sexta-feira, novembro 27, 2009

O NEGRO E O VERMELHO

O IDEO-REALISMO
1. - RECONHECIMENTO DUM ABSOLUTO METAFISICO

Afirmando a Justiça, afirmais o absoluto, afirmais Deus? Sim, como concepção, de modo algum como autor, soberano diante de quem devo prostrar-me e confundir-me.
Afirmando a Justiça, afirmo o absoluto, como afirmando as descobertas da física, as leis da geometria ou da mecânica, afirmo o absoluto (matéria, espaço, atracção, ete.) nem mais nem menos.
Um não é de mais importância que o outro. Que o homem agisse então, com respeito a todos esses absolutos, quanto ao maior como ao menor, como em relação a si mesmo; que os considere, mas que não faça deles uns idolos...
Deste modo, a revolução teve o cuidado de assinalar os limites da metaflsica, cuja necessidade e cujo objectivo proclama contra o ateísmo... (Justice, Les Idées.)
Não sou ateu; sempre protestei, e muito seriamente, contra esta qualificação. Não discutamos sobre a natureza e os atributos de Deus; detenhamo-nos na definição vulgar: é ateu quem nega dogmaticamente a existência de Deus. Ora, eu declaro acreditar e dizer que não podemos, legitimamente, negar nada nem afirmar nada do absoluto: é uma das causas pelas quais rejeito o conceito divino de moral. Que se diga que uma tal dúvida é insustentável, que só por isso é que Deus é possível, está certo; não posso, com respeito a isso, ficar na indiferença: compreendo a objecção, e, se ela me for feita, tentarei responder-lhe. Mas que não me façam ateu, quando a minha própria filosofia a isso se opõe. (Justice, Les Personnes.)
Deus ... não existe, não pode existir no sentido que os metaflsicos dão a esta palavra, porque a privação de toda a condicionalidade, longe de indicar a mais elevada potência do ser, assinala, pelo contrúrio, o seu grau mais baixo; Deus só pode transformar-se; é só nesta condição que ele existe... (Philos. du Prog., l.ª carta, cap. VI.)

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