quarta-feira, março 31, 2010

o mais pequeno pode ser mais emocionante...


Quem te avisa teu amigo é...


Esse gajo também é vendedor de carros?


Um dia mandam-me para o espaço...


um palhaço armado em soldado


Portugal a saldos


A pedofilia e a Igreja católica


A ICAR não tem o monopólio dos crimes sexuais nem sequer está provado que o seu clero seja mais licencioso ou perverso do que o islâmico, por exemplo.

Há, no entanto, razões que não deixarão em paz as sotainas. A alegada superioridade moral da Igreja católica chega ao absurdo de impor a continuação da gravidez a uma criança violada e grávida, a uma mãe em risco de vida ou com um feto com deficiências graves, às vezes incompatíveis com a vida.

A sanha contra a homossexualidade que nos pios ensinamentos seriam, como tudo, vontade do seu omnipotente deus, torna-a vulnerável perante a opinião pública que, à medida que duvida da virtude dos padres descrê da autoridade do seu deus.

Acresce que os padres foram quase sempre enclausurados em seminários, separados das mulheres, que os três monoteísmos depreciam, e tiveram de lidar com as hormonas na adolescência e chegaram à idade adulta sem maturidade sexual. O vulcão de lama que ora atinge a Igreja não é surpresa, é fruto da tolerância de que gozou, da conivência dos Estados e da hipocrisia das dioceses e do Vaticano.

O padre Frederico Cunha, condenado a 13 anos de prisão por homicídio de um jovem de 15 anos e por pedofilia, devia ter servido de lição ao bispo do Funchal, D. Teodoro, que o trouxe do Vaticano para secretário pessoal. O que restou de pias buscas à casa do padre, feitas alegadamente por castas freiras, era um manancial de pornografia e de provas das tendências pedófilas do reverendo padre cuja prisão o virtuoso bispo do Funchal comparou ao martírio de Cristo.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) não tomou qualquer providência para saber se havia bispos pedófilos, se algum era portador de Sida, se todos eram heterossexuais não praticantes e se cada um deles seria capaz de entregar à Justiça padres delinquentes.

Pelo contrário, numa saída precária do padre Frederico logo apareceu um táxi para o levar a Madrid, um passaporte falso e dinheiro verdadeiro que lhe permitiram a fuga para o Brasil onde certamente continua a transformar a água normal em benta e as rodelas de farinha em corpo e sangue de Cristo. Ninguém, que se saiba, foi investigado por ter sido conivente na fuga ou o obrigou a mudar de profissão.

Quando este Papa encobriu padres pedófilos, como provaram o NYT e outros jornais, quando João XXIII ameaçou de excomunhão quem denunciasse os crimes sexuais do clero, incluindo as vítimas, só podemos contar com o braço secular para tratar os funcionários de deus como qualquer outro cidadão.

Os meninos a embrutecer, os amigos a enriquecer

As perguntas eram sobre as negociatas da Parque Escolar. Mas as respostas centraram-se na possibilidade a dar às escolas de dividir por dois o grau de dificuldade mínimo das disciplinas anuais. Não responder às questões mais incómodas chutando para o ar temas novos costuma ser a técnica utilizada para servir propósitos que não o da resolução de problemas reais. E só mesmo os mal-intencionados que se dedicam à maledicência e aos ataques pessoais seriam capazes de identificar algum problema real no enriquecimento de alguns amigos com sorte ou apontaria algum embrutecimento a meninos que até vão obtendo sucesso escolar, apesar dos poderosos interesses corporativos que ainda reinam na escola pública. "Tásse" bem.
Um PSD maquilhado
Governo e empresas não utilizaram até ao fim de 2009 mais de 6.359 milhões de euros de fundos comunitários
O que pensar da China

Os corpos das mulheres como campo de batalha

Depois de uma recente viagem à Palestina, fiquei fortemente impressionada com o altíssimo índice de natalidade existente entre as mulheres palestinas. Elas, nas reuniões que mantivemos com as suas associações, explicavam-no como uma nova forma de luta pelos seus direitos, como um novo feminismo, além de ser considerado como um dever patriótico. Mas, apesar disso, custava-me muito a entender até que passados uns dias li, num documento que caiu em minhas mãos, que a verdadeira questão é outra. Trata-se de uma estratégia política para poder manter a separação demográfica com Israel. Desta maneira também integram a luta contra o Estado ocupante, no seu próprio corpo de mulheres.

Tendo em conta que Israel também realiza políticas ativas para o crescimento demográfico, deparamo-nos com o fato de que tanto os dirigentes palestinos como os judeus estão a utilizar os corpos das mulheres como campos de batalha, sem ter em conta as suas próprias decisões pessoais, nem o direito de poder decidir sobre o seu próprio corpo. Deste modo posso entender o grande número de meninas e de meninos palestinos mortos na ofensiva de Gaza. Não se trata só de destruir, trata-se de matar gente, para assim evitar que no futuro continuem a reproduzir-se. Parece-me tudo tão complicado, tão agressivo, tão doloroso, que embora entendendo-o, continuo a achá-lo uma barbárie.

Nós, mulheres, temos direito a decidir livremente sobre o nosso corpo e nenhum Estado nem nenhuma estratégia deverá impedir-nos de sermos senhoras absolutas dele. Mas vejo que não é assim e que continuam usurpando a nossa intimidade, a nossa capacidade reprodutora em nome dos interesses de outros. E, o que é pior, tudo isso negando-nos a capacidade de ter prazer.

E de novo surgem da escuridão, como fantasmas, os dogmas das religiões, de qualquer delas. São eles, os dogmas, os ritos e as crenças religiosas que impedem as pessoas de terem uma certa objetividade no olhar à sua volta, tornando-as sectárias e dogmáticas, dispostas a tudo para defender esse deus que representa a sua essência vital. Devido a esse sectarismo religioso, de qualquer cor, têm surgido guerras e ao longo da história sempre se repetiu o mesmo padrão: a defesa intransigente dos éditos religiosos contra outras crenças ou contra o questionamento desses mesmos éditos.

E tanto derramamento de sangue sempre tem levado, em paralelo, à utilização dos corpos das mulheres, quer como armas de guerra, com violações e humilhações de todos os tipos, ou fazendo-as parir para dar mais filhos à causa em jogo. Ou acaso não recordamos a limpeza étnica da última guerra dos Bálcãs?

As mulheres eram violadas, raptadas e forçadas a parir em condições tão terríveis para as “desonradas” perante as suas famílias… e aceitar um filho, neto ou sobrinho, engendrado pelo agressor?

