quinta-feira, abril 30, 2015

Porque é que deve a Grécia?

Para responder a esta questão central foi criada a Comissão de Auditoria à Dívida Pública Grega. A ação do Parlamento Grego contou no lançamento com o Presidente da República e o Primeiro-Ministro Tsipras.
A presença destes membros dá o devido peso a uma iniciativa inédita em toda a União Europeia. Esta semana entrevistei para a Antena 1 a brasileira Maria Lucia Fattorelli (a partir dos 27m10), que integra a comissão. Fattorelli garante que a análise detalhada do endividamento helénico pode levar à revisão do pagamento da dívida, caso sejam detetados problemas.
A auditoria pode iluminar algumas contas obscuras, nomeadamente as grandes derrapagens nas contas dos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 (Counterpunch ouReuters), os maiores gastos militares em toda a Europa em % do PIB (excelente relatório do TNI), os swaps do Goldman Sachs (explicados pela BBC) ou as luvas da alemã Siemens (nas palavras do alemão Deutsche Welle).
Obviamente que estes casos representam apenas parte da dívida. No entanto, simbolizam as anomalias políticas e económicas na base da catástrofe grega (nós também temos os estádios e submarinos, entre outros casos). Fica a pergunta: será que os cidadãos devem pagar estas contas? Esta ferramenta pode, por isso mesmo, ser preciosa para o Executivo grego, numa altura em que toda a ajuda lhe será bem-vinda.
O primeiro relatório da comissão chega em Junho… resta saber se o Governo grego aguenta mais dois meses sem financiamento (o Zé detalha aqui na ‘casa’ o calendário financeiro do país).
Nota final: É a primeira vez que um Governo Europeu lança uma iniciativa deste género, apesar de ser obrigatório para todos sob resgate, segundo uma diretiva do Parlamento Europeu e o Conselho da UE (ver nº9 do artº7). Em Portugal esta tarefa hercúlea tem ficado a cargo dos ativistas da IAC.