domingo, outubro 31, 2010

Pão para hoje, incerteza amanhã

A exploração e exportação de recursos primários ou bens comuns, está a permitir aos governos da região atravessar a crise global sem grandes cataclismos internos, a que podem acrescentar extensas políticas sociais. Fica por fazer um amplo debate sobre o modelo extractivo e as suas consequências a médio prazo.

O governo de Evo Morales conseguiu acumular, pela primeira vez na história da Bolívia, reservas internacionais que superam os 9.000 milhões de dólares, que no próximo ano superarão os 10.000 milhões. Nos últimos 15 anos, a Bolívia quase duplicou o rendimento per capita, passando de 896 dólares anuais para 1.683 dólares em 2009, ainda que esses números não contemplem a inflação. Ambos os aumentos devem-se ao impacto dos rendimentos que o país recebe pelas suas exportações.

Há doze anos, em 1998, as exportações mineiras e hidrocarboníferas representavam 47 por cento das exportações da Bolívia. Hoje representam 80 por cento, segundo um relatório recente difundido pelo CEDLA (Centro de Estudos para o Desenvolvimento Laboral e Agrário). Uma tendência não muito diferente da que se regista na maior parte dos países da região, onde a reprimarização da produção e as exportações vêm sendo a norma. Os altos preços das commodities alentam esta tendência que, no entanto, augura problemas para o futuro imediato.

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