É terrivelmente doloroso para mim ter que aceitar que estes acontecimentos ocorrem, que estão ocorrendo agora mesmo em qualquer conflito armado ativo no planeta. Pensar nos corpos das mulheres como campos de batalha onde se redimem conceitos como Estados, comunidades, ou congregações, parece-me uma barbaridade difícil de aceitar, mas é o que está a acontecer. A dor da aceitação desta realidade implica um compromisso contra tais situações. E uma maneira de combater essa realidade inaceitável é dando-a a conhecer na sua plenitude.

Assim, as mulheres da Palestina, e tantas outras mulheres do mundo, continuarão a ver arrebatarem-lhes a decisão sobre algo tão íntimo como o seu corpo, e sobre a sua relação com ele, assim como a decisão de serem mães ou não, continuarão a serem usadas como campo de batalha onde construirão a ansiada nação palestina livre, mas a que preço?

Tere Molla

tmolla@teremolla.net

Fonte: El Libertário Nº58 - Venezuela

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

EUA - Livro: “Somos uma Imagem do Futuro: A Revolta Grega de Dezembro de 2008”

Em meados de março de 2010, a AK Press lançou nos Estados Unidos um livro abrangente sobre a insurreição ocorrida na Grécia em Dezembro de 2008 após o assassinato feito pela polícia do jovem de 15 anos Alexis Grigoropoulos, enfocando suas raízes históricas, suas múltiplas formas e manifestações, e seus contínuos efeitos nas repressões que giraram ao redor da eleição nacional em Outubro de 2009. Com dúzias de fotos, quase quarenta entrevistas inéditas com participantes e observadores da revolta, e dúzias de textos traduzidos, artigos, e comunicados de uma variedade de grupos, o livro "Somos uma Imagem do Futuro" explora a história das lutas sociais gregas e o espaço anarquista em particular, enquanto tenta dar respostas múltiplas às questões sobre de onde as insurreições vieram, qual o papel dos anarquistas nisso tudo, até que ponto o Estado é capaz de reprimi-los, que obstáculos impedem a insurreição de se tornar uma revolução, e de que maneiras eles mudam a sociedade quando se contêm ante a revolução total?

Os editores deste livro buscam simultaneamente documentar um momento importante na história das lutas anarquistas, apresentar o movimento anarquista grego em um contexto histórico e promover a teoria e a estratégia anarquista, a compreensão da sociedade, do Estado e a revolução global.

"Nós somos Uma Imagem do Futuro" inclui entrevistas com:

• Anarquistas e anti-autoritários de Atenas, Tessalônica, Patras, e muitas outras vilas e ilhas.

• Participantes nas ocupações da Universidade Politécnica, da Escola de Economia de Atenas, da Universidade de Direito de Atenas, da Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos, do escritório do sindicato dos editores de jornal, da Escola de Teatro em Tessalônica, e do National Opera Hall de Atenas.

• Amigos de Alexis Grigoropoulos e estudantes da escola secundária de Exarchia.

• O morador de Exarchia que filmou o assassinato de Alexis.

• O foto-jornalista despedido por tirar uma foto de um policial sacando sua arma um dia após o assassinato de Alexis.

• Um membro do sindicato de base anti-autoritário de Konstantina Kuneva, uma pobre trabalhadora imigrante brutalmente atacada por capangas em Dezembro por causa de suas atividades sindicais.

• Estudantes, esquerdistas, pessoas não filiadas, membros conservadores da família de anarquistas, e pessoas ao acaso nas ruas.

• Um refugiado que organiza apoios a outros refugiados, e muitos imigrantes que participaram na revolta.

• Pessoas que têm participado nas lutas desde os anos 70 e pessoas que saíram às ruas pela primeira vez em Dezembro.

• Proprietários de lojas de artigos de luxo atacadas por anarquistas (incluindo uma entrevista com um anarquista que tinha ajudado a destruir uma loja e voltou imitando um jornalista de um grande jornal internacional).

• Ativistas midiáticos independentes e pessoas envolvidas em contra-informação.

• Pessoas envolvidas com a luta de apoio aos prisioneiros.

• Algumas pessoas envolvidas na ocupação de estações nacionais de televisão.

• Anarquistas que organizaram ações de solidariedade em outros países.

O livro contém traduções originais e traduções reimpressas de mais de uma dúzia de assembléias, grupos e iniciativas, incluindo prisioneiros, grupos de guerrilha urbana, ocupações de universidades e prefeituras, grupos feministas, grupos imigrantes, grupos de trabalhadores, etc. Há também muitos artigos feitos pelos editores que analisam o papel da mídia, a internacionalização da luta, a lógica de não fazer demandas, os resultados da revolta de Dezembro, o papel da classe trabalhadora, gênero e anti-sexismo no movimento, a estratégia dos grupos de guerrilha armada e o significado da violência para a luta anarquista.

“Este livro é justamente o que Dr. Anarquia pediu. Como transformar uma insurreição numa revolução. A revolta grega inspirará uma geração assim como Paris 68 fez 40 anos atrás”.

- Ian Bone, guerreiro classista e autor de Bash the Rich

“Se protesto é quando digo eu discordo, e resistência é quando digo eu faço alguma coisa em relação a isto, então insurreição é quando todo mundo está a bordo também. E assim foi em Dezembro de 2008, quando a Grécia entrou em chamas... Somos uma Imagem do Futuro é um retrato quintessencial da revolução em ação. A vindoura insurreição global já começou”.

- Ramor Ryan, autor de Clandestines

“O que o levante Zapatista de 1994 foi para o movimento antiglobalização a insurreição grega de 2008 poderia ser para a morte do capitalismo em si”.

- Coletivo de Ex-Trabalhadores CrimethInc.

“Esta deslumbrante coleção não é um livro sobre a grande insurreição de 2008 – é uma peça viva disso que pode se tornar uma parte de nós, e através de nós, abre a perspectiva de um universo que de outra forma talvez nunca teríamos imaginado ser possível. Historiadores futuros podem bem concluir que a Revolução finalmente começou em 2008. Se eles fizerem isso, este livro terá desempenhado um papel crucial nesta realização”.

