresta a um banco central, digamos, US$10 mil milhões para "apoiar a divisa". Os proprietários domésticos enviarão para fora o dinheiro a elevada taxa de câmbio. Então, quando os procedimentos do empréstimo estão esgotados, a divisa cai. Os salários são esmagados no programa de austeridade habitual do FMI e a economia é obrigada a obter divisas externas suficientes para pagar de volta ao FMI.

Como condição para obter este "apoio" do FMI, é exigido aos governos que obtenham um superávite no orçamento, cortando em gastos sociais, baixando salários e aumentando impostos de modo a conseguir espremer exportações suficientes para devolver os empréstimos do FMI. Mas, além de este tipo de "plano de estabilização" incapacitar a economia interna, obriga à venda de infra-estruturas públicas a preço de saldo – a compradores estrangeiros que pedem também dinheiro emprestado. O efeito é tornar esses países ainda mais dependentes de economias menos "neoliberalizadas".

A Letónia é a imagem de marca deste tipo de desastre. O seu acordo recente com a Europa é um caso simples. Para apoiar a retirada pelos bancos suecos dos seus fundos deste barco afundado, o apoio europeu é condicionado à aceitação pelo governo letão do corte de salários no sector privado e ao não aumento de impostos sobre a propriedade (que são actualmente quase zero).

O problema é que a Letónia, como outras economias pós-soviéticas, tem uma produção para exportação interna escassa. A indústria da antiga União Soviética foi deitada abaixo e destruída nos anos 90 (bem-vindos ao vitorioso capitalismo financeiro à moda ocidental). O que eles tinham era propriedade imobiliária e infra-estruturas públicas livres de dívida – e, como tal, disponíveis para serem usadas como colateral contra empréstimos destinados a financiar as importações. Desde a sua independência da Rússia em 1991, a Letónia tem pago pelos seus bens de consumo importados e outras aquisições contraindo empréstimos de crédito hipotecário de bancos escandinavos e outros. O efeito foi uma das maiores bolhas de propriedade do mundo – numa economia sem meios de se equilibrar, sem ser cumulando a sua propriedade imobiliária com mais e mais dívida. Na prática os empréstimos assumiram a forma de hipotecas de bancos estrangeiros para financiar a bolha imobiliária – e a sua dependência de fornecedores estrangeiros.

Assim, em vez de ajudá-la, e às outras nações pós-soviéticas, a desenvolver economias auto-suficientes, o Ocidente viu-as como ostras económicas a quebrar, endividando-as de modo a obter lucros de juros e ganhos de capital, deixando apenas conchas vazias. Esta política atingiu um pico quando a 26 de Janeiro de 2009, Joaquin Almunia da Comissão Europeia escreveu uma carta ao primeiro-ministro da Letónia descrevendo os termos sob os quais a Europa ajudaria os bancos suecos e outros bancos estrangeiros que operavam no país – à custa da Letónia:
"A assistência suplementar deve ser usada para evitar uma crise de balanço de pagamentos, que requer… restaurar a confiança no sector bancário [agora totalmente estrangeiro], e apoiar as reservas estrangeiras do Banco da Letónia. Isto implica financiar … grandes pagamentos de dívidas do governo (internas e externas). E se o sector bancário experimentasse eventos adversos, parte da assistência seria usada para infusões de capital localizadas ou apoio apropriado à liquidez de curto prazo. No entanto, a assistência financeira não se destina a ser usada para originar novos empréstimos a empresas ou famílias. …

… é importante não levantar expectativas infundadas entre o público em geral e parceiros sociais e, igualmente contrariar mal-entendidos que possam surgir a este respeito. Preocupadamente, temos assistido recentemente no debate público da Letónia apelos para que parte da assistência financeira seja utilizada entre outras coisas para promover indústrias exportadoras ou para estimular a economia através do aumento de despesas totais. É importante desencorajar activamente estas más interpretações".
Rebentaram tumultos na semana passada e os protestatários invadiram o Tesouro letão. Pouca surpresa aí! Não há nenhuma tentativa de ajudar a Letónia a desenvolver a sua capacidade exportadora para cobrir as suas importações. Após os cleptocratas internos, os bancos estrangeiros e investidores retiraram os seus fundos da economia e o "lat" letão será deixado depreciar. Os compradores estrangeiros poderão então entrar e comprar os bens locais mais barato, novamente.

