sábado, novembro 27, 2010

França: uma população em estado de alerta

Desde a aprovação da lei do presidente Sarkozy relativa à alteração das reformas, a participação nas movimentações de protesto tornou-se menos importante. E, no entanto, há muito tempo que não se via em França uma mobilização de massas tão importante. Cada dia de manifestação reunia milhões de pessoas (até três milhões no auge dos protestos): as fábricas bloqueadas, as refinarias e postos de combustíveis fechados, o lixo não recolhido, as pontes e os pontos estratégicos das cidades cortados.
Os grevistas conseguiram, desde há alguns anos, utilizar técnicas eficazes, quase cirúrgicas, de intervenção, que – com muito poucos recursos – bloquearam o país muito rapidamente.

Contrariamente ao que se poderia esperar, o movimento foi apoiado de maneira quase unânime: os automobilistas, obrigados a esperar durante horas nas poucas bombas de gasolina abertas, mantiveram-se calmos, apoiando desta maneira implícita o movimento; igualmente, nenhuma cena de cólera foi vista entre os utentes dos transportes colectivos. Cada um participava à sua maneira, activamente ou apoiando o movimento.

Esta capacidade de mobilização que têm os sindicatos continua a ser uma verdadeira força em França. Mas o factor que o governo mais temeu foi a participação dos estudantes que, com a sua imprevisibilidade, pode transformar um movimento num bloqueio total. E, desta vez, os estudantes nem sequer desceram à rua em força.

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