- David Graeber, autor de Direct Action: An Ethnography

Serviço

"We Are an Image From the Future: The Greek Revolt of December 2008"

A.G. Schwarz (Editor), Void Network (Editor), and Tasos Sagris (Editor)

Preço promocional de lançamento: $12,75 (cerca de 25 reais sem custos postais)

Pedidos: http://www.akpress.org

Tradução > Marcelo Yokoi

agência de notícias anarquistas-ana

terça-feira, março 30, 2010

O NEGRO E O VERMELHO

TERCEIRA PROPOSIÇÃO

A propriedade é impossível porque, para um dado capital, a produção está na razão do trabalho, não na da propriedade

Para pagar uma renda de 100, a 10 por cento do produto, é preciso que o produto seja 1.000; para que o produto seja mil é preciso uma força de 1.000 trabalhadores. Infere-se que tendo dispensado os nossos 100 trabalhadores proprietários, que tinham todos um direito igual de levar vida de capitalistas, ficamos impossibilitados de lhes pagar os seus lucros. Com efeito, sendo já só de 900 a força produtora que era primeiro de 1.000, reduz a produção a 900, cuja décima parte é 90. É preciso: ou que 10 proprietários em 100 não sejam pagos, se os outros 90 querem ter a sua renda integral; ou que todos concordem em sofrer uma diminuição de 10 por cento. Porque não é o trabalhador, que não descuidou nenhuma das suas funções, que produziu como anteriormente, que deve suportar a retirada do proprietário; é este que deve sofrer as consequências da sua ociosidade. Mas então o proprietário encontra-se mais pobre pelo próprio facto de querer gozar; exercendo o seu direito perde-o, de tal maneira que a propiedade parece diminuir e desaparecer à medida que a queremos agarrar: quando mais se persegue menos ela se deixa prender. O que é um direito sujeito a variar segundo relações de números e que uma combinação aritmética pode destruir?
O proprietário trabalhador recebia: 1.º - 0,9 de salário, como trabalhador; 2.º - 1 de renda como proprietário. Disse para consigo: A minha renda é suficiente; não preciso de trabalhar para ter a mais. E eis que a receita, com a qual contava, se acha diminuída de um décimo, sem imaginar sequer como se fez essa diminuição. Tomando parte na produção ele próprio criava décimo que já não encontra, e quando pensava tabalhar só para si sofria, sem se aperceber, na troca dos seus produtos, uma perda cujo resultado era fazer-lhe pagar a si próprio um décimo da sua renda. Como qualquer outro produzia 1 e só recebia 0,9.
Se em vez de 900 trabalhadores houvesse apenas 500 a totalidade da renda seria reduzida a 50; se só houvesse 100 reduzir-se-ia a 10. Assentemos pois como lei de economia proprietária o seguinte axioma: O lucro deve diminuir quanto o número dos ociosos aumenta.
Este primeiro resultado vai conduzir-nos a um outro bem mais surpreendente: trata-se de nos livrarmos de uma só vez de todos os encargos da propriedade sem a abolir, sem prejudicar os proprietários e por um processo eminentemente conservador.
Acabamos de ver que se a renda de uma sociedade de 1.000 trabalhadores for 100, a de 900 será 90, a de 800 será 80, a de 100 será 10, etc. De maneira que se a sociedade não tivesse mais que 1 trabalhador a renda seria de 0,10 quaisquer que fossem, aliás, a extensão e o valor do solo apropriado. Portanto, sendo dade o capital territorial, a produção estará na razão do trabalho, não na da propriedade.
Segundo este principio procuremos qual deve ser o máximo de lucro para qualquer propriedade.
Que significa, na origem, a renda da terra? É um contrato pelo qual o proprietário cede a um rendeiro a posse da sua terra, por meio de uma porção que ele, proprietário, daí retira. Se, pela multiplicação da família, o rendeiro se encontrar dez vezes mais forte que o proprietário, produzirá dez vezes mais: será uma razão para o proprietário vir duplicar a renda? O seu direito não é: Quanto mais produzires mais eu exijo; é: quanto mais transijo mais exijo. O crescimento da família do rendeiro, o número de bracos de que dispõe, os recursos da sua indústria, causas do crescimento da produção, tudo isso é estranho ao proprietário: as suas pretensões devem ser medidas pela força produtora que há em si, não pela força produtora que há nos outros. A propriedade é o direito de lucro, não é o direito de capitação. Como é que um homem, cultivando com dificuldade alguns arpentes, exigiria da sociedade 10.000 vezes o que ele é incapaz de produzir, apenas por possuir uma propriedade de 10.000 hectares? Como aumentaria o preço do empréstimo na proporção do talento e da força do que pede emprestado e não na razão da utilidade que o proprietário daí pode retirar? Forçoso nos é, pois, reconhecer esta segunda lei económica: O lucro tem por medida uma fracção da produção do proprietário.

a hipocrisia da guerra


O eterno binómio em confronto: ser/parecer


nas minhas mãos um pé...


O nome Maria não me sai da cabeça...


PROBLEMAS CAUSADOS PELO DESMATAMENTO


pecapau dum raio


Banco Mundial: “Nosso Sonho: Um Mundo Sem Pobreza"

O Banco Mundial tem o slogan no seu edifício central de Washington: “Nosso Sonho: Um Mundo Sem Pobreza”.

Entre 1970 e 2001, a dívida externa dos países do Sul foi multiplicada por 35.

O Banco Mundial é um dos organismos encarregues de gerir o pagamento dos juros dessa dívida multilateral.

Os economistas do Banco Mundial sabem que [... graças a eles...] este “sonho” nunca chegará a cumprir-se.

Segundo as regras do capitalismo, é preciso maximizar os lucros no tempo mais curto possível.

A desigualdade não é uma consequência possível deste sistema, é antes uma condição indispensável para que funcione.

papa vento...


Mais vale rico e saudável do que pobrezinho e doente

Em Portugal, país em que todos os cidadãos são iguais perante a lei, fica mais barato cegar um pobre do que um rico e fica mais caro insultar ou difamar um rico do que um pobre. Uma sociedade apostada em caminhar no sentido correcto já deveria ter resolvido esta diferença. Entre nós, ela passa quase despercebida a uma grande maioria dócil habituada a andar curvada e de mão estendida. Na falta de uma Justiça à séria, vai mandando a resignação.

Mais de 4 milhões de desempregados em Espanha

O desemprego em Espanha ultrapassou em Janeiro os quatro milhões de trabalhadores. Se porém forem tidos em conta os números do Inquérito à População Activa (EPA) o desemprego terá atingido uma cifra superior a 4.300.000 pessoas no final do ano passado. De Dezembro para Janeiro foram registados mais 124.890 desempregados o que significa mais de 4 mil pessoas despedidas por dia.
A estratégia da CIA para manipular a opinião pública europeia quanto à guerra no Afeganistão — Revelações de um documento ciático

A ASCENSÃO DE UM PIRÓMANO AO BCE

"Não admira que os portugueses estejam contentes com a saída de Victor Constâncio", declarou Astrid Lulling, deputada democrata-cristã luxemburguesa, ao questionar o governador do Banco de Portugal sobre os casos BCP, BPP e BPN.
Este assumirá o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu em Junho próximo. Mas para aquela euro-deputada, entregar a supervisão do BCE a Constâncio "é como dar dinamite a um pirómano" (sic)

GEORGE ORWELL: Uma Biografia Política



Informação recebida da editora Antígona.