A prática comum dos bancos europeus de surfar a onda das bolhas imobiliárias pós-soviéticas está a fazer ricochete, abalando as economias europeias que entraram nestes empréstimos predatórios a economias vizinhas também. Como resumiu um jornalista:
"Na Polónia, 60 por cento das hipotecas são em francos suíços. O zloty acabou de cair para metade em relação ao franco. A Hungria, os países balcânicos, os bálticos e a Ucrânia são todos variantes de sofrimento desta mesma história. Como um acto de loucura colectiva – de tomadores e prestamistas de crédito – é equiparável à catástrofe do subprime americano. Há uma diferença crucial, no entanto. Os bancos europeus estão entalados nos dois. Os bancos americanos não. Quase todas as dívidas do bloco de Leste são devidas à Europa ocidental, especialmente bancos austríacos, suecos, gregos, italianos e belgas." [1]
Esta foi a alternativa do Ocidente ao estalinismo. Não ajudou estes países a emularem o modo como a Grã-Bretanha e os EUA ficaram ricos através de políticas proteccionistas, industrialização publicamente apoiada e gastos em infra-estruturas. Ao invés disso, a violação financeira e desmantelamento industrial das antigas economias soviéticas foi o mais recente exercício de colonialismo ocidental. Pelo menos os investidores norte-americanos foram espertos o suficiente e mantiveram-se afastados usando simplesmente o aumento repentino do mercado de acções antes de saltar fora.

Mas agora, o plano do governo para "salvar" a economia é "salvar os bancos", com contornos similares aos que o Ocidente usou para tentar salvar os seus bancos da sua aventura nas economias pós-soviéticas. Este é, afinal, o plano económico neoliberal básico. A economia dos EUA está prestes a ser "pós-sovietizada".

As ofertas dos EUA aos bancos, mascaradas de "ajudas para proprietários de casa em dificuldades"

O salvamento de Obama aos bancos está organizado praticamente da mesma maneira que os empréstimos do FMI se organizam, para apoiar as taxas de câmbio das divisas externas, mas com o Tesouro a apoiar os preços dos bens financeiros para os bancos americanos e outras instituições financeiras. Em vez dos bancos e dos oligarcas abandonarem o dólar, o objectivo é permitir-lhes despejar as suas más hipotecas e CDOs (obrigações de dívidas colateralizadas), obtendo em troca títulos do Tesouro internos. A dívida do sector privado mover-se-á para o balanço do governo, onde os pagadores de impostos sustentarão as perdas – principalmente os trabalhadores e não a Wall Street, uma vez que o sector financeiro foi libertado do imposto sobre o rendimento graças às "letras pequenas" do último salvamento Paulson-Bush no Outono passado. Mas pelo menos o governo dos EUA está a tratar a situação só com dólares internos.

Como nos programas de austeridade do Terceiro Mundo, o efeito de manter as dívidas no seu lugar à custa da economia "real" será o encolhimento do mercado interno dos EUA – ao mesmo tempo que fornece oportunidades aos hedge funds para comprarem bens depreciados enquanto o governo federal, os estados e as cidades vendem-nos. A isto chama-se deixar os bancos "ganharem o caminho para fora da dívida". E estrangula a economia "real", porque nem um dólar da resposta do governo é dedicado a reduzir o grosso do volume de dívida.

Vejamos o muito elogiado programa de 50 mil milhões destinado a renegociar as hipotecas para os "proprietários em dificuldades". Após exame detalhado, parece que afinal os verdadeiros beneficiários são gigantes bancários como o Citibank e o Bank of América, que fizeram maus empréstimos. O Tesouro assumirá as más dívidas que os bancos têm em mãos e permitirá aos devedores renegociarem os seus pagamentos mensais até 38% do seu rendimento pessoal. Mas ao invés de os bancos ficarem a perder devido aos seus empréstimos excessivos, é o próprio Tesouro que pagará a diferença – pagá-la-á aos bancos para que estes recebam aquilo que apenas tinham esperança de receber. A família desesperada sobre a qual pesa a hipoteca, presa na sua casa devido à situação líquida negativa, é assim transformada meramente num veículo passivo para o Tesouro passar o dinheiro de alívio das dívidas para os bancos comerciais.

Poucas novas notícias deixaram isto claro, mas o Financial Times mostrou pormenores enterrados nas letras pequenas. [2] Acrescentou que o Tesouro ainda não decidira se reduziria a dívida principal para as estimadas 15 milhões de famílias com situação líquida negativa (talvez 30 milhões daqui a um ano, uma vez que os preços das propriedades continuam em queda). Sem dúvida um acordo semelhante será feito: por cada $100.000 de cancelamento de dívidas dos proprietários, o banco receberá $100.000 do Tesouro. A dívida do governo subirá $100.000 e o processo continuará até que o Tesouro tenha transferido $50.000.000 para os bancos que fizeram empréstimos temerários.

Há o suficiente para apenas 500 destas renegociações de $100.000 cada. É insuficiente para fazer mossa, mas o princípio foi estabelecido para muitos mais salvamentos. Serão necessários infinitos, enquanto o Tesouro tentar apoiar a ficção de que "o milagre dos juros compostos" pode ser mantido muito tempo. O perigo é que a economia possa estar morta quando uma compreensão económica sã consiga finalmente penetrar na consciência pública. No entanto, as dívidas mal-paradas do sector privado serão transferidas para o balanço do governo. Os juros e amortizações actualmente devidos aos bancos serão substituídos por obrigações do Tesouro americano. Os impostos serão aumentados para compensar as más dívidas com que o governo ficará encalhado. A economia "real" pagará a Wall Street – e continuará a pagar durante décadas!

Chamar a uma dádiva de $12 mil milhões a banqueiros uma "crise do subprime" faz parecer que os liberais de bom coração puseram a Fannie Mae e o Freddie Mac em sarilhos ao insistirem para que estas instituições publico-privadas fizessem empréstimos irresponsáveis aos pobres. A linha do partido é: "Culpem a vítima". Mas nós sabemos que isto é falso. O núcleo dos maus empréstimos está nos grandes bancos. Foi a colectividade e outros banksters que lideraram os empréstimos irresponsáveis e impuseram grande pressão sobre a Fannie Mae. A maior parte dos bancos mais pequenos e locais não fez tais empréstimos. As grandes lojas de hipotecas não quiseram saber da qualidade dos empréstimos, porque eram geridas por vendedores. O Tesouro está agora a pagar aos apostadores e milionários apoiando o valor dos empréstimos bancários, dos investimentos e das apostas derivativas, deixando o Tesouro em dívida.

Convergência EUA/pós-soviética

Se calhar está na altura de olhar novamente para o que Larry Summers e o seu gang de Rubinomics [2] fez na Rússia a meio da década de 90 e a países do Terceiro Mundo durante a sua permanência como economista do Banco Mundial para vermos que espécie de futuro está a ser planeado para a economia dos EUA nos próximos anos. Por toda a União Soviética o modelo neoliberal estabeleceu "equilíbrio" de uma maneira que envolveu um colapso demográfico: redução da esperança média de vida, menores taxas de natalidade, alcoolismo e abuso de drogas, depressões psicológicas, suicídios, má saúde, desemprego e idosos sem-abrigo (a chamada reforma neoliberal da Segurança Social).

Nos anos 70, as pessoas especulavam sobre se as economias soviética e dos EUA estariam a convergir. Durante todo o século XX toda a gente esperava que houvesse um aumento da regulação governamental, do investimento em infra-estruturas e do planeamento. Parecia que a difusão de governos democraticamente eleitos andaria de mão dada com as pessoas a votarem de acordo com os seus interesses económicos para aumentar os padrões de vida, fechando a fenda das desigualdades.

Este não é o tipo de convergência que tem ocorrido desde 1991. O poder governamental está a ser desmantelado, os padrões de vida estagnaram e a riqueza está a concentrar-se no topo da pirâmide económica. O planeamento económico e a alocação dos recursos passou para as mãos da Wall Street, cuja alternativa ao "caminho para a servidão" de Hayek é a escravidão pela dívida para toda a economia. É necessário haver um estado seguro, é certo, mas apenas para manter os especuladores das finanças e da propriedade imobiliária no seu lugar de poder. Mas a alternativa do Ocidente à velha burocracia soviética é o planeamento financeiro. Em vez de termos uma liderança política, temos uma liderança financeira e de propriedade imobiliária.

A Rússia estalinista e a China maoista atingiram alta tecnologia sem arrendamento de terras, monopólios de rendas e juros acima das possibilidades. O expurgo dos ganhos especulativos foi a tarefa histórica da economia política clássica, e tornou-se depois a do socialismo. O objectivo era limpar a ficha financeiramente, ajustando os preços com os custos de produção tecnologicamente necessários. O objectivo era fornecer a todos os frutos do seu trabalho em vez de deixar os bancos e senhorios sugarem o excedente económico.

As ideias da eficiência económica e da "criação de riqueza" de hoje são totalmente diferentes do liberalismo e dos "mercados livres". Os bancos comerciais emprestam dinheiro não para aumentar a produção mas para inflacionar os preços dos bens. Perto de 70% dos empréstimos bancários são hipotecas para a propriedade imobiliária, sendo a maioria do resto para tomadas agressivas do controle de empresas (takeovers) e ataques (raids) de grandes corporações e para financiar recompras das próprias acções (buybacks) de stocks ou simplesmente para pagar dividendos. A inflação dos preços de bens obriga as pessoas a endividarem-se cada vez mais para obterem acesso a casas, educação e cuidados médicos. A economia está a ser "financeirizada", não industrializada. Este tem sido o plano, tanto para os estados pós-soviéticos como para a América do Norte, a Europa Ocidental ou o Terceiro Mundo.

Mas estamos longe de ter chegado ao fim da linha. As celebrações de que a nossa actualmente financeirizada economia representa o "fim da História" são risivelmente prematuras. As políticas de hoje parecem mais um beco sem saída. Mas isso não significa que, como ocorreu no Império Romano, eles não nos levem para mais uma Idade das Trevas. É isso que tende a ocorrer quando as oligarquias fazem o planeamento.

Os EUA são uma economia fracassada?

Já é tempo de perguntar se a economia neoliberal pró-especulativa transformou a América e o Ocidente em economias fracassadas. Não haverá mesmo qualquer alternativa? Terão os neoliberais tornado irreversível a mudança do planeamento dos governos para a oligarquia financeira?

Primeiro, livremo-nos do "mito da fundação", ideia que ainda guia os Estados Unidos e a Europa. Os economistas dos mercados livres fingem que os preços podem ser mantidos na linha mais eficientemente com os tecnologicamente necessários custos de produção sob o capitalismo e em particular sobre o capitalismo financeiro. Os bancos e os mercados de acções supostamente fazem a alocação dos recursos mais eficientemente. Este é pelo menos o sonho dos mercados auto-regulados. Mas hoje parece apenas um mito, conversa de relações públicas para fazer com que uma geração de eleitores cada vez mais endividada não aja segundo o seu interesse próprio.

O capitalismo industrial sempre foi um híbrido, uma simbiose, com o seu legado feudal dos proprietários ausentes, finança oligárquica e dívidas públicas a agirem como credores líquidos em vez dos governos. A essência do feudalismo era extractiva, não produtiva. Eis porque erigiu o capitalismo industrial como política de Estado – ainda que não fosse só para aumentar a sua capacidade de fazer guerra. Mas agora deve ser levantada a questão sobre se apenas o socialismo poderá completar a tarefa histórica que a economia política clássica se impôs – o ideal em que os futuristas dos séculos XIX e XX acreditavam, que um capitalismo impuro poderia ainda ser capaz de se aguentar sem se livrar do seu legado de endividamento da propriedade aos bancos comerciais e montar de infra-estruturas fora do domínio público.

Hoje é mais fácil ver que as economias ocidentais não podem avançar desta maneira. Atingiram um ponto em que as dívidas excederam a capacidade de pagar. Em vez de reconhecerem este facto e empurrarem as dívidas de volta para um nível em que fosse possível cumpri-las, o plano Obama-Geithner é pagar aos grande bancos e hedge funds, mantendo o volume de dívida no seu nível actual e a crescer novamente através da "magia dos juros compostos". O resultado apenas pode ser uma economia crescentemente extractiva, até que as famílias, as propriedades imobiliárias, empresas industriais, estados, cidades e o próprio governo nacional sejam levados à escravidão pela dívida.

A alternativa tem um século e meio de idade e saiu dos ideais das doutrinas económicas clássicas de Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill e o último grande economista clássico, Marx. O seu denominador comum foi ver que a renda e o juro são extractivos e não produtivos. A economia política clássica e o seu sucessor, o socialismo da Era Progressiva procuraram nacionalizar a terra (ou pelo menos tributar as suas rendas como base fiscal). Os governos deveriam criar o seu próprio crédito, não deixando essa função para as elites ricas através da criação de monopólios de empréstimos pelos bancos. Por isso, hoje, o neoliberalismo pinta uma falsa imagem de como os economistas clássicos imaginavam os mercados livres. Eram mercados livres de rendas e de juros económicos (e de impostos para suportar uma aristocracia ou oligarquia). O socialismo era livrar as economias destas cobranças acima das possibilidades. O plano de salvamento Obama-Geithner é exactamente o inverso.

Notas
1- Ambrose Evans-Pritchard, "If Eastern Europe falls, world is next", The Telegraph, 14 de Fevereiro, 2009.
2- Krishna Guha, "US closes in on subsidy plan to stop foreclosures", Financial Times, 13 de Fevereiro, 2009.
N.T.
[1] Ayn Rand: conselheira "espiritual" de Alan Greenspan, ex governador do banco central dos EUA.
[2] Rubinomics (Rubin + economics): Palavra utilizada originalmente para descrever a política económica de Robert T. Rubin, ex-secretário do Tesouro no governo Clinton.

Michael Hudson

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