terça-feira, abril 29, 2014

Austeridade de 30 mil milhões não chegou para cumprir meta do défice

Depois de anunciar quase 30.000 milhões de euros de austeridade, mais 12.000 milhões do que o inicialmente previsto, Portugal conseguiu baixar o seu défice público, mas ficou distante das metas definidas no início do programa da troika. E a dívida pública cresceu muito mais que o previsto.
Os números das contas públicas em Portugal nos últimos três anos contam a história de uma tentativa de baixar os valores do défice a todo o custo. Mas em que os efeitos dessa mesma política na evolução da economia acabaram por inviabilizar o cumprimento dos objectivos iniciais. Sucessivos pacotes de austeridade, apresentados para compensar os resultados pouco eficazes de medidas anteriores, acabaram por resultar numa redução do défice público de 9,1% do PIB em 2010 para 4,9% em 2013. A redução é mais pequena, de 8,7% para 5,3% se não se consideraram as medidas extraordinárias e não repetíveis. Em qualquer dos casos, o objectivo inicial de chegar a 2013 já com um défice de 3% e a 2014 com 2,3% ficou longe de ser atingido.
Na dívida pública, o objectivo era não deixar que se ultrapassasse um pico de 115,3% do PIB em 2013, mas a verdade é que se chegou no final do ano passado aos 128,8%.
Ao início, contudo, os planos orçamentais eram apresentados como sendo bastante lógicos e simples, baseando-se na suposta experiência dos membros da troika – especialmente o FMI - de esforços de consolidação executados noutros países. “As nossas metas orçamentais são ambiciosas, mas realistas”, afirmava o relatório inicial do programa de assistência financeira para Portugal publicado pelo Fundo Monetário Internacional a 17 de Maio de 2011.