GEORGE ORWELL: Uma Biografia Política, de John Newsinger

Nesta obra, traduzida para português por Fernando Gonçalves, John Newsinger, professor de História na Bath Spa University, em Inglaterra, traça a evolução do pensamento político de Orwell, desde os tempos de polícia colonial na Birmânia, quando despertou para a violenta e cruel realidade do Império Britânico, passando pelos seus dias de penúria em Paris e em Londres, até à sua morte.
Marcado pelas experiências na Guerra Civil de Espanha, em que viu a utopia feita revolução traída pelos comunistas ao serviço de Estaline, Orwell viria a tornar-se socialista revolucionário, opondo-se ferozmente ao estalinismo. Esta posição, que manteve até ao fim, valeu-lhe o exílio por parte da esquerda e da direita que, ironicamente, se aproveitaram, e ainda aproveitam, da sua obra literária.

Episódios controversos, como a famigerada «denúncia» de nomes associados à ideologia comunista, ou a sua aversão às atitudes pacifistas de Ghandi, são aqui vistos a uma nova luz e analisados no seu contexto. Num retrato distanciado e bem documentado, Newsinger desvenda-nos um Orwell menos conhecido do leitor comum, mas fundamental para a compreensão das suas concepções políticas – o Orwell combatente, jornalista e ensaísta – e das realidades que viveu.

O NEGRO E O VERMELHO

O trabalhador produziu 1. só consome O,9; perde, pois, um décimo sobre o preço do seu trabalho; a sua produção custa sempre mais do que vale. Por outro lado, o décimio recebido pelos proprietários não deixa de ser um valor nulo; porque, sendo trabalhadores eles próprios, tendo que viver com os 9 décimos do seu produto como os outros, nada lhes falta. Para que serve a duplicidade da sua ração de pão, vinho, carne, fato, alojamento, etc., se não podem consumi-Ia nem trocá-la? O preço da renda fica pois um valor nulo, tanto para eles como para o resto dos trabalhadores e parece nas suas mãos. Estendam a hipótese, multipliquem o número e as espécies dos produtos, nada modificarão ao resultado.
Até aqui considerei o proprietário tomando parte activa na produção, como diz Say, não somente pelo serviço do seu instrumento mas de uma maneira efectiva, pelo trabalho das suas mãos; ora é fácil ver que em semelhantes condições a propriedade nunca existirá. Que acontece?
O proprietário, animal essencialmente libidinoso, sem virtude nem vergonha, não se acomoda com uma vida de ordem e disciplina; se ama a propriedade é para fazer apenas a sua vontade, quando e como quer. Seguro dos seus víveres, abandona-se à futilidade, à moleza; joga, disparata, procura curiosidades e sensações novas. A propriedade, para gozar de si própría, deve renunciar à condição comum e entregar-se a ocupações de luxo, a prazeres imundos.
Em vez de renunciar a uma renda que parecia nas suas mãos e aliviando, assim, o trabalho social, os nossos cem proprietários repousam. A produção parece equilibrar-se, com esta retirada, sendo reduzida absolutamente de cem, enquanto o consumo continua o mesmo. Mas primeiro, visto que os proprietários já não trabalham, o seu consumo é improdutivo, segundo os princípios da economia, por consequência, já não há, como dantes, na sociedade, cem serviços não pagos pelo produto mas cem produtos consumidos sem serviço; o défice é sempre o mesmo, qualquer que seja a coluna do orçamento que o exprime.
Ou os aforismos da economia política são falsos ou a propriedade, que os contradiz, é impossível.
Os economistas, olhando todo o consumo improdutivo como um mal, como um roubo feito ao género humano, não deixam de exortar os proprietários à moderação, ao trabalho, à economia: pregam-lhes a necessidade de se tornarem úteis, de dar à produção o que dela recebem; rogam as mais terríveis imprecações contra o luxo e a preguiça. Seguramente esta moral é muito bela; é pena que não tenha senso comum. O proprietário que trabalha ou, como dizem os economistas, que se torna útil, faz-se pagar por esse trabalho e essa utilidade: está menos ocioso em relação às propriedades que não explora e de que recebe os lucros? A sua condição, faça o que fizer, é a improdutividade e a traição; não pode deixar de gastar e destruir senão deixando de ser proprietário.
Mas esse é ainda o menor dos males que a propriedade engendra. Defende-se que a sociedade sustente ociosos; haverá sempre cegos, manetas, loucos, imbecis; bem pode sustentar alguns preguiçosos. Eis onde as impossibilidades se complicam e acumulam.

domingo, março 28, 2010

O NEGRO E O VERMELHO

SEGUNDA PROPOSIÇÃO

A propriedade é impossível porque, onde é admitida, a produção custa mais do que vale

A proposição precedente era de ordem legislativa; esta é de ordem económica. Serve para provar que a propriedade, que tem por origem a violência, tem por resultado criar um valor nulo.
«A produção, diz Say, é uma grande troca: para que a troca seja produtiva é preciso que o valor de todos os serviços se encontre nivelado pelo valor da coisa produzida. Se esta condição não for satisfeita a troca foi desigual, o produtor deu mais que recebeu.»
Ora, tendo o valor por base necessária a utilidade, resulta que todo o produto inútil é necessariamente sem valor, que não pode ser trocado, portanto que não pode servir para pagar os serviços da produção.
Assim, se a produção pode igualar o consumo nunca o ultrapassará; porque não há produção real senão onde há produção de utilidade e não há utilidade senão onde há possibilidade de consumo. Portanto, todo o produto que uma excessiva abundância torna inconsumível torna-se inútil para a quantidade não consumida, sem valor, não trocável, daí, impróprio para pagar o que quer que seja; já não é um produto.
O consumo, por sua vez, para ser legítimo, para ser um verdadeiro consumo, deve ser reprodutor de utilidade; porque se é improdutivo os produtos que ele destrói são de valores anulados, coisas produzidas em vão, circunstância que rebaixa os produtos abaixo do seu valor. O homem tem o poder de destruir, não consome senão o que reproduz. Numa economia justa há, pois, equação entre a produção e o consumo.
Estabelecidos todos estes pontos, imagino uma tribo de mil famílias fechada numa determinada superície de território e privada de comércio externo. Esta tribo representará toda a humanidade que, espalhada pelo globo, está verdadeiramente isolada. Com efeito, a diferença entre uma tribo e o género humano estando em proporções numéricas, os resultados económicas serão absolutamente os mesmos.
Conjecturo, então, que essas mil famílias, entregues à cultura exclusiva do trigo, devem pagar cada ano, em natureza, uma importância de 10 por cento sobre o produto a cem particulares de entre eles. Vê-se que aqui o direito de lucro se assemelharia a um levantamento feito sobre a produção social. Para que servirá esse levantamento?
Não pode ser para o abastecimento da tribo porque esse abastecimento nada tem de comum com a renda; também não é para pagar serviços e produtos porque os proprietários, trabalhando como os outros, só trabalham para eles. Então, esse levantamento não terá utilidade para os capitalistas que, tendo coIhido trigo em quantidade suficiente para o seu consumo e não se podendo procurar outra coisa, numa sociedade sem comércio e sem indústria, perderão assim a vantagem dos seus lucros.
Numa tal sociedade sendo inconsumível a décima parte do produto, há um décimo do trabalho que não é pago: a produção custa mais do que vale.
Transformemos agora 300 dos nossos produtores de trigo em industriais de toda a espécie: 100 hortelões o vindimadores, 60 sapateiros e alfaiates, 50 marceneiros e ferreiros, 80 de profissões diversas e, para que nada aí falte, sete professores, um presidente da Câmara, um juiz, um padre: cada ofício, no que lhig diz respeito, produz para toda a tribo. Ora sendo 1.000 a produção total, o consumo para cada trabalhador é 1, a saber: trigo, carne, cereais, 0,700; vinho e horticultura, 0,100; calçado e fato, 0,060; ferramentas e móveis, 0,050; produtos diversos, 0,080; instrução, 0,007; administração, 0,002; missa, 0,001. Total, 1.
Mas a sociedade deve uma renda de 10 por cento; e observaremos que pouco importa que só os trabalhadores a paguem ou que todos os trabalhadores sejam solidários, o resultado é o mesmo. O rendeiro aumenta o preço das suas mercadorias em proporção do que deve; os industriais seguem o movimento da subida; depois de algumas oscilações o equilíbrio estabelece-se e cada um pagou uma soma mais ou menos igual. Seria um erro grave julgar que numa nação apenas os arrendatários pagam rendas; é toda a nação.
Digo, pois, atentando no levantamento de 10 por cento, que o consumo de cada trabalhador está reduzido da seguinte maneira: trigo, 0,630; vinho e hortaliça, 0,090; fato e calçado, 0,054; móveis e ferragens, 0,045; outros produtos, 0,072; escola, 0,0063; administração, 0,0018; missa, 0,0009. Total, 0,9.

Se pudesse até comia o sócrates...


Um bocadinho mais para a esquerda...


Olha, é assim que se conduz...


Já não sei há quanto tempo é que ando a pedalar...


ciência e religião


Ratzinger amigo de pedófilos

Tenham uma linda guerra, rapazes

De preferência, não seja estúpido!...

economia versus corrupção


A partir de hoje este blogue associa-se à Campanha Somos contra a Visita do Papa a Portugal

O NEGRO E O VERMELHO

O proprietário, ao contrário, nada cede do seu instrumento: obriga a que o paguem eternamente, etemamente o conserva.
Com efeito, a renda que o proprietário recebe não tem por objectivo as despesas do sustento o reparação do instrumento; essas despesas continuam a cargo do que aluga e não dizem respeito ao proprietário senão como interessado na conservação da coisa. Se se encarrega disso tem o cuidado de antecipadamente se reembolsar.
Essa renda também não representa o produto do instrumento, visto que o instrumento por si próprio nada produz: vimo-lo há pouco e vê-lo-emos melhor ainda pelas consequências.
Enfim, essa renda não representa a participação do proprietário na produção visto que essa participação não poderia consistir, como a do ferreiro o carpinteiro, senão na cessão de todo ou parte do seu istrumento, caso em que deixaria de ser proprietário, implicando uma contradição na ideia de propriedade.
Portanto, entre o proprietário e o arrendatário não há troca de valores nem de serviços; assim como o dissemos no axioma a renda é, pois, um verdadeiro lucro, uma extorsão unicamente baseada na fraude e violência de uma parte, na fraqueza o ignorância da outra. Os produtos, dizem os economistas, só se compram com produtos. Este aforismo é a condenação da propriedade. Não produzindo por si próprio ou pelo seu instrumento e recebendo produtos em troca de nada, o proprietário ou é um parasita ou um ladrão. Portanto, se a propriedade apenas pode existir como direito, a propriedade é impossível.
Corolários. 1.º - A Constituição republicana de 1793, que definiu a propriedade como «o direito de gozar do fruto do seu trabalho» enganou-se grosseiramente; devia dizer: A propriedade é o direito de gozar e dispor à sua vontade do bem de outrem, do fruto da indústria e do trabalho de outrem.
2.º - Todo o possuidor de terras, casas, móveis, máquinas, utensílios, dinheiro, cunhado, etc., que aluga a sua propriedade por um preço excedendo as despesas de reparações, que estão a cargo do que empresta, é estelionatário, culpado de roubo e fraude. Numa palavra, todo o lucro recebido a título de indemnização de interesses mas como preço do empréstimo é um acto de propriedade, um roubo.
Comentário histórico. O tributo que uma nação vitoriosa impõe a uma nação vencida é uma verdadeira renda. Os direitos senhoriais que a Revolução de 1789 aboliu, as dízimas, mãos-mortas, corveias, etc., eram formas diferentes do direito de propriedade; e os que, sob os nomes de nobres, senhores, prebendários, beneficiários, etc., gozavam desses direitos, não eram mais que proprietários. Defender hoje a propriedade é condenar a revolução.

sábado, março 27, 2010

...confusion will be my epitaph...


sublinhando...


Contra as barreiras lutar, lutar!...


Pai, quantos matastes???...


Acaba já a conversa, senão tiro-te daí!


Existe um país!...

Existe um país em que uma pessoa pode ser condenada por um tribunal a pagar a um corrupto vigarista (acusação provada em tribunal) uma indemnização de 10.000 euros, exactamente por lhe ter chamado... corrupto vigarista.
Neste país em diminuitivo ser corrupto e vigarista dá sempre lucro.
Neste país em diminuitivo a chamada justiça não é mais que um poder que serve os interesses de outros poderes que valores mais altos alevantam...

Matem-se os mensageiros!

De toda a parte chegam notícias de estórias aberrantes vindas do clero. Notícias antigas, mais recentes e de hoje, que nos dão conta do pesadelo vivido por milhares de rapazes e raparigas marcados para toda a vida por actos execráveis, vítimas inocentes às mãos de centenas de padres e freiras... exactamente aqueles em que, por vezes, mais confiavam.


Quanto mais se levanta o véu que cobriu durante décadas a prática da pedofilia no seio da Igreja, de uma forma tornada quase natural, tal a quantidade esmagadora de casos, mais se percebe o papel encobridor e cúmplice das hierarquias da religiosas. Como se está a descobrir, não poucas vezes, em vez de afastarem ou punirem um sacerdote comprovadamente pedófilo, compravam o silêncio de vítimas e familiares, transferindo o predador para outra paróquia, onde, como seria de esperar, voltaria a atacar crianças e jovens.


Quanto mais se levanta o véu, mesmo tentando controlar o nojo, mais se percebe que a rede de cumplicidades e encobrimentos sobe ao topo da hierarquia, salpicando irremediavelmente até os “santos padres”, tanto os anteriores como o actual.


Perante este sufoco e as reacções pouco acolhedoras aos esfarrapados pedidos de desculpa do Papa Ratzinger e da própria Igreja, perante a óbvia falta de coragem e, sobretudo, vontade, de punir exemplarmente os criminosos e, para além de punir, ir fundo na reflexão sobre as causas desta histórica podridão moral, o que fazem o poderoso Vaticano e o seu chefe Ratzinger? Evidentemente, culpam os meios de comunicação social e os jornalistas, a quem acusam de «conspiração» contra a Igreja e de uma
«campanha ignóbil com o único fim de manchar a reputação do Papa».


E assim, de uma penada, riscam-se do mapa milhares de vítimas, passando a existir uma única vítima a considerar: a reputação do Papa.


Afinal, como podemos ver, este tipo de “chefes” tendem a ser iguais. O universo é um deserto e tudo afinal se resume a eles próprios e à sua “reputação”. Quando vier de visita a Portugal, o senhor Ratzinger poderá aproveitar um dos seus possíveis encontros com José Sócrates, que não tendo evidentemente na sua colecção de percalços pessoais qualquer acusação de pedofilia, é, no entanto, um especialista em "reputação", um verdadeiro ás a detectar “conspirações”, um perito em “campanhas ignóbeis”, mestre em “cabalas”, “campanhas negras”, “assassínios de carácter”, etc., etc., etc., etc... e sabe tudo sobre os verdadeiros culpados: os jornalistas.


Podem sentar-se num cantinho os dois e “trocar cromos” durante umas boas horas.

Baldas responsáveis

Ontem, debatia-se o PEC e o Primeiro-ministro não quis dar a cara pelo seu tesouro. Baldou-se. Hoje, debate-se o Estatuto do aluno e a Ministra da Educação, imitando o chefe, planificou um dia bem longe da Assembleia da República. Baldou-se. Em ambos os casos, não haverá teste de recuperação das faltas injustificadas. Geneticamente, os dois artistas são providos de responsabilidade em dose suficiente para se baldarem ao que lhes dê na real gana. Sem comprometerem os penteados.
Pelas ruas da amargura
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E, finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... E, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos».

José Saramago

simples sacrifíciozito


EUA - Democracia e insurreição na Grécia e no Mundo

[Para proporcionar um sabor de anarquismo e insurrecionalismo ao estilo grego, Peter Gelderloos, autor de "Como a Não-violência Protege o Estado", acompanhado de dois companheiro/as gregos do Void Network, Tasos Sagris e Sissy Doutsiou, estão dando uma série de palestras nos Estados Unidos, assim como promovendo o livro recém-lançado pela AK Press intitulado “Somos uma imagem do futuro: A Revolta grega de Dezembro de 2008”. A seguir o relato de uma dessas conversações, realizada em Claremont, na Califórnia, em 9 de março.]

Tendo como foco as revoltas recentes propulsadas pela brutalidade policial na Grécia, a palestra foi estruturada mais como um diálogo, ou uma sessão de perguntas e respostas, do que uma conferência tradicional.

Começou Peter. “Nós iremos falar da insurreição social na Grécia, que se destacou perante o mundo após o assassinato, no dia 6 de Dezembro de 2008, de um jovem de 15 anos em Exarchia, bairro rebelde do centro de Atenas que é muito associado com os anarquistas. E depois se seguiram três semanas de levantamentos intensos. Depois, a atenção mundial sobre isso desapareceu, mas estas lutas sociais continuam em marcha, e com muito mais força do que antes de dezembro, então de diversas maneiras eles estão ganhando, e o que queremos fazer é falar de onde tudo isso veio, por que se fez possível, e logo, o que está acontecendo, que direções tomou”.

Advertiu contra a romantização das imagens revolucionárias, como as que estavam projetadas em uma parede próxima ao local da discussão, e fez referências a lutas semelhantes no Reino Unido e Barcelona, cada uma acontecendo dentro de um meio político e cultural distinto.

“Dessa forma, não queremos somente dar a vocês informações sobre o que está acontecendo na Grécia, porque por mais interessante que seja, no final, é inútil. O que queremos é encorajar o pensamento crítico sobre a insurreição, que esperamos que seja útil a todos vocês para que possam difundir rebeliões aqui”.

Em seguida pediu para que as pessoas fizessem perguntas, e a primeira foi uma petição para maior informação sobre o contexto histórico da rebelião relacionando ao auge do anarquismo e a luta contra o fascismo.

Tasos começou com um resumo do movimento grego, explicando que tanto em 1936 como em 1967, ditaduras foram impostas na Grécia para conter os movimentos revolucionários. “Então, quando aconteceu o grande levantamento na Universidade Politécnica em 1974, isso foi um dos fatores principais da queda da ditadura. Participaram aproximadamente 50 a 60 anarquistas nas assembléias gerais, mas tiveram uma forte influência sobre ela. Temos que reconhecer que foram esquerdistas, esquerdistas autônomos, marxistas libertários, pessoas influenciadas pelo marxismo, maoísmo e o leninismo. Mas o espírito de poder que os anarquistas deram à luta que durou três a quatro dias pela queda da ditadura foi muito forte, havia cerca de 10.000 a 15.000 pessoas que se reuniram lá para participar nos motins, e foi ali que pela primeira vez apareceram estas grandes faixas que diziam “Abaixo a Autoridade”, “Insurreição Social Geral”, essa foi a primeira vez que apareceram os lemas e faixas anarquistas, dentro destes motins.

“Outra estratégia que tiveram foi a que apareceu depois de 74, surgindo grupos autônomos e anarquistas dentro das universidades. No início, estes grupos eram pequenos e tiveram pouca influência, mas através de grandes esforços, e também pelo compromisso, criatividade, pela difusão de idéias e por causa das grandes publicações, muitas delas gratuitas, que se distribuíam na universidade, e pela forte contribuição dada ao fortalecimento do movimento estudantil geral, e aos estudantes, o sentimento de que “podemos lutar e podemos ganhar!” estava presente.

Este movimento ocupou todas as universidades por três meses, um feito que se repetiu em 1974, 1980 e 1985. Em 1990, um movimento grande ocupou as universidades para deter sua privatização, e foi apoiado por um movimento de estudantes secundaristas, que em solidariedade ocuparam suas escolas.

“Bandeiras negras na frente das universidades e escolas secundárias, todas as universidades e escolas secundárias fechadas por três meses”.

O movimento não somente deteve a privatização, que foi imposta pela União Européia, mas também conseguiu fixar na consciência popular a idéia de que “a Universidade sempre será gratuita, a comida na Universidade sempre será gratuita, e os restaurantes universitários darão comida gratuita a todos os pobres, a todos os imigrantes pobres, e a qualquer pessoa que passe por necessidades e que precise se alimentar nesse dia, o restaurante universitário tem a obrigação de dar comida gratuita”.

A reforma alimentícia fez parte de um esforço para ensinar aos poderes acadêmicos e políticos sobre o que é “a obrigação social da Universidade”. E mais, o movimento em si foi um componente de um ataque geral contra o conservantismo, e teve um efeito duradouro neste aspecto.

Alguém perguntou de que maneira as comunidades se organizam, e os convidados gregos detalharam sobre o funcionamento dos centros sociais que, entre outros projetos, oferecem muitos cursos gratuitos. Peter explicou que os anarquistas tendem a se organizar em pequenos grupos de afinidade descentralizados. Estes grupos têm suas próprias análises, trabalham em seus próprios projetos e produzem sua própria propaganda e compartilham essas análises nas assembléias populares.

Um estudante perguntou sobre as interações entre os distintos grupos e movimentos. Sissy explicou que “na Grécia não existe campanhas monotemáticas. Não há agendas separadas. Não há grupos separados, por exemplo, unicamente para os imigrantes, embora os imigrantes eles mesmos tenham seus próprios grupos. Existem muitos grupos e cada um tem seu próprio enfoque, sua própria análise e sua própria resolução ao problema. Todos estes grupos lidam com temas ecologistas, do movimento estudantil, da economia, de tudo”.

Talos tentou explicar melhor com um exemplo, “surgiu, por exemplo, um movimento influenciado pelos grupos antifascistas alemães, eles também se autodenominam ‘antifa'”, antifascista. Têm alguma influência moderada e trabalham muito bem batalhando contra os nazistas nas ruas. Mas quando começaram a se mobilizar para manifestações, então todos os anarquistas fizeram uma grande assembléia, e por muito tempo. “Qual opinião temos do movimento antifascista?”. Naquele tempo, a conclusão que os insurrecionalistas gregos chegaram foi a de que “não somos antifascistas. Somos anarquistas, e já que somos anarquistas, lutamos contra o fascismo. Mas não nos identificamos com a identidade distinta de “antifa”. Ou de anti-sexista. Ou de anti-estado. Todas estas já são partes da luta anarquista”.

Quando se inicia um movimento, vários esforços são realizados para abranger a sociedade inteira, não somente as comunidades afetadas. Os gregos dependem mais do papel e do alcance pessoal do que da internet. Isto dá corpo ao movimento, que acontece, “primeiro pela contra-informação, logo pela manifestação, e depois pelo motim. Todos são partes do corpo. Se faltar algumas destas partes, daí perde tudo. Se tiver somente contra-informação e não tiver manifestação, então você não existe no espaço público. Se tem somente manifestação e não tem motim, daí então você não tem poder político, ninguém acredita em você. Este é o corpo insurrecionalista”.

Parte da razão de fazer tantos contatos com as pessoas é “a difusão de nossa visão aos nossos amigos desconhecidos, e estes amigos desconhecidos são as demais pessoas. E os amigos desconhecidos são todas as pessoas que estão esperando secretamente nosso convite, porque todos nossos eventos sempre serão abertos ao público”, disse Sissy.

Ela continuou com algumas observações sobre o movimento estudantil quando Peter interveio, assinalando a luta estudantil em Barcelona. “Nos anos precedentes a tudo isso, a maioria dos anarquistas tinha a atitude de que “a luta estudantil é reformista, e não vamos participar”. Daí não deram muito atenção para ela. Que interessante, pensar que uma luta em si é reformista! Penso que isso demonstra uma carência de imaginação. Objetivos e métodos podem ser reformistas, mas ignorar uma luta inteira, um setor inteiro da população, como reformista, não deu muito certo para eles”.

A presença anarquista dentro das movidas estudantis européias não foi uma dádiva, então, e muito menos uma cultura em particular é mais hospitaleira à militância do que a outra, ele explicou citando a história de expulsão de defensores anarquistas de uma ocupação na Universidade de Barcelona numa manifestação dirigida por partidos reformistas no começo do movimento.

“Muitas pessoas nos Estados Unidos talvez tenham uma propensão para pensar que “Ah, é muito fácil fazer o que eles fazem na Grécia porque eles já têm uma cultura de anti-autoritarianismo, têm uma cultura de apoio à violência contra a polícia”. Espanha, e Barcelona em particular, também tinham culturas políticas de luta. Mas então, dentro da cena estudantil, por muitos anos, os anarquistas não deram atenção a essa cultura, não trabalharam para renovar essas tradições, e durante todo esse tempo, os partidos políticos reformistas promoviam valores reformistas, assim como faziam os administradores escolares, e mesmo o governo, e a reestruturação econômica, e tudo isso. Então, em um período de uma década ou menos, pode-se ver uma mudança cultural muito distinta, de uma população que milita e luta a uma população pacifista. E a mesma coisa poderia se dizer dos Estados Unidos, que de uma maneira geral temos aqui uma política cultural de pacifismo, e quem sabe? Em uma década, isso possa desaparecer.

A disposição dos estudantes anarquistas de exercer uma política anarquista apesar da falta de popularidade de suas idéias acabou servindo para promover sua causa. “Ao mostrar que são completamente diferentes de todos os políticos entre o corpo estudantil, estão efetivamente aumentando sua influência. Porque, no cotidiano, os políticos e as pessoas que utilizam táticas reformistas vão ter todas as vantagens porque o sistema está caminhando contra nós, mas cada pessoa que sente esta injustiça e o tamanho mal que é privatizar a Universidade, cada pessoa que sente isso como uma forma de autoritarismo e como uma forma de exploração, até certo grau se identificará com os que não se comportam como políticos, ou com aquelas pessoas que contra atacam, com os que fazem o que deve ser feito para alcançar a liberdade”.

Uma pergunta pedia informação sobre a influência do pacifismo na Grécia. “Não temos pacifismo na Grécia!”, declarou Tasos.

A perspectiva grega sobre a violência é diferente, explicou Sissy. “Violência é quando os bancos roubam nossas vidas diárias com empréstimos estudantis ou qualquer outro tipo de empréstimo. Devemos ter isto claro em nossas mentes, o que é a violência e o que não é. A violência vem do Estado, e não das pessoas lutando contra toda esta injustiça”.

Também há um entendimento de que a questão da violência não tem a ver com moralidade mas sim com estratégia. “Não fazemos isso porque acreditamos na violência. Quando é o momento de mostrar o máximo poder? O movimento que sabe, não o código moral. Isto é moralismo. Não somos uma religião”.


Outra pergunta foi colocada em relação às perspectivas anarquistas sobre movimentos para defender bens comuns (como a educação pública ou proteção para trabalhadores) que, em essência, são auspiciados pelo Estado, particularmente no contexto da caracterização nos meios corporativos de que a mora de crédito do sistema econômico grego resulta da existência de uma rede generosa de proteção social.

“Os governadores roubaram o dinheiro, sabia?”, respondeu Tasos. “E também roubaram nossas vidas. Lutamos por nossas vidas. E também, é uma mentira acreditar que os serviços públicos ou a que a saúde pública gratuita agrava a economia, porque o que é a economia? Como que se conta? O que contamos é a medida de nossa felicidade. E não estamos nada contentes. Estamos raivosos, você sabe, mesmo tendo saúde pública gratuita e educação pública gratuita. Agora imaginem o quão enojada está a sociedade norte-americana! Digo, por dentro. Embora não compreenda ou não acredite que necessite de saúde pública gratuita para todos. Iremos colocar em vigor a educação pública gratuita para todos. Ninguém pode provar à sociedade o porquê de termos saúde gratuita e a economia ir mal”. Ele continuou: “O que é a economia? Eles contam seu próprio dinheiro. Não nos importamos com os números, não nos importamos com a “crise”. De qualquer forma, a Grécia está vivendo uma crise social há trinta anos. E agora eles vêm dizer isto sobre o Euro. Não nos importamos! Não lemos os jornais economistas, entende? Não queremos entender a maneira que eles pensam. Bem, entendemos a maneira como eles pensam, mas temos nossa própria mentalidade. Você entende? Nós construímos a nossa própria forma de enxergar a vida social”.

Concluiu: “Os anarquistas querem uma crise muito maior que a crise produzida pelo capitalismo atualmente. Mas que esta seja uma crise cheia de conscientização, e repleta de benefícios sociais, cheia de amor à vida social. Onde as pessoas irão cuidar umas das outras. Isto trará muito benefício para a sociedade, e é esta nossa visão. Como o movimento anarquista vai beneficiar a sociedade? A sociedade já não irá olhar para nós como terroristas, nem como inimigos, nem como gente problemática, porque não somos nada disso. Somos o povo que vai defender a sociedade com toda nossa potência. Esta é a visão para a crise econômica”.

por Rockero

Tradução > Marcelo Yokoi

agência de notícias anarquistas-ana




O NEGRO E O VERMELHO

se perdesse os seus direitos sobre a terra a partir do momento em que deixasse de a ocupar, o colono tornar-se-ia mais ávido! e a impossibilidade de exigir um lucro, de cobrar uma contribuição do trabalho de outrem seria fonte de querelas e processos! A lógica dos economistas é singular. Mas não chegámos ao fim. Admitamos que o proprietário é o senhor legítimo da terra.
«A terra é um instrumento de produção», dizem; isso é verdade. Mas, transformando o substantivo em qualificativo, quando dizem ao operar esta conversão: «A terra é um instrumento produtivo», cometem um erro tremendo.
Segundo Quesnay e os economistas antigos, toda a produção vem da terra; Smith, Ricardo, de Tracy, atribuem, pelo contrário, a produção ao trabalho. Say e a maior parte dos que se lhe seguiram ensinam: E a terra é produtiva; E o trabalho é produtivo; E os capitais são produtivos. É o eclectismo na economia política. A verdade é que NEM a terra é produtiva, NEM o trabalho é produtivo, NEM os capitais são produtivos; a produção resulta desses três elementos igualmente necessários mas igualmente estéreis, tomados separadamente.
Com efeito a economia política trata da produção, distribuição e consumo das riquezas ou dos valores; mas de que valores? dos valores produzidos pela indústria humana, quer dizer, das transformações que o homem realizou na matéria para a apropriar ao seu uso, e de maneira nenhuma das produções espontâneas da natureza. O trabalho do homem só consistiu numa simples apreensão da mão, não há valor produtivo para ele senão quando se deu a esse trabalho: até aí o sal do mar, a água das fontes, a erva dos campos, a lenha das florestas, são para ele como se não existissem. O mar, sem o pescador e as redes, não dá peixe; a floresta sem o lenhador e o seu machado não dá lenha para aquecimento nem para trabalhar; o prado sem o segador não dá feno nem erva. A natureza é como uma vasta matéria de exploração e produção; mas a natureza só produz para ela própria; no sentido económico, os seus produtos, em relação ao homem, não são ainda produtos.
Os capitais, os utensílios e as máquinas são paralelamente improdutivos. O martelo e a bigorna sem ferreiro nem ferro não forjam; o moinho não mói sem moleiro nem grão, etc.
Amontoem utensílios e matérias-primas; deitem uma charrua e sementes num solo fértil; montem uma foda, acendam o fogo, nada produzirão.
Esta observação foi feita por um economista em quem o bom senso ultrapassa a média dos seus colegas: «Say faz desempenhar aos capitais um papel activo que a sua natureza não comporta: são instrumentos inertes por si próprios.» (J. Droz, Economia política.)
Enfim, o trabalho e a má combinação dos capitais reunidos continuam a nada produzir. Trapalhem um deserto de areia, batam a água dos rios, passem pelo crivo caracteres de imprensa, tudo isso não vos dará nem trigo, nem peixes, nem livros. O vosso trabalho será tão improdutivo como o foi essa grande tarefa do Exército de Xerxes que, no dizer de Heródoto, fez bater o Hellespont com varas, pelos seus três milhões de soldados, durante vinte e quatro horas, para o punir de ter rompido e dispersado a ponte de barcos que o grande rei tinha mandado construir.
Os instrumentos e os capitais, a terra, o trabalho, separados e abstractamente considerados apenas são produtivos por metáfora. O proprietário que exige uma recompensa como paga do seu instrumento, da força produtiva da terra, supõe pois um facto radicalmente falso, a saber, que os capitais produzem por ai próprios alguma coisa; e fazendo-se pagar esse produto imaginário recebe, à letra, qualquer coisa por nada.
Objecção. Mas se o ferreiro, o carpinteiro, numa palavra, todo o industrial tem direito ao produto pelos instrumentos que fornece e se a terra é um instrumento de produção, porque não renderia esse instrumento ao seu proprietário, verdadeiro ou presumido, uma parte dos produtos como acontece com os fabricantes de charruas e de carros?
Resposta. Aqui reside o nó do enigma, o mistério da propriedade, que se torna essencial analisar com atenção, se queremos compreender qualquer coisa dos estranhos efeitos do direito do lucro.
O operário que fabrica ou repara os instrumentos do cultivador recebe o pagamento disso uma vez, quer seja no momento da entrega quer em vários pagamentos, e uma vez pago esse preço ao operário, os utensílios que entregou já não lhe pertencem. Nunca reclama salário duplo para um mesmo utensílio, uma mesma reparação: se todos os anos partilha com o rendeiro é porque todos os anos faz qualquer coisa ao rendeiro.