terça-feira, julho 28, 2009

A retração da economia e a destruição de empregos

Rall

Alguns estudos mostram que o tempo que decorre entre o início das crises agudas do capitalismo e o fechamento dos postos de trabalho nas empresas, tem se reduzido dramaticamente nas últimas três décadas. Antes da Terceira Revolução Industrial, as demissões aconteciam, mas tinha um tempo, relativamente longo se comparado com os padrões atuais, entre o surgimento da crise e a perda do emprego. Na fase atual do capitalismo, a resposta é imediata: o desemprego, como a forma mais fácil de cortar custos, aumenta antes mesmo das empresas sentirem o efeito da crise em seus negócios. Os empregados part-time, os contratados por tempo determinado e outras formas de vínculos precários são os primeiros da lista. Logo em seguida, e sem demora, os empregos mais estáveis, se é que podemos considerar ainda a existência dessa categoria. Nos Estados Unidos, as estatísticas mostram que do início da recessão até dezembro de 2007, o desemprego aumentou 5% para uma retração 2,5% da economia, situação que não deve ser diferente nos outros países.

Por outro lado, já se fala a partir também de observações pregressas, que de forma nenhuma os empregos votam aos patamares anteriores, mesmo se a produção e o mercado mundial recuperassem o fôlego perdido, o que é duvidoso. Tem-se observado, apesar da crise, que a produtividade do trabalho vem aumentando significativamente em todo mundo. Num primeiro momento, os rearranjos na organização da produção forçada pela dispensa de trabalhadores, podem ser responsáveis por essa maior produtividade. Os não dispensados passam a produzir mais, exercendo funções dos demitidos, sem que haja ajustes salariais. Ou seja, os mecanismos de aumento da mais-valia absoluta são acionados e aceitos sem contestação pelos que ficam, coagidos pelo medo de serem desligados.

Isso dura tempo suficiente, e independe de novos investimentos que venham ser feitos em capital fixo para aumentar ainda mais a produtividade, agora por conta de novas máquinas e equipamentos de automação da produção. Não é à toa que empresas que vendem tecnologia de automação e as que fabricam modernas plataformas de produção, começam a sentir aumento nas encomendas. Os balanços positivos que tem surpreendido os analistas são a combinação do aumento da produtividade do trabalho dos que ficam e substituem as funções dos dispensados, das políticas fiscais generosas e dos ajustes contábeis feitos com dinheiro público fartamente distribuído pelos governos a juros na maioria das vezes negativos. Mas é a segunda onda de aumento da produtividade, movida pela feroz concorrência pelo que restou de mercados, que ao incorporar de novas tecnologias de automação, fechará mais ainda postos de trabalho.

Essa lógica a qual estar subordinada o capital, mais evidente na atualidade, de serrar o galho em que está sentado com o aumento sem limites a produtividade e destruição incessante de empregos, tem suas conseqüências: na produção, a intensificação da crise de “valorização do valor” pela expulsão do trabalho vivo com a revolução da informática e aumento do trabalho morto; na circulação, a dificuldade de realização da mais-valia pela redução cada vez maior do número de consumidores produtivos. Para esse impasse, buscou-se como saída o consumo improdutivo, financiado pelo crédito infinito e por bolhas de tamanho crescentes, que a cada estouro mostra a inviabilidade dessa fórmula como solução para crise do capitalismo, deixando como legado rastros de destruição e sofrimentos.

A crise, longa e lenta, gera a cada espasmo do paciente em agonia, além do desemprego, montanha de crédito podre advindo desse dinheiro sem substância, que tem que ser limpo pelos faxineiros do capital. O Estado, à custa de um endividamento contínuo e sem precedente, impossível de ser pago por gerações futuras, é obrigado a engolir a fedentina vomitada pelo mercado e, ao mesmo tempo, alimentá-lo boca a boca com capital fictício produzido em suas entranhas, mesmo sabendo que mais na frente virão outros espasmos bem mais dolorosos e o risco de um colapso total